Felicidade e tristeza dividem cenário no Dom Antônio Barbosa

Nesta terça-feira foram entregues aos devidos donos os mandados de reintegração de posse

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Nesta terça-feira foram entregues aos devidos donos os mandados de reintegração de posse

Após o despejo de algumas famílias ocorrido na última sexta-feira (20), no conjunto habitacional José Teruel Filho, localizado próximo ao Lixão de Campo Grande, na manhã desta terça-feira (24) foram entregues aos devidos donos os mandados de reintegração de posse ingressados pela Emha (Empresa Municipal de Habitação) na Vara de Fazenda Pública.

A rua 13, no bairro Dom Antônio Barbosa, ficou dividida em dois cenários. De um lado, a alegria de arrumar os móveis dentro da casa nova, do outro, a tristeza de famílias que juntaram o pouco que têm e deixaram o lote para tomarem um rumo incerto.

Desde às 8h com caminhões transportando móveis que vinham e que iam, as mudanças terminaram no início da tarde de hoje. Ao descarregar o último pertence da carroceria do veículo, que foi emprestado pelo patrão, a diarista Regina Meireles de Paula, 37 anos, não sabia se chorava de emoção, por adentrar à casa que esperou 11 anos para ocupar, ou de compaixão, por ver outras pessoas tendo que sair sem ter para aonde ir.

“Estou muito feliz por estar aqui, é uma emoção muito grande saber que não terei mais que pagar aluguel. Mas fico triste em ver famílias nesta situação, com filhos pequenos, sem ter onde morar”, confessa Regina.

Móveis e brinquedos dos antigos moradores ainda podem ser vistos jogados no quintal da casa da diarista. “Ficaram ai, não sei se os donos ainda vêm buscar”, diz Regina, enquanto observa os filhos brincarem no meio da mudança ainda bagunçada e espelhada pela casa.

Do outro lado da rua

Ao atravessar a rua, bem em frente à casa de Regina, amigos e parentes tentam amparar Valéria Otávio dos Santos Pereira, 25 anos, que está sentada na calçada da casa onde morava, com o filho de 7 anos no colo. Ela, o marido e os quatro filhos foram despejados por ocuparem uma residência que não lhes pertenciam.

Em novembro de 2011, o Midiamax esteve no conjunto habitacional José Teruel Filho e conversou com Valéria, que na época recebeu uma notificação para desocupar a casa. Porém, ela alega que não tem para aonde ir com a família.

O marido, Lael Rodrigues Camargo, 30 anos, é catador no lixão e como um dos filhos do casal é portador de paralisia infantil, ela diz não ter como trabalhar. Desta forma, Valéria diz que a renda da família é insuficiente para manter as despesas de sustento e ainda pagar um aluguel para terem onde morar.

Os móveis deles estão na varanda da casa de uma amiga e a família deve peregrinar para não terem que se alojar ao relento. “Tem que dar um jeito, né!? Mas não sei por onde começar, a gente não tem para aonde ir”, confessa Valéria, enxugando as lágrimas de desespero.

Os mandados foram entregues por um oficial da Justiça e tanto os despejos, quanto as reintegrações de posso foram acompanhados por uma equipe de 20 homens do Cigcoe e Tático do 10º e 9° batalhão da Polícia Militar.

Consequência das invasões

O diretor-presidente da Emha, Paulo Matos, explica que as casas do conjunto habitacional José Teruel Filho foram todas entregues em agosto de 2011. Porém, os contemplados comercializaram os imóveis. Com isso, a Emha teve que regularizar novamente a situação das casas, com o mandado de reintegração de posse.

O programa para retirar as famílias de barracões começou com 84 cadastros e chegou a 362. No entanto, os loteamentos não foram ocupados da forma correta. “Não podemos permitir que essas casas se transformem em ativo imobiliário”, diz Paulo.

Agora, famílias que já tinham cadastros na Emha foram contempladas com o benefício de ter a casa própria. Paulo explica ainda que as pessoas que comercializam os imóveis, perdem o direito de serem beneficiadas novamente com o programa. “Perde quem vende e quem compra”.  Segundo o diretor-presidente, o órgão municipal tem mais 25 casas em processo de averiguação, com denuncia de comercialização.

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