Juíza assassinada tinha em mãos 50 ações sobre PMs

Dos 1.305 processos que constam na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, 50 casos envolvem autos de resistência (quando o policial mata alegando legítima defesa), segundo o juiz Fábio Uchoa, que substituiu a juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros há uma semana em Niterói, região metropolitana do Rio. Ainda segundo Uchoa, até o fim […]

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Dos 1.305 processos que constam na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, 50 casos envolvem autos de resistência (quando o policial mata alegando legítima defesa), segundo o juiz Fábio Uchoa, que substituiu a juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros há uma semana em Niterói, região metropolitana do Rio. Ainda segundo Uchoa, até o fim do ano serão julgados dois crimes envolvendo policiais e ex-policiais.

Conhecida por sua atuação rigorosa, a magistrada assassinada tinha um histórico descondenações contra policiais. Patrícia estava organizando uma força-tarefa para investigar crimes cometidos por policiais militares envolvidos com milícias em conjunto com a Corregedoria da PM e promotores do Ministério Público.

O presidente do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), Manoel Alberto Rebêlo, pediu a transferência dos policiais militares que são réus em processos da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Na quinta-feira (18), Rebêlo disse que já tem a lista com os nomes dos PMs do Batalhão de São Gonçalo (7º BPM) que serão transferidos para outros batalhões no Estado.

Rebelo não informou quantos PMs serão remanejados e nem quando entregará a lista à Secretaria Estadual de Segurança Pública.

Juíza tinha inimigos até na Polícia Civil

Documentos obtidos pela Rede Record mostram ainda que a juíza tinha inimigos até mesmo dentro da Polícia Civil. De acordo com os documentos, Patrícia desmontou um esquema de corrupção que funcionava dentro de uma carceragem da Polinter de Neves, em São Gonçalo, e por isso estava sendo ameaçada. Uma cópia do documento foi enviada para a Delegacia de Homicídios.

Uchoa julgou assassino de Tim Lopes

Considerado “linha-dura”, o juiz Fábio Uchoa, que era titular do 1º Tribunal do Júri da Capital, comandou o julgamento de um dos acusados de matar o jornalista Tim Lopes, o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. No currículo, Uchoa também carrega o caso dos irmãos Natalino e Jerônimo Guimarães, chefes de uma milícia na zona oeste.

Em relação às investigações do assassinato de Patrícia, Uchoa prefere não dar palpites.

– Não posso dizer que os autores são policiais ou integrantes de grupos de extermínio. As investigações são de responsabilidade da Divisão de Homicídios. Eu acho lamentável o que aconteceu. Mas sabemos que o crime foi praticado naturalmente por bandidos.

O juiz começou a trabalhar no Fórum de São Gonçalo na última terça-feira (16) e divide o expediente com outros dois juízes auxiliares: Alexandre Oliveira Carvalho de França e Cláudia Márcia Gonçalves Vidal.

Uchoa anda de carro blindado e com seguranças. O magistrado diz que não sente medo de estar à frente da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.

– Os crimes que acontecem em São Gonçalo não são novidades para mim. O juiz não pode trabalhar com a emoção. É papel do juiz julgar com serenidade, imparcialidade e dentro da lei.

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