“É a primeira vez que entro no carro, tudo me lembra o menino”, diz avô de atropelado

Keverson Fernandes, seis anos, foi morto após ter parte do corpo esmagado em um acidente no Bairro Taquarussú. Quatro pessoas já foram mortas este ano, atropeladas enquanto circulavam de bicicleta na rua

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Keverson Fernandes, seis anos, foi morto após ter parte do corpo esmagado em um acidente no Bairro Taquarussú. Quatro pessoas já foram mortas este ano, atropeladas enquanto circulavam de bicicleta na rua

Uma semana após o atropelamento e morte de Keverson Fernandes, seis anos, a família segue em busca dos seus direitos. De acordo com o avô da vítima, João Domingo Urugana, 67 anos, ele e os irmãos do menino estiveram na manhã de ontem, na Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito), para receber o seguro do trânsito DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), por conta do acidente.

“É a primeira vez que entro na Kombi para sair com a minha família. Tudo me lembra o menino neste carro, que sempre estava comigo e queria me ajudar. Ele entrava aqui e dizia que queria ser piloto ou bombeiro, para salvar as outras pessoas. Até agora não me conformo com o que aconteceu”, disse o avô muito emocionado.

De acordo com o avô de Keverson, ele não queria mais trabalhar após o acidente do menino, mas as condições financeiras da família o impedem de ficar parado. “Na minha casa nós somos em 18 pessoas, entre avós, pais e netos. Alguns dos meus filhos são solteiros e ainda não têm consciência de que precisam trabalhar para ajudar em casa, então eu e minha mulher catamos papelão para levar de R$ 250 a R$ 270 por mês, para comprar comida e pagar as contas”, afirma João.

Além de catar papelão, o avô de Keverson possui a aposentadoria desde 2009. Ele conta que os irmãos de Keverson continuarão estudando e que a tristeza ainda impede as crianças de saírem de casa. “Eles lembram muito do que aconteceu com o irmão e brincam em casa mesmo ou dentro da Kombi”, conta João.

Sem saber do destino que levaria a morte do neto, João conta que algo parecido quase tirou a sua vida em 1988. “Eu fui atropelado da mesma maneira que o Keverson, em um cruzamento, só que por um carro e não de caminhão como ele. Na época, fiquei entre a vida e a morte e foi uma indenização que me fez comprar esta Kombi, que meu neto esteve muito tempo e hoje é meu instrumento de trabalho”, finaliza João.

Acidente

Keverson Fernandes, seis anos, morreu atropelado no início da tarde de quarta-feira (11) na esquina das Ruas Diadema com a Abolição, bairro Taquarussu, em Campo Grande. Segundo testemunhas, o menino seguia de bicicleta pela Rua da Abolição quando uma carreta carregada de bebidas o atropelou. O motorista fazia a conversão quando passou por cima do menino.

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