MPE investiga suposto esquema de desvio de combustível de viaturas dos bombeiros

Caso teria acontecido no quartel deAquidauana; suspeita é de manipulação na quilometragem das viaturas. Abastecimento dos veículos seria trocado por dinheiro. Comandante nega a acusação

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Caso teria acontecido no quartel deAquidauana; suspeita é de manipulação na quilometragem das viaturas. Abastecimento dos veículos seria trocado por dinheiro. Comandante nega a acusação

A 2ª Promotoria de Justiça de Aquidauana apura um suposto esquema de furtos de combustíveis que abastecem as viaturas do Corpo de Bombeiros da cidade.

A denúncia, produzida anonimamente, afirma que o caso implica dois oficiais, um deles comandante da corporação e ainda um sargento da unidade. Além do Ministério Público Estadual a suspeita é investigada também pela Auditoria Militar.

De acordo com a denúncia, o esquema envolveria ainda o dono de uma oficina mecânica que funciona em Anastácio, cidade vizinha e o proprietário de um posto de gasolina, fornecedor de combustível ao quartel dos Bombeiros de Aquidauana.

A suposta trama, diz o denunciante, assim funcionaria: a viatura seria levada para a oficina mecânica conhecida como “JC Ribeiro” e, lá, a quilometragem do veículo alterado, um meio de manipular o consumo de combustível.

Eis um trecho da denúncia, a qual o Midiamax teve acesso: “como exemplo cito a viatura AS-11 que tinha uma quilometragem de 165656 e foi levada a oficina J.C. Ribeiro no dia 23/03/2010 e sua quilometragem retrocedida para 162694, uma diferença de 2.500 km”.

Ainda de acordo com a denúncia a suposta alteração na quilometragem teria como meta a transação fraudulenta, isto é, o dono do posto fornecedor anotava que a viatura havia sido abastecida e, por conta do esquema, daria dinheiro aos participantes da fraude.

“Todas estas denúncias e documentos estão de posse do Ministério Público, foram enviadas cópias dos livros de registro de movimentação de viaturas e o documento chamado Sigo, que comprova o fato”, afirma o anônimo.

Sigo é um serviço da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), que controla as atividades das forças civis e militares de Mato Grosso do Sul.

Uma viatura do Corpo de Bombeiro só sai da corporação rumo a uma ocorrência de incêndio, por exemplo, se anotar a quilometragem do veículo e esses dados enviados ao Sigo.

O caso em questão é investigado pelo promotor de Justiça José Maurício de Albuquerque, que não comentou sobre o caso. Ele solicitou documentações e explicações do comando do Corpo de Bombeiros de Aquidauana. A papelada deve ser entregue na tarde desta segunda-feira.

Comandante nega

O major bombeiro Quintana, 15 anos na corporação, dois deles como comandante do Corpo de Bombeiros de Aquidauana, disse que denúncia é infundada e que a suspeita teria sido registrada no MPE por represália a uma medida aplicada por ele no quartel que teria contrariado “alguns militares”.

Ele não quis revelar que medida teria provocado a reação no quartel, contudo, negou qualquer envolvimento em desvio de combustível.

“Tudo aqui é controlado pela Diretoria de Apoio Logístico [setor ligado ao comando do Corpo de Bombeiros em Campo Grande]. É um serviço online, aparece no Sigo. Não tenho autorização para negociar o abastecimento de viaturas, apenas aponto qual veículo precisa do combustível”, afirmou o oficial.

Quintana disse ainda que já respondeu aos questionamentos da Auditoria Militar e que hoje à tarde entregaria os documentos que contam o histórico de consumo e abastecimento das viaturas ao Ministério Público Estadual.

O quartel do Corpo de Bombeiros de Aquidauana possui 54 militares que cuidam das ocorrências da cidade e também dos municípios aos arredores como Miranda, Anastácio e Dois Irmãos do Buriti.

Pelos cálculos do comandante, as viaturas consumem em média 600 litros de óleo diesel por mês. “Não iria me comprometer por isso, uns R$ 1 mil”, completou o major.

O MPE só deve se pronunciar sobre o caso após examinar a justificativa do oficial. A missão do promotor é oferecer ou não à Justiça denúncia do suposto esquema.

Conteúdos relacionados