Fibria lança plano para garantir liderança

Maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto e dona de um dos menores custos de produção dessa matéria-prima no planeta, a Fibria – companhia controlada pelo grupo Votorantim e pelo BNDES – colocou em marcha planos agressivos com impacto de curto, médio e longo prazos, cujo objetivo é garantir essa posição de liderança. No […]

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Maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto e dona de um dos menores custos de produção dessa matéria-prima no planeta, a Fibria – companhia controlada pelo grupo Votorantim e pelo BNDES – colocou em marcha planos agressivos com impacto de curto, médio e longo prazos, cujo objetivo é garantir essa posição de liderança.

No front financeiro, a companhia já deu início a uma bilionária oferta de ações e à venda de ativos florestais, operações que devem injetar cerca de R$ 1,5 bilhão no caixa da empresa e corrigir seu nível de alavacangem. Estrategicamente, a empresa traçou um plano de metas até 2025, o qual visa obter resultados econômicos, ambientais e sociais e norteará as decisões da direção ao longo de 14 anos, período correspondente a exatos dois ciclos do eucalipto, sua principal matéria-prima.

Plano

Para se ter uma ideia da dimensão do plano, já aprovado pelo conselho de administração e apresentado junto ao relatório de sustentabilidade de 2011, uma das metas assumidas estabelece a ampliação da produtividade das atuais 10 toneladas de celulose (produzida) por hectare por ano para 15 toneladas da fibra por hectare ao ano em meados da próxima década. Hoje, a produtividade da companhia já é superior à média nacional, que está abaixo das 10 toneladas de celulose por hectare.

Na prática, isso reduziria em um terço a quantidade de terras necessárias para produzir o mesmo volume de matéria-prima. Assim, para manter a produção nos níveis atuais, a companhia poderia abrir mão, hipoteticamente, de cerca de 200 mil dos mais de 600 mil hectares de florestas plantadas que hoje abastecem suas fábricas. Ou, se houver de fato expansão – a companhia se prepara para tomar a decisão sobre uma nova linha de produção de celulose em Três Lagoas (MS) e tem planos também para a Veracel, uma joint venture formada com a finlandesa Stora Enso na Bahia -, haveria necessidade de menos terras.

De acordo com o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, o novo paradigma em termos de produtividade – que depende tanto de melhorias na área florestal quando na industrial – não considera uma eventual aprovação do plantio de florestas geneticamente modificadas no país. “Essa meta leva em conta a tecnologia atual, de melhoramento genético tradicional”, explica. A Fibria, atualmente, mantém dois centros tecnológicos, em Jacareí (SP) e Aracruz (ES), e conta com cerca de 200 profissionais dedicados a pesquisa e desenvolvimento.

A melhoria de produtividade não vai depender somente de investimentos adicionais. “Seremos mais eficientes do ponto de vista fundiário, teremos um custo de produção e de formação de florestas menor e liberaremos terras para outros usos, mantendo o ritmo atual de investimentos, porém com mais foco”, ressalta Castelli.

Área florestal

A companhia pretende ainda, conforme o plano de longo prazo, duplicar a absorção de carbono da atmosfera, de 5,5 milhões de toneladas no ano passado para 11,1 milhões de toneladas em 2025, e restaurar 40 mil hectares de florestas no intervalo, de acordo com o conjunto de metas que se refere à área florestal. Por meio da restauração de áreas degradadas e do plantio de espécies nativas, tais objetivos poderão ser atingidos, garante a Fibria.

Outras três grandes metas previstas no plano são reduzir em 91% a quantidade de resíduos sólidos que hoje são destinados a aterros, alcançar 80% de aprovação nas comunidades vizinhas – ante 50% no ano passado – e elevar de 5% para 70% o total de projetos de geração de renda apoiados pela companhia, os quais são autossustentáveis. “De um conjunto de seis metas, duas são sociais. Isso reforça a importância do tema para a companhia”, afirma o gerente-geral de sustentabilidade da companhia, Carlos Alberto de Oliveira Roxo.

Os executivos da Fibria admitem que os desafios serão grandes, especialmente no campo social. Hoje, a fabricante de celulose está presente em 252 municípios, com os mais diversos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). “Ter 100% de aprovação não é meta, porque não é possível resolver as questões que são ideológicas”, explica o presidente. “Mas queremos, ao menos, manter o diálogo”, acrescenta.

Os estudos que resultaram nas seis “macrometas” da Fibria até 2025 tomaram seis meses de trabalho e envolveram 40 profissionais de 12 diferentes áreas da companhia, sob a coordenação da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos). Castelli informa que a empresa – constituída em 2009 com a fusão da Votorantim Celulose e Papel (VCP) e da Aracruz – já tem maturidade suficiente para assumir metas dessa magnitude. “Estou convicto de que vamos caminhar nesse sentido (de cumprimentos das metas)”, reitera o executivo.

Ao mesmo tempo em que coloca em prática a estratégia traçada até 2025, a companhia também trabalha para, no curtíssimo prazo, reduzir o grau de endividamento e alavancagem. Ao fim de 2011, a relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estava em 4,8 vezes, frente a 3,6 vezes um ano antes. A oferta de 86 milhões novas ações ordinárias, em operação que pode levantar R$ 1,25 bilhão, e a venda de determinados ativos florestais para o FIP Florestas do Brasil, por R$ 235 milhões, contribuirão para esse objetivo.

Conforme o prospecto da operação em bolsa, 50% dos recursos líquidos serão aplicados para reforço do caixa e a outra metade será usada na amortização total ou parcial de compromissos financeiros. “A oferta não está relacionada aos planos de expansão”, ressalta Castelli.

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