Aldeias de Dourados esperam por CAPS especializado em Álcool e Drogas desde 2009

Em novembro de 2009, representantes da Secretaria de Saúde estiveram na Missão Caiuá para discutir, junto com profissionais da saúde, que atuam nas aldeias a viabilidade do projeto.

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Em novembro de 2009, representantes da Secretaria de Saúde estiveram na Missão Caiuá para discutir, junto com profissionais da saúde, que atuam nas aldeias a viabilidade do projeto.

Desde a administração de Ari Artuzi, em 2009, se discute um projeto para implantação do CAPS-AD (Centro de Atendimento Psicossocial Álcool e Drogas) na Reserva Indígenas de Dourados. Em novembro daquele ano, representantes da Secretaria de Saúde estiveram na Missão Caiuá para discutir, junto com profissionais da saúde, que atuam nas aldeias a viabilidade do projeto.

Após aprontá-lo, a prefeitura de Dourados deveria cadastrar o projeto no Ministério da Saúde e sinalizar a contrapartida para custeio da obra.Porém até hoje o CAPS-AD, que deveria ser instalado no Hospital da Missão Caiuá, não saiu do papel.

O médico Zelik Trajber, pediatra e chefe das Equipes Multidisciplinares do Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena, um dos idealizadores da implantação do CAPS, afirma que o a discussão é antiga. “Existem intenções, mas até agora não temos a finalização”, diz Zelik.

O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que foi Diretor Nacional da Saúde Indígena da Funasa, de 2004 a 2009, esteve em reunião com o deputado federal Geraldo Resende, quando teria exposto a intenção de que o primeiro CAPS indígena fosse implantado na Reserva. Porém, segundo o deputado, falta o cadastramento do projeto, via prefeitura, junto ao Ministério da Saúde. O ministro teria afirmado ao deputado que há disponibilidade de verba do Governo Federal para viabilizar a obra.

O Hospital Porta da Esperança (Hospital da Missão), que receberia o CAPS-AD, atende exclusivamente a população indígena, totalizando mais de 25 mil índios de toda a região do Cone Sul.

Álcool, drogas e o suicídio

Dourados figura entre os municípios com maior incidência de suicídios no mundo. Segundo o Mapa da Violência de 2011, realizado pelo instituto Sangari, revela que dourados é a 160° cidade do Brasil com maior número de suicídios. Quando a comparação é entre jovens a cidade pula para a 2° posição, perdendo apenas para a cidade de Tabatinga – AM, outra cidade com alto número de indígenas. A cidade que faz fronteira com a Colômbia é um dos principais corredores da cocaína no Brasil. Já em Dourados, o alcoolismo vem sendo apontado como o principal motivo para os suicídios entre os jovens indígenas.

Em 2009, na ocasião dos estudos do projeto, o representante da Missão Caiuá, Benjamin Benedito Bernardes, afirmou que “50% dos jovens que frequentam as escolas das aldeias são alcoólatras” que um CAPS especializado em indígenas na prevenção e tratamento de álcool e Drogas seria essencial para a diminuição da incidência do uso de drogas e do alto número de suicídio de indígenas, um dos maiores do mundo.

O CAPS-AD deveria contar com psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, médicos e terapeutas, sendo que além do tratamento seriam desenvolvidos também projetos de terapia ocupacional, com artesanato, música e pintura dentro da cultura indígena para o auxílio no combate ao alcoolismo e as drogas.

O centro funcionaria no Hospital da Missão Caiuá, até que fosse construída a sede definitiva. A expectativa do projeto é de atender mais de 13 mil indígenas nas áreas de saúde mental e dependência química. Desta forma, o CAPS poderia estudar e diagnosticar a depressão, como forma de procurar evitar o suicídio, que dobrou nos últimos anos nas aldeias de Dourados, segundo dados da Funasa (Fundação Nacional da Saúde).

A reportagem do Midiamax entrou em contato com a secretária de Saúde do Município, Silvia Bosso. Segundo a secretária, não há um projeto formal, mas sim a intencionalidade de implantação. Sílvia afirma que o Município está discutindo uma rede de saúde mental e não casos isolados. “Não estamos discutindo isoladamente um CAPS indígena neste momento, mesmo por que temos que pensar na saúde mental como um todo”, disse a secretária. Segundo ela, a discussão de rede de saúde mental não é municipal e sim regional, uma vez que o município atende outros da região.

Segundo Sílvia, o Ministério da Saúde disponibilizou verba apenas para a construção da unidade. “Depois disso tem a conta de água, luz, telefone, tem que ter verba para isso”, salienta a secretária. “Estamos discutindo a implantação de um centro de saúde mental no Hospital da Missão, mas não necessariamente um CAPS-AD”, explica a secretária.

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