Após assassinato, população critica falta de estrutura da PM em distrito de Nova Andradina

Minutos depois de o professor Delmiro Salvione Bonin, de 55 anos, ser atingido por um disparo de arma de fogo, populares acionaram a Polícia Militar de Nova Casa Verde para deter o estudante de 16 anos acusado de ter efetuado os tiros. O posto policial fica localizado ao lado da unidade de ensino em que ocorreu o crime.
 
Contudo, a única viatura da guarnição, uma veraneio 93, não pode ser utilizada na ocorrência devido a um problema na ponta do eixo do automóvel que está sem uma das rodas e sendo sustentada por um toco de madeira. O veículo é o responsável pelas rondas no local onde residem aproximadamente cinco mil pessoas, se somado à população do Assentamento Teijim.
 
Na tentativa de deter o adolescente, policias iniciaram as diligências pelo distrito a pé. Até mesmo um táxi teria sido utilizado pelos militares. Apesar das buscas e do apoio de soldados de Nova Andradina, o jovem ainda não foi encontrado. Atualmente, a segurança do distrito é feita por seis policiais divididos em uma escala de dois por período.

Precisamos da colaboração da população […] A família estaria disposta a colaborar se souber do seu paradeiro”
— Sargento Vidal, comandante da Polícia Militar de Casa Verde

O Nova News manteve contato com o comando da Policia Militar do Distrito de Nova Casa Verde, porém o responsável não quis gravar entrevista. O comandante, sargento Vidal, apenas respondeu alguns questionamentos referentes à investigação. Já, com relação à estrutura disponível para a realização dos trabalhos e sobre o episódio da viatura quebrada, ele disse não ter autonomia para comentar sobre o assunto.
 
Com auxílio de duas viaturas de Nova Andradina, mais de dez policiais trabalham na ocorrência. O responsável do 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM), coronel Flavio Katumi, comandou as equipes no distrito até as primeiras horas desta sexta-feira, mas sem sucesso.
 
No momento em que aconteceu o assassinato, o pai de um dos adolescentes suspeitos de dar suporte ao autor, estava no posto policial, porém não tinha conhecimento do envolvimento do filho. Ele teria sido chamado ao local justamente pelo comportamento negativo apresentado pelo garoto nos últimos dias.
 
Segundo sargento Vidal, a Polícia Militar reunirá a comunidade neste sábado (30) para discutir a situação do distrito. “Precisamos da colaboração da população. O jovem, que teria 16 anos, é conhecido da policia e a família estaria disposta a colaborar se souber do seu paradeiro”, relatou o sargento.

Investigação
 

O delegado André Novelli, que comanda as investigações, disse que tudo indica que o estudante tinha o firme propósito de cometer o crime, bastando apenas a manifestação de alguém. “O menor passou o dia inteiro tentando chamar a atenção, mas foi ignorado. Até agora nenhuma motivação foi constatada”, comentou o delegado, que classificou o caso como um absurdo.
 
O resultado da perícia concluiu que três disparos atingiram o diretor, sendo que um projétil perfurou o pulmão, o que foi apontado como a principal causa da morte. Um quarto disparo teria acertado o pilar da escola, onde provavelmente o diretor tentou se esconder.

Em relação às diligências, Novelli lamentou que pouco foi acrescentado até agora. Ele disse que o que importa no momento é a prisão do autor. “Já temos solicitação de internação emitida pela Justiça local, isso quer dizer que, mesmo que ele seja preso fora do flagrante, vai ficar sob custódia do Estado, provavelmente na Unei de Dourados”, explicou.

Quanto ao histórico do aluno, o delegado argumentou que “a tentativa de homicídio que ele praticou ao esfaquear um colega, aliada ao fato de o pai dele ser foragido da Justiça e uma irmã estar presa por homicídio, é difícil acreditar em recuperação, mas todo esforço está sendo feito para localizar o menor infrator e deixá-lo à disposição da Justiça”.

Medo
 
Alunos também confirmaram que no dia do crime o estudante entrava e saía da sala de aula várias vezes, demonstrando inquietação. Assustadas, as crianças contaram que nos últimos dias o jovem estaria sendo ignorado pelos colegas. “Ninguém ligava pra ele, todos tinham medo, por isso ele fazia o que queria e ninguém falava nada”, disse um aluno.
 
Eles ainda disseram que algumas crianças relataram o fato de o estudante frequentar a escola armado, porém esta informação não foi confirmada, por ser baseada apenas em comentários que circularam dentro da comunidade escolar. Professores relataram que a escola teria recebido uma denúncia anônima, via telefone, alertando que o jovem andava armado pelo Distrito de Nova Casa Verde.
 
O receio de alunos e professores com relação ao comportamento do estudante se concretizou na tarde desta quinta-feira (28), quando ele assassinou o diretor da escola, Delmiro Salvione Bonin, que foi atingido por três disparos de um revólver calibre 22.