Cúpula do Democratas dá como certa expulsão de Demóstenes Torres

O processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ainda nem começou e o presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), já dá a saída dele como certa. Para Agripino, Demóstenes foi “uma decepção” e “dificilmente o partido não tomará essa posição” de expulsá-lo. “O incômodo partidário está posto. A Casa, o Senado, está […]

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O processo de expulsão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ainda nem começou e o presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), já dá a saída dele como certa. Para Agripino, Demóstenes foi “uma decepção” e “dificilmente o partido não tomará essa posição” de expulsá-lo.

“O incômodo partidário está posto. A Casa, o Senado, está em xeque. A classe política, como um todo, também está. Mas quem mais está em xeque é a formulação programática do partido. É a conduta partidária do Democratas, que não convive com a perda do padrão ético”, declarou o presidente do DEM após reunião com a cúpula do partido em sua casa, em Brasília.

Na opinião de Agripino Maia, Demóstenes Torres reiteradamente se desviou da conduta partidária quando se relacionou intimamente com o controlador do jogo do bicho no estado de Goiás, Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal flagraram o senador e o bicheiro em conversas nas quais tratam de dinheiro, de informações privilegiadas e do destino de projetos de lei que interessavam a Cachoeira. Além disso, o próprio senador admitiu que recebeu como presente de casamento de Carlinhos Cachoeira eletrodoméstico no valor de R$ 30 mil.

Participaram do encontro na casa de Agripino Maia, o líder do DEM na Câmara, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) e o vice-governador de Goiás, José Eliton. Demóstenes não participou da reunião e não se manifestou sobre a abertura do processo de expulsão. Ele terá uma semana para se defender antes que o Democratas anuncie a decisão final. Na opinião do líder ACM Neto, Demóstenes já poderia ter apresentado sua defesa e não o fez.

“Eu acho que já passou da hora do senador se manifestar. Esse é um desejo do Democratas, ainda partido dele [Demóstenes Torres]. E também do Congresso Nacional e da sociedade brasileira. Mas o prazo do partido expirou”, declarou. Para ACM Neto, a possibilidade de permanência do senador no DEM “é muito difícil”.

A cúpula do Democratas, no entanto, não pretende recorrer à Justiça Eleitoral para requerer o mandato de Demóstenes Torres no caso de ele vir a ter o mandato cassado. Segundo Agripino Maia, o partido não pode acusá-lo de infidelidade partidária e deixará que os pares de Torres no Senado se posicionem sobre o assunto. “Por infidelidade partidária nós não temos amparo. Agora, o mandato dele está nas mãos do Conselho de Ética [do Senado]”, declarou o presidente do DEM.

Demóstenes Torres está respondendo a inquérito no Supremo Tribunal Federal baseado nas gravações feitas pela Polícia Federal que resultaram na Operação Monte Carlo. O ministro Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de sigilo bancário do senador e solicitou um levantamento sobre as emendas parlamentares e os projetos relatados por ele para investigar se Cachoeira foi beneficiado. O bicheiro, que está preso, é acusado de controlar a máfia dos caça-níqueis e outros jogos de azar em Goiás e de corromper policiais e políticos do estado. Além de Demóstenes Torres, os deputados Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Leréia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) também tiveram conversas telefônicas com Cachoeira grampeadas pela PF. Nercessian pediu hoje afastamento temporário do seu partido.

 

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