Cirurgião cardiovascular Mauro Cosme Gomes de Andrade fala sobre nova técnica de cirurgia cardíaca
O cirurgião cardiovascular Mauro Cosme Gomes de Andrade é Chefe da Cirurgia Cardiovascular do Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul e Superintendente do Hospital do Coração de Campo Grande desde 1995. Formado há 31 anos, Mauro Cosme participou da primeira cirurgia cardíaca realizada no Estado para implante de prótese da válvula aórtica por […]
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O cirurgião cardiovascular Mauro Cosme Gomes de Andrade é Chefe da Cirurgia Cardiovascular do Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul e Superintendente do Hospital do Coração de Campo Grande desde 1995. Formado há 31 anos, Mauro Cosme participou da primeira cirurgia cardíaca realizada no Estado para implante de prótese da válvula aórtica por via transapical, que é responsável pelo controle do fluxo de sangue que sai do coração. O procedimento ocorreu no dia 20 de outubro, no Hospital do Coração.
Midiamax: Como funciona esta nova técnica de cirurgia cardíaca para implante de prótese da válvula aórtica por via transapical?
Mauro Cosme: A técnica convencional é uma cirurgia em que o tórax da pessoa é aberto. É cerrado o osso chamado esterno, que é na frente do peito. Então a gente tem acesso ao coração e, além disso, usa um sistema que é uma bomba coração e pulmão. O coração é parado, nós abrimos o coração e durante aquele momento e essa bomba vai funcionando como o coração e o pulmão da pessoa. Nessa nova técnica, nós fazemos com o coração batendo ainda. Não há necessidade de se fazer um corte tão grande. É feito um corte de cinco centímetros na pele e nós vamos pela região do coração chamada apical, por isso que o nome da cirurgia é transapical. E através de um cateter nós temos acesso ao lugar da válvula doente e aplicamos essa prótese, sem ter todo aquele trauma de uma cirurgia grande, convencional.
Midiamax: Este tipo de técnica já é utilizada em outros locais? Como é sua repercussão no Brasil e no mundo?
Mauro Cosme: Essa técnica é uma técnica relativamente nova. Ela está muito adiantada na Alemanha, que hoje é o centro de conhecimento. Além disso, acabei de vir de um Congresso Europeu que foi em Lisboa, onde a gente teve um dia inteirinho de demonstração de cirurgia da válvula. Aqui no Brasil tem alguns centros que já as estão desenvolvendo, como a Escola Paulista de Medicina, onde um membro da equipe participou de várias cirurgias lá e foi aprender a técnica. Nesse primeiro procedimento que nós fizemos, trouxemos para trabalhar com a gente na cirurgia, um médico da Escola Paulista de Medicina, que é o Doutor José Honorio de Almeida Palma, professor desta Universidade.
Midiamax: Qual é o quadro clínico das pessoas que precisam passar por este tipo de cirurgia?
Mauro Cosme: Essa doença que é tratada com essa nova técnica é a estenose da válvula aórtica. Essa válvula é por onde passa o sangue do coração quando ele é bombeado para o resto do corpo. Com o tempo, essa válvula em algumas pessoas passa a ficar enrijecida e começa a não abrir mais, impedindo a saída de sangue do coração. Isso faz com que o coração comece a dilatar, então essas pessoas passam a ter tontura e falta de ar. A técnica faz com que a gente recupere essa válvula e permite novamente a passagem de sangue pela válvula aórtica.
Midiamax: Como foi feito o estudo para ser possível a realização desse procedimento que aconteceu no dia 20 de outubro em MS?
Mauro Cosme: Foi feita a escolha do paciente segundo as indicações. Normalmente, hoje a indicação é para pacientes em que o risco da cirurgia convencional é muito grande. Então foi feita uma seleção em termo de pacientes e nós aproveitamos esta experiência que já tem no Brasil, principalmente, na Escola Paulista, para poder realizá-la.
Midiamax: Como que foi essa escolha do paciente beneficiado e como ele está atualmente?
Mauro Cosme: A seleção foi um paciente que tinha uma faixa etária próxima aos oitenta anos de idade, e que tinha outros fatores que se complicariam ao fazer uma cirurgia convencional. Ela tinha um problema pulmonar grave, dormia à noite com um aparelho que a auxiliava a respirar, porque não consegue respirar sozinha neste período. Então esses foram alguns dos indicadores para a gente fazer esse procedimento mais simples. E agora ela está bem, recuperada.
Midiamax: Quais são as principais vantagens desta técnica?
Mauro Cosme: Ela é uma técnica que tem um risco menor que uma cirurgia convencional. A válvula convencional ainda é uma cirurgia melhor que se faz. Porque essa válvula da nova técnica é adaptada, não tem tanta eficiência quanto à cirurgia convencional e a durabilidade também esperamos que seja um pouco menor. É para aqueles que o risco da cirurgia convencional é muito alto, ela tem um risco menor, por ser mais simples.
Midiamax: Quem são as pessoas que serão mais beneficiadas?
Mauro Cosme: São as pessoas na faixa etária de 80 anos, ou que se recusam passar por uma cirurgia convencional, ou que tenham alguma contra-indicação de fazer uma cirurgia pelo alto risco que ela submete o paciente.
Midiamax: Como é o pós-operatório em relação à cirurgia convencional?
Mauro Cosme: Como a agressão é bem menor do que em uma cirurgia convencional é um pós-operatório muito mais simples e uma recuperação muito mais rápida. Então, as pessoas que se recuperam de uma cirurgia cardíaca em uma semana, em dois dias já estão em condições, dependendo do caso, até de alta hospitalar.
Midiamax: Como os médicos da área se capacitarão para implantar este novo método de cirurgia? Quais são os locais que oferecem este tipo de treinamento?
Mauro Cosme: Treinando em centros que estão fazendo este trabalho com mais frequência, um deles é o que a gente se capacitou, a Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. No Brasil, hoje este é o centro que está com maior força, existem centros grandes na Europa, na Alemanha é onde está mais desenvolvido o estudo nesta área. Mas para essa nova técnica que fizemos como a válvula é nacional, a maior experiência é na Escola Paulista de Medicina.
Midiamax: Quais são as expectativas com a implantação desta nova técnica?
Mauro Cosme: A princípio, ela não veio para substituir a cirurgia convencional. Ela veio para garantir mais oportunidade para as pessoas que não teriam condições de fazer uma cirurgia e, agora, elas vão poder se beneficiar com a troca da válvula.
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