População que mora fora das linhas de ônibus adia sonho do asfalto no Guanandy

Obras de asfaltamento já começaram e, enquanto uns comemoram, moradores temem que água das chuvas forme enxurradas mais fortes após impermeabilização nas linhas de ônibus.

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Obras de asfaltamento já começaram e, enquanto uns comemoram, moradores temem que água das chuvas forme enxurradas mais fortes após impermeabilização nas linhas de ônibus.

Com o lançamento das obras de asfaltamento nas linhas do transporte coletivo do bairro Guanandy II, de Campo Grande, quem mora fora das ruas beneficiadas reclama. A região é uma das mais populosas da capital e os moradores aguardam pelo asfalto há mais de dez anos.

“Eu e os vizinhos estamos indignados, porque no início do ano quebraram nossas calçadas e deixaram nossos muros rachando por causa da instalação dos canos da drenagem de água. Agora a gente ficou sabendo que a rua não vai ser pavimentada”, reclama a auxiliar financeira Márcia Lopes, moradora da Rua Altamira há três anos.

Outra preocupação é com os efeitos do asfaltamento parcial nas épocas de chuva. “Isso é ridículo. A água vai sair do asfalto e cair na nossa rua. Mesmo sem a pavimentação, isso já acontece. Minha casa está até afundando”, diz a moradora, que promove uma reunião com os vizinhos para reclamar da situação.

Segundo a moradora, o prefeito prometeu conversar com o grupo. “Nossas calçadas estão quebradas e ninguém vai consertar?”, questiona.

No caso da Rua Cabedelo, apenas a quadra que fica entre a Rua Altamira e a Avenida Presidente Tancredo Neves não será asfaltada. O motorista de ônibus Paulo Roberto, que mora há dez anos no local, não entende a situação. “Se vão asfaltar a rua de um lado e na outra quadra já tem asfalto, porque esse pedacinho aqui vai ficar sem? Não faz sentido”, diz.

Os moradores que ‘ficaram de fora’ do atendimento pelas obras reclamam que o cascalho colocado para amenizar os problemas só piorou a situação. “Usaram pedras grandes demais. Os veículos passam em alta velocidade e as pedras voam do chão, atingindo e estragando os portões”, conta Paulo Roberto.

O asfalto do vizinho

As obras de pavimentação já começaram nos trechos prometidos pela prefeitura. A autônoma Claudinéia Paschoal só tem o que comemorar. “Moro aqui há um ano e meio e já vai passar o asfalto. Pena que a casa não é minha, eu e meu marido estávamos pensando em mudar, mas agora não sabemos se vamos sair daqui”, diz.

Dona de casa, Mariana Marciliano acompanha de perto e atenta as obras, encostada no portão de casa. “É outra coisa, né? Isso aqui era uma poeirada só. Construí minha casa há dois anos e agora a gente vai ter asfalto, estou muito feliz”, relata.

Campo Grande: 99% das linhas de ônibus asfaltadas

Segundo a assessoria da prefeitura, serão investidos mais de R$ 26 milhões em recursos do Ministério das Cidades, do Programa Pró-Transporte, na pavimentação asfáltica e drenagem de partes de 39 bairros da Capital.

Por conta desse convênio, o asfaltamento só poderá ser feito nos corredores das linhas de ônibus. Mesmo assim, alguns moradores do Bairro Guanandy II garantem que há vias a serem asfaltadas pelas quais o transporte coletivo não passa.

As obras devem ser concluídas em até dois meses, deixando a cidade com 99% das vias de transporte coletivo com pavimentação.

Com o investimento de R$ 290 milhões do PAC Mobilidade Urbana, o prefeito Nelsinho Trad diz que pretende segurar o aumento no passe de ônibus. “Os empresários vão ter que colocar a mão no bolso para adaptar os ônibus conforme o determinado.”

“Isso implica em mais investimentos em ônibus articulados, aumento da frota e instalação de GPS, porque o transporte precisa ser mais barato e mais eficiente para poder aumentar o uso da população”, disse Nelsinho.

Recapeamento

Em relação às vias asfaltadas, porém destruídas pelas chuvas que assolaram a cidade entre fevereiro e março deste ano, Nelsinho Trad disse que é preciso que haja a liberação de recursos federais para esses consertos. .

“Estamos investindo no novo em detrimento do recapeamento. Os recursos já foram pedidos mas é preciso investir no novo para depois pensar no que se tem a consertar”, finalizou o prefeito.

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