Divisão de lucros deflagra onda de greves nas montadoras

Metalúrgicos de montadoras do Brasil inteiro aproveitam o bom momento que o setor atravessa – com produção e vendas bombando – para cobrar a sua parte na divisão do lucro das empresas. As negociações entre sindicalistas e empresários, em sua grande maioria, têm chegado ao impasse, o que abriu caminho para a realização de uma […]

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Metalúrgicos de montadoras do Brasil inteiro aproveitam o bom momento que o setor atravessa – com produção e vendas bombando – para cobrar a sua parte na divisão do lucro das empresas. As negociações entre sindicalistas e empresários, em sua grande maioria, têm chegado ao impasse, o que abriu caminho para a realização de uma enxurrada de greves no setor.

Os metalúrgicos da General Motors (GM) de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, fizeram na sexta-feira, 20, uma greve de advertência de 24 horas e ameaçam cruzar os braços por tempo indeterminado na segunda-feira. Na fábrica da montadora em São Caetano do Sul, no ABC paulista, a paralisação foi de quatro horas – duas no turno da manhã e outras duas no da tarde. Os trabalhadores querem que a GM pague R$ 12 mil em Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) este ano. A oferta da empresa é de R$ 9 mil.

O movimento dos metalúrgicos de São José e de São Caetano faz parte de uma tendência nacional. A conquista de parcelas cada vez maiores nos lucros ou resultados das empresas é hoje um dos principais itens da pauta de negociações entre empresas e sindicatos, ao lado do aumento real de salários. Entre os operários das montadoras, essa tendência é ainda mais forte.

Este ano, a venda de veículos estabeleceu um novo recorde para um primeiro quadrimestre. Elas cresceram 4,5% em relação a igual período de 2010. Para este mê, a expectativa do setor é de novo recorde. As vendas devem ficar ao redor de 300 mil unidades, atingindo o melhor resultado para um mês de maio no País. O emprego, em geral, também está em alta no País.

Na briga por uma PLR maior, os metalúrgicos do Paraná saíram na frente. Na fábrica de caminhões e ônibus da Volvo, em Curitiba, bastou três dias de greve para que a empresa concordasse com a reivindicação dos trabalhadores, se comprometendo a pagar o maior valor de PLR do País. Cada um dos 3,2 mil operários da montadora vai embolsar nada menos que R$ 15 mil.

Já na Renault, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, não foi preciso nem fazer greve. A simples ameaça de parar a produção fez com que a montadora se curvasse à exigência trabalhadores que reivindicavam R$ 12 mil em PLR.

O problema é que as duas montadoras, no Brasil, têm fábricas apenas em Curitiba. Por isso, ficaram nas mãos dos sindicalistas. Para não correr o risco de perder vendas, elas não viram outra saída que não fosse ceder.

Não é o caso da Volkswagen, cuja fábrica de Curitiba enfrenta uma greve que já dura 17 dias, por não aceitar o valor reivindicado pelos trabalhadores. A direção da Volks já avisou que não vai ceder na queda de braços com os sindicalistas. A empresa estaria disposta a enfrentar mais de um mês de greve.

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