Transporte escolar é paralisado por falta de pagamento em Coxim
Hoje (20) completa uma semana que a Zamboni, responsável pelo transporte coletivo, não circula na zona urbana. Com isso, centenas de alunos da rede pública, estadual e municipal, estão deixando de ir às escolas. O motivo da paralisação é a falta de pagamento. Conforme ofício protocolado nos órgãos competentes, a Zamboni não recebe há três […]
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Hoje (20) completa uma semana que a Zamboni, responsável pelo transporte coletivo, não circula na zona urbana. Com isso, centenas de alunos da rede pública, estadual e municipal, estão deixando de ir às escolas.
O motivo da paralisação é a falta de pagamento. Conforme ofício protocolado nos órgãos competentes, a Zamboni não recebe há três meses pelos serviços prestados. A dívida da prefeitura com a empresa é de aproximadamente R$ 90,5 mil.
Sem condições de pagar funcionários, o responsável pela empresa, Antônio Alves Falcão, não encontrou outra solução. No dia 04, o empresário pediu, também por meio de ofício encaminhado à prefeita Dinalva Mourão (PMDB), a regularização dos pagamentos.
Como não foi atendido, a empresa não teve mais condições de efetuar o transporte coletivo, pois, além de não conseguir pagar cobradores e motoristas, também não consegue abastecer e fazer manutenção dos ônibus.
A falta de ônibus tem prejudicado centenas de alunos, principalmente os que moram nos bairros mais distantes. Somente no Previsul, um dos menores bairros de Coxim, 42 alunos dependem do transporte para estudar.
A pequena Yasmin Barbosa Ferreira, de apenas 9 anos, tem saído uma hora antes de começar sua aula para conseguir chegar até a Escola Municipal Marechal Rondon. A criança conta que chega cansada na escola e já percebeu que seu rendimento não tem sido o mesmo.
Falando como gente grande, Yasmin deseja que o problema seja resolvido, pois ela não sabe até quando vai conseguir ir e voltar para a escola a pé. A situação tem mexido inclusive com a família, que já pensa em se mudar para uma casa mais próxima da escola da filha.
Também morador do Previsul, Victor Carlone de Oliveira Gomes, de 15 anos, relata que desde que o transporte parou de circular ele não tem freqüentado as aulas na Escola Estadual Padre Nunes.
Já Daniela Gonçalves, de 21 anos, começou a ir para a escola de bicicleta. No entanto, a preocupação da jovem, que cursa o ensino médio na Escola Estadual Pedro Mendes, é com o longo trecho que percorre sozinha à noite. “Tenho ligado para uma vizinha me encontrar no meio do caminho”, comentou Daniela.
FUNCIONÁRIOS
Sem receber há 90 dias, a situação financeira dos funcionários das empresas que prestam serviço para a prefeitura é lastimável. “Mas temos que entender, se o patrão não recebe como vai pagar”, questionou o motorista José Carlos Mourão, de 49 anos, que fazia a linha do Previsul.
Para o motorista Valdivino Umbelino de Souza, de 30 anos, a situação ainda é pior. No final de setembro, ele decidiu fazer um protesto por conta própria e não foi trabalhar por um dia, acabou sendo despedido e ainda tem três meses de salário para receber.
Apesar de difícil, a situação de nenhum motorista se compara a de Gilson Alves de Oliveira, de 38 anos. Além de não receber há 90 dias, o motorista vive um drama familiar. Por telefone, Oliveira contou ao Edição de Notícias que está em Campo Grande acompanhando o tratamento da esposa, Raquel Rezende Benites, de 44 anos, que luta contra um câncer no útero.
AGRAVANTES –
Vários moradores de bairros distantes, como o Mangabeira, Nova Coxim e Piracema, também se queixaram muito da falta do transporte escolar. Entretanto, o problema tem causado transtornos maiores na vida de muitas famílias.
Joel da Silva, de 52 anos, conta que as filhas, de 11 e 13 anos, estão sem freqüentar as aulas no Pedro Mendes. Por conta disso, ele acredita que a família vai perder os benefícios do governo, como Bolsa Família e Vale Renda que, juntos, ajudam na economia doméstica com R$ 174,00.
Com sério problema de coluna, Silva não consegue mais trabalhar e está tentando aposentar. Justamente por conta do problema de saúde, o pai não tem condições de levar às filhas à escola, “mas também não deixo minhas meninas irem sozinhas, existe muito malandro atacando mocinhas”, completou o pai.
A distância entre a casa da família, no bairro Mangabeira, e o Pedro Mendes, no centro, é de cerca de 12 quilômetros. Na mesma situação se vê Vilsinete Gomes Lopes, de 33 anos, que mora no Piracema e tem levado a filha de 6 anos na Escola Estadual Silvio Ferreira.
O trabalho da mãe portadora de necessidades especiais é redobrado. No entanto, Nete tem feito esse sacrifício para que a filha não perca o Bolsa Família, que ajuda manter a criança na escola. A mãe disse que procurou a prefeita para conversar sobre a falta de transporte.
“A Dinalva falou para eu colocar minha filha numa escola mais próxima da minha casa. Mas eu tenho o direito de procurar a melhor escola para a minha filha estudar. Os dois filhos da prefeita estudam em Campo Grande, porque ela não trás para estudar em faculdades de Coxim”, indagou Nete.
O limite de faltas é três, caso contrário a família perde os benefícios, pois um dos critérios é manter o aluno na escola. No entanto, a secretária Municipal de Educação, Raquel Singh, informou que tem conversado com alguns diretores para abonar as faltas, justamente para que as famílias não tenham os benefícios bloqueados.
ZONA RURAL –
Parte dos ônibus que fazem o transporte de alunos da zona rural também está parada. O resultado tem sido a superlotação nos ônibus que ainda estão circulando. Ontem (19), nossa reportagem flagrou um ônibus, que percorre 200 quilômetros na zona rural, com mais de 70 crianças e adolescentes.
O motorista Valdeli Carlos dos Santos, de 54 anos, explicou que está transportando alunos de diversas linhas, cujos ônibus já pararam de circular. Amontoados, os alunos correm o risco de se machucar, pois são transportados sem nenhuma segurança.
A linha feita por Santos, da Fazenda Santa Paula, ainda circula hoje, mas se a prefeitura não pagar a ordem é parar. Segundo Santos, o proprietário do ônibus, José Avelino, já parou de transportar alunos de outras duas linhas da zona rural, Beira Alta e Santa Maria.
SOLUÇÃO – Parece não existir. A secretária não soube precisar a quantidade de alunos transportados diariamente em Coxim, mas acredita que seja em torno de 1,5 mil alunos, das redes estadual, municipal e particular, ou seja, acadêmicos que estudam em Rio Verde. Tão pouco soube dizer o valor exato da dívida atual da prefeitura junto às empresas que atuam nas 42 linhas do transporte escolar.
Dados da secretaria de Educação dão conta de que o custo é de R$ 1,7 milhão, ou seja, R$ 170 mil por mês. O município recebe, mensalmente, R$ 44 mil dos governos estadual (R$ 33 mil) e federal (R$ 11 mil). Porém, o valor pago pelo governo do Estado não cobre o custo de transportar os alunos da rede estadual.
Raquel explicou que o custo para transportar 415 alunos da rede estadual é de R$ 58,7 mil. Sendo assim, mensalmente o município tem custeado a diferença de R$ 27,7 mil. Mas, a secretária também informou que foi feito um termo aditivo do convênio com o governo do Estado, elevando em R$ 18 mil o valor mensal, que deve começar a ser pago ainda este mês.
“Em agosto foi assinado o termo aditivo, mas o Estado alegou que só poderia começar a pagar depois do período eleitoral, para não caracterizar favorecimento”, comentou Raquel. Embora tenha sido assinado em agosto, o governo do Estado se comprometeu em pagar três parcelas retroativas. Somadas as parcelas de agosto, setembro e outubro, a prefeitura deve receber o incremento de R$ 108 mil.
Amanhã (21), o deputado estadual, Oswaldo Mochi Junior (PMDB), deve conversar com o governador André Puccinelli (PMDB) para agilizar o pagamento das seis parcelas. Mesmo assim, a prefeitura não vai conseguir quitar a dívida com as empresas
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