Debate sobre corte de ponto de servidores gera bate-boca entre rivais

Denúncia sobre suposta retaliação a funcionários que protestaram por reajuste superior foi afastada por governistas, mas discussão assumiu tom político com troca de farpas entre parlamentares

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Denúncia sobre suposta retaliação a funcionários que protestaram por reajuste superior foi afastada por governistas, mas discussão assumiu tom político com troca de farpas entre parlamentares

Diante do compromisso do Governo do Estado de não cortar o ponto dos administrativos em educação que acamparam, na semana passada, na Assembleia Legislativa em protesto a reajuste salarial, o deputado estadual Pedro Kemp (PT) subiu, nesta quinta-feira (17), à tribuna para denunciar suposta ação do Executivo para detectar os faltosos e descontar a ausência dos salários. A retaliação foi rapidamente negada pela base governista e o debate assumiu tom político com trocas de acusações entre petistas e peemedebistas.

Segundo Kemp, representantes de uma escola do interior e de duas da Capital o procuraram para relatar a presença do governo nos institutos de ensino para listar quem aderiu ao movimento, comandado pela Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação). “Esses servidores já ganham uma miséria e não é justo cortar quatro ou cinco dias do ponto”, comentou Kemp, destacando, inclusive, o direito constitucional de livre manifestação do cidadão.

Para ele, a suposta retaliação assume tons ainda piores após compromisso público do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Jerson Domingos (PMDB), de que o governo não descontaria do salário a ausência para participar do ato. “Espero que essas faltas sejam abonadas, caso contrário, da próxima vez, vou com os servidores na frente da Governadoria bater panela, pois cabe ao Executivo dar reajuste e não à Assembleia”, disse Kemp.

A denúncia levou seu colega de partido, deputado Cabo Almi, ao microfone de aparte. “Não acredito que o governador (André Puccinelli) tenha coragem de fazer isso. É falta de respeito com a Assembleia e com os servidores”, declarou. Em seguida, o petista alfinetou os adversários políticos, provocando a ira do líder do PMDB na Casa de Leis, deputado Eduardo Rocha. “Mas o povo vai dar a resposta nas urnas, enxotando o PMDB do poder”, completou Cabo Almi, irritando o governista.

Assim que encerrou o tempo de Kemp na tribuna, Rocha correu para defender seu partido. Pelo menos ele começou o discurso anunciando o mais importante. “O líder do governo, deputado Junior Mochi (PMDB), me reiterou o compromisso do governador de não descontar as faltas”, anunciou. Em seguida, ele atacou os petistas, primeiro rechaçando a crítica de Almi, depois destacando as ações de Puccinelli.

“Quem vai continuar enxotado será o PT porque ninguém investiu tanto em educação quanto o governador André Puccinelli, reformando escolas e distribuindo notebooks”. Almi reagiu e disse que quem “preparou o terreno” foi o ex-governador Zeca do PT. “O André pegou o governo com as escolas arrumadas”, rebateu.

Saudades do PT

A discussão chegou a ser interrompida por Kemp. “Temos que separar a política do debate”, sugeriu, sem sucesso. Eduardo Rocha seguiu criticando os petistas. “O Zeca entregou o governo com duas folhas atrasadas”, lembrou.

Almi, por sua vez, disse que até o PMDB está com “saudades” da administração do PT. “Tanto que até o governador quer entregar o governo de volta ao PT, em 2014”, declarou, destacando falas de Puccinelli sobre a possibilidade de apoiar o senador Delcídio do Amaral (PT) na sucessão estadual.

Fim da era PT x PMDB

Diante da troca de farpas dos rivais, o deputado Alcides Bernal (PP) defendeu o fim da polarização de PT e PMDB em Mato Grosso do Sul. “Temos que parar de dividir o polo de PT de um lado e PMDB de outro”, disse, propondo renovação. Ele, no entanto, aderiu ao discurso de oposição. “Se o governo do André estivesse tão bem assim protestos não estariam ocorrendo”, destacou. “Ele poderia fazer muito mais diante do sentimento de tristeza de gente que ganha menos de um salário mínimo”, emendou.

Eduardo Rocha não gostou do comentário e retrucou Bernal. “Nem o apoio do partido dele ele tem”, disse, referindo-se ao fato de o único vereador pelo PP, Lídio Lopes, não apoiar a pré-candidatura de Bernal a prefeito de Campo Grande.

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