Delegado de MT com ‘máquina de choque’ no gabinete é afastado

Um delegado da Polícia Civil de Mato Grosso foi afastado do cargo pela Justiça por suspeita de tortura e tentativa de homicídio. Mesmo afastado, ele vai continuar recebendo salário. O delegado Marcos Sampaio Alves Ferreira, de Jaciara (140 km de Cuiabá), também foi proibido pela Justiça de andar armado e deve entregar sua arma. De […]

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Um delegado da Polícia Civil de Mato Grosso foi afastado do cargo pela Justiça por suspeita de tortura e tentativa de homicídio. Mesmo afastado, ele vai continuar recebendo salário.

O delegado Marcos Sampaio Alves Ferreira, de Jaciara (140 km de Cuiabá), também foi proibido pela Justiça de andar armado e deve entregar sua arma.

De acordo com o Ministério Público, na sala do delegado foi encontrada uma “máquina de choque”, cujo uso em sessões de tortura havia sido denunciado por presos.

Ainda segundo o Ministério Público, dois agentes penitenciários, que não integram a Polícia Civil, atuavam juntamente com Ferreira, fazendo diligências e agredindo presos. Eles também são investigados por tortura e usurpação de função pública.

Segundo a Promotoria, Valdeir Zeliz dos Santos e Fábio Domingos, conhecidos como “Zero um” e “Zero dois”, agiam como “capangas” do delegado. Eles tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, mas estão foragidos. A reportagem não localizou seus advogados.

O promotor Reinaldo Vessani Filho, de Jaciara, instaurou um procedimento investigatório criminal contra o delegado após a imprensa local relatar, em setembro de 2011, a participação dele e dos dois agentes na morte de um preso que havia fugido da cadeia pública.

Em depoimento à Promotoria, um preso relatou que foi agredido com tapas e pauladas pelos dois agentes e depois levado até a margem de um rio, onde colocaram um saco plástico na sua cabeça. Ele disse ter sido pressionado pelo delegado a falar sobre roubos de moto na cidade.

Em um outro relato, um homem disse que foi levado à delegacia, onde levou murros e pontapés dos dois agentes. Segundo ela, um dos agentes apontava a arma para sua cabeça para que desse informações sobre traficantes. Ele teve rompimento do baço devido às agressões.

O Ministério Público pediu a prisão preventiva do delegado, mas a Justiça não atendeu. A Promotoria disse que já recorreu ao Tribunal de Justiça.

Antes de ser ouvido pelo Ministério Público, o delegado entrou com pedido de licença médica, no início de março. A licença de Alves Ferreira termina amanhã. A reportagem não conseguiu localizá-lo.

Segundo a Corregedoria da Polícia Civil, o delegado foi comunicado da decisão da Justiça por meio de um ofício. Em resposta, ele disse que se apresentará na segunda-feira (19) à juíza de Jaciara, Joanice Oliveira da Silva Gonçalves, que determinou seu afastamento.

A Corregedoria abriu um procedimento administrativo disciplinar para apurar as denúncias.

 

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