Franco diz que política internacional não é sua prioridade e que não irá à cúpula do Mercosul
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (26), o presidente do Paraguai, Federico Franco, afirmou que a política internacional e a relação com países vizinhos não é sua prioridade agora. Ele também confirmou que não irá participar da cúpula do Mercosul, que começa amanhã em Mendoza, na Argentina. “Primeiro vamos arrumar a casa. Se dissesse que a […]
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Em entrevista coletiva nesta terça-feira (26), o presidente do Paraguai, Federico Franco, afirmou que a política internacional e a relação com países vizinhos não é sua prioridade agora. Ele também confirmou que não irá participar da cúpula do Mercosul, que começa amanhã em Mendoza, na Argentina.
“Primeiro vamos arrumar a casa. Se dissesse que a minha prioridade é a política internacional, estaria mentindo”, declarou Franco, no palácio presidencial, em Assunção. “Antes, tenho que terminar de formar o gabinete e deixar a situação acalmar para depois entrar nas questões de política internacional.”
Na conversa que durou 15 minutos, o liberal ressaltou que seu foco é “manter o país equilibrado” e preparar as próximas eleições presidenciais, marcadas para abril de 2013. Ele acrescentou que os prazos eleitorais serão respeitados, ou seja, o pleito não será nem antecipado nem postergado.
“Feito isto, vamos demonstrar à comunidade internacional com ações, e não com palavras, que somos um governo democrático e legal.”
O presidente confirmou que não irá à cúpula do Mercosul e desdenhou da presença de Fernando Lugo, ex-mandatário deposto que irá à cúpula para expor sua situação. “Ele não pode participar, não tem autoridade”, disse Franco.
Questionado sobre a rapidez do processo de deposição de Lugo, votado no último dia 22, o liberal voltou a defender que o procedimento foi constitucional. “Foi uma decisão do Congresso. A rapidez se explica porque não é um julgamento convencional. Foi um procedimento absolutamente constitucional.”
Franco anunciou ainda que irá amanhã ao Congresso apresentar o planejamento econômico de seu governo. Segundo ele, nos 14 meses em que irá comandar o país, pretende aprovar no Congresso questões importantes, como créditos pela energia gerada ao Brasil no valor de R$ 320 milhões.
Ainda sobre a relação com o Brasil, Franco disse acreditar que não haverá sanções econômicas ou comerciais. “Com o Brasil temos [a usina hidrelétrica de] Itaipu. Grande parte da energia de São Paulo vem de Itaipu. Temos também os brasiguaios, que são 450 mil pessoas, e que estão ao meu lado de forma unânime”.
Antes de conceder a entrevista coletiva, Franco havia se reunido na sede do governo com um grupo de dez representantes dos brasiguaios — produtores rurais e agricultores brasileiros que possuem terras no país vizinho. No fim de semana, os brasiguaios haviam pedido à presidente Dilma Rousseff para reconhecer o novo presidente paraguaio.
Os brasiguaios são responsáveis pela maior parte da produção agrícola do Paraguai e por praticamente todo o plantio de soja. As restrições a eles, ocorridas nos últimos anos, gerou violência e disputa de forças.
O novo ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, afirmou que a questão dos brasiguaios está entre as prioridades do novo governo. Segundo o chanceler, o esforço é para manter o melhor relacionamento possível com o Brasil em busca de solução para o impasse envolvendo os produtores.
O grupo relata que sofreu perseguição nos últimos anos e ficou impedido de trabalhar. A maioria vive nas áreas de fronteira do Brasil com o Paraguai e se queixa da falta de apoio das autoridades paraguaias.
Há entre os brasiguaios grandes, médios e pequenos produtores rurais. Todos reclamam das tensões no campo. Eles contam que são ameaçados por carperos (sem-terra paraguaios) e sofrem discriminação por não serem considerados paraguaios.
O Mercosul suspendeu ontem o Paraguai do bloco provisoriamente, sob o argumento de que o país desrespeitou a democracia ao aprovar, sem conceder o tempo necessário para defesa, o impeachment do então presidente Fernando Lugo, no último dia 22.
Apesar da suspensão do Paraguai, Lugo participará da cúpula do Mercosul, a ser realizada amanhã (27) em Mendoza, na Argentina. Ontem (25), o ex-bispo declarou que não reconhece a autoridade política de Franco e anunciou a criação de um gabinete paralelo para “monitorar” o novo governo.
“Federico Franco — não o chamo de presidente — não tem autoridade para convocar o presidente Lugo para ser o mediador dos conflitos internacionais”, afirmou Lugo, referindo-se às declarações de Franco, que disse que o procuraria para tentar resolver os problemas diplomáticos pós-destituição.
Segundo analistas, a validade desse gabinete é apenas simbólica. O novo chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, rebateu que a iniciativa de Lugo é uma “piada” e que, se ele levar adiante sua decisão, poderá responder judicialmente.
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