Livros sobre Ozzy, Aerosmith e Beatles aquecem biografias roqueiras

As livrarias brasileiras receberam desde o início do ano 32 lançamentos sobre astros de pop e rock, contra 21 em todo o ano passado. Nesta semana, a editora Benvirá aumenta a lista com nomes fortes: Ozzy Osbourne e Steven Tyler. “Confie em Mim, Eu Sou o Dr. Ozzy” e “O Barulho na Minha Cabeça Te […]

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As livrarias brasileiras receberam desde o início do ano 32 lançamentos sobre astros de pop e rock, contra 21 em todo o ano passado. Nesta semana, a editora Benvirá aumenta a lista com nomes fortes: Ozzy Osbourne e Steven Tyler. “Confie em Mim, Eu Sou o Dr. Ozzy” e “O Barulho na Minha Cabeça Te Incomoda?” não interessam somente aos fãs dos dois roqueiros.

Ozzy, que vem do sucesso de sua autobiografia no ano passado, agora edita em um livro suas dicas da coluna de saúde que assina no jornal “The Sunday Times”.

O grande trunfo do vocalista é ter sobrevivido a décadas de alto consumo de tudo que pode ajudar a matar uma pessoa. Como medicina, a obra é uma nulidade. Como humor, é receita certa de sucesso.

Já Tyler fala de sua banda, Aerosmith, mas foca o circo das celebridades. Sua visão de mundo meio hippie e meio caipira detona clichês de sexo, drogas e rock and roll.

As edições nacionais de livros sobre roqueiros ou escritos por eles são um reflexo do mercado norte-americano. Uma pesquisa pelos subgêneros “rock bio” e “pop bio” na maior livraria virtual, a Amazon.com, lista mais de 600 livros em língua inglesa, 63 deles lançados neste ano.

Outro sinal da antena ligada das editoras brasileiras é a já acertada edição em português, pela editora Globo, da aguardada biografia de Neil Young, “Waging Heavy Peace” (pode ser traduzido por “batalhando pela paz”). Deve sair nos EUA em março.

Beatles

Mais dois itens sobre a banda de Liverpool chegaram às lojas dos Estados Unidos na última quinzena. Olivia Harrison, viúva do beatle zen, lançou “George Harrison: Living in the Material World” (George Harrison: vivendo no mundo material). O livro rendeu exposições em museus e documentário assinado por Martin Scorsese.

“Lennon: The Man, the Myth, the Music – The Definitive Life” tem força para justificar o pretensioso título de biografia “definitiva”. Tim Riley, crítico respeitado, adota um ângulo diferente para biografar o mais intelectual e politizado beatle. Ele destaca como Lennon foi influenciado por outras artes e, posteriormente, as influenciou. Estabelece várias pontes entre a sua vida e o cinema, a literatura e a TV.

Beatlemaníacos que dominam o inglês já correm para as livrarias on-line, embora existam negociações para os dois títulos saírem no Brasil.

Sobreviventes

“Vida”, de Keith Richards, e “Eu Sou Ozzy”, de Ozzy Osbourne, são autobiografias de ídolos associados ao álcool e a todo os tipos de drogas, dois sobreviventes do rock.

O guitarrista dos Rolling Stones mistura humor, cinismo e relatos de dores terríveis a momentos filosóficos. Richards tenta sempre se distanciar da condição de ícone.

Já Ozzy escancara episódios hilariantes, sem o menor pudor de mostrar, digamos, certa falta de inteligência.

De delinquente juvenil currado na cadeia a rock star doidão exibindo neurônios destruídos num reality show, Ozzy descarta qualquer tipo de censura. Sua vida é realmente um livro aberto, e esse livro é muito engraçado.

O terceiro volume que ajudou a fazer do rock um subgênero literário foi “Só Garotos”, da cantora Patti Smith. Ela levou um National Booker Award com a narrativa de seu relacionamento apaixonado com o polêmico fotógrafo Robert Mapplethorpe (1946-1989). Há trechos arrebatadores de romantismo.

Os três lideraram a lista de mais vendidos nos Estados Unidos, lugar alcançado também pela biografia de Steven Tyler – além do Aerosmith, fez fama recente na TV como jurado do “American Idol”.

Os novos livros sobre George Harrison e John Lennon tem gerações de fãs dos Beatles como garantia de venda.

Obras de peso como essas abriram caminho para literatura rasteira, para esvaziar o bolso de fãs. No catálogo das editoras no Brasil estão oito títulos sobre Michael Jackson, seis que falam de Justin Bieber e cinco de Lady Gaga.

Entre brasileiros, quem esteve na lista de mais vendidos foi Lobão, com “50 Anos a Mil” (em parceria com Claudio Tognolli), e Tim Maia, retratado por Nelson Motta em “Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia”, hit também em audiobook. 

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