Especialistas: queda de Silva reforça imagem anticorrupção de Dilma
A imagem da presidente Dilma Rousseff se reforça com a queda de mais um ministro – desta vez Orlando Silva, da pasta do Esporte, após acusações de desvios de dinheiro. A constatação é do diretor do instituto de pesquisas Sensus, Ricardo Guedes. “Entre as classes populares, Dilma Rousseff ganhou uma imagem positiva de combate à […]
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A imagem da presidente Dilma Rousseff se reforça com a queda de mais um ministro – desta vez Orlando Silva, da pasta do Esporte, após acusações de desvios de dinheiro. A constatação é do diretor do instituto de pesquisas Sensus, Ricardo Guedes. “Entre as classes populares, Dilma Rousseff ganhou uma imagem positiva de combate à corrupção”, afirma Guedes.
Silva foi o quinto ministro demitido em função de denúncias de irregularidades. Sua queda teve grande repercussão, em um momento em que o País não chega a um acordo com a Fifa por uma lei que define detalhes da organização da Copa do Mundo. Apesar dos escândalos, a popularidade da presidente não parece ter sido abalada. Pelo contrário, houve uma melhora, graças ao bom desempenho da economia e às ações do governo no combate à corrupção, segundo o diretor do Sensus.
Nos últimos meses, as principais cidades do Brasil foram palco de manifestações contra a corrupção, convocadas através das redes sociais. Dilma, vista pela população como menos tolerante à corrupção do que Lula, atingiu 71% de popularidade em setembro, contra 67% em julho, segundo pesquisa do Ibope, que revelou que a corrupção é o tema com o qual os eleitores mais se preocupam.
A queda dos cinco ministros – Nelson Jobim deixou a Defesa por ter criticado publicamente integrantes do governo – não afetou a presidente porque este é o seu primeiro ano de governo e porque ela “goza de popularidade e apoio político que compensa a instabilidade das renúncias”, afirma Carlos Lopes, da consultoria Analise. Se as baixas se prolongarem, entretanto, a situação “ficará insustentável”, advertiu.
“Até agora, a perda de ministros não afetou a governabilidade, porque a presidente conta com uma coalizão de partidos grande e forte e com uma oposição que não cresce, mesmo tendo ganhado um estímulo pontual durante as denúncias”, acrescentou Lopes. A corrupção é apontada, entretanto, justamente em alguns dos partidos da coalizão, já que o PT conta com apenas 85 deputados dos 581 do Congresso.
“Sempre é a mesma estrutura: de um lado, políticos ou partidos aliados do governo que comandam um ministério, do outro, funcionários que ajudam a desviar fundos, e do outro, ONGs criadas para receber os recursos, que voltam ao partido ou ao político. E, no fundo, temos as eleições, que são caríssimas, e os partidos precisam de muitos recursos”, diz Gil Castello Branco, secretário-geral da organização Contas Abertas. “Para que em um mês não voltemos a discutir a queda de um novo ministro, temos que modificar esse modelo”, concluiu.
As demissões no governo começaram em 7 de junho, quando o poderoso ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, caiu após denúncias de enriquecimento súbito. Em julho foi a vez do ministro de Transportes, e sua queda foi seguida pelas do titular da Agricultura, em agosto, do Turismo, em setembro, e do Esporte, na quarta-feira. “Devemos estar alcançando um recorde mundial de ministros que caem por denúncias de corrupção em um período tão curto”, calcula Castello Branco. O deputado Aldo Rebelo, do PCdoB, mesmo partido de Orlando Silva, foi anunciado pela Presidência para o Ministério do Esporte nesta quinta-feira.
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