Trabalho é oportunidade de ressocialização para internos da Máxima

Cerca de 20% de toda a população carcerária do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande exerce alguma atividade de trabalho ou estudo, segundo afirma o diretor da unidade João Bosco Correia (foto a seguir). Além de atuarem em setores que contribuem com a atividade interna do presídio, como padaria e coleta seletiva do lixo, […]

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Cerca de 20% de toda a população carcerária do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande exerce alguma atividade de trabalho ou estudo, segundo afirma o diretor da unidade João Bosco Correia (foto a seguir). Além de atuarem em setores que contribuem com a atividade interna do presídio, como padaria e coleta seletiva do lixo, os apenados também participam de oficinas que rendem trabalho remunerado e oportunidade de aprenderem um novo ofício.

Através de uma parceria da penitenciária com a Associação do Aprendizado, Ressocialização e Trabalho do Apenado no Estado (Artaba), sete internos da máxima fazem a produção de bolsas que são comercializadas em larga escala por encomenda, bolsas artesanais que são comercializadas até em uma loja de um shopping no Rio Grande do Sul e também sacolas ecológicas.

 De acordo com os trabalhadores da oficina, em cinco dias já foi possível confeccionar 500 sacolas ecológicas e em um dia de trabalho a mão-de-obra prisional produz uma média de cinco a seis bolsas de couro ou material similar. “Esta oficina é um projeto que já existia aqui na máxima antes da rebelião e agora estamos retomando com o trabalho e com a parceria firmada com a Artaba”, diz o diretor do presídio. Segundo Bosco, o setor inicialmente atendia somente a demanda da instituição, produzindo todos os uniformes utilizados pelos agentes penitenciários e reformando cadeiras estofadas de escritório.

 Todos os trabalhos desenvolvidos dentro da unidade os internos recebem redução de pena – um dia reduzido na pena a cada três trabalhados. Porém, aqueles que trabalham na oficina de bolsas, onde há a parceria com a associação, recebem pagamentos por produção. “O que eles nos oferecem é um trabalho de muita qualidade, recebemos vários elogios de quem compra os produtos produzidos aqui. É uma forma de ressocializar através do trabalho, oferecer suporte para eles aprenderem uma profissão e continuar com isso lá fora”, diz a presidente da Artaba, Eronita Boeira Portela.

Segundo Eronita, a associação tem projetos de ampliar o trabalho de apoio aos apenados com uma nova oficina fora da penitenciária, para atender e dar nova oportunidade para os internos que recebem a liberdade. “Infelizmente ainda há preconceito em contratar mão-de-obra prisional e muitos olham para este trabalho como uma forma de exploração, mas não é isso que nós fazemos, queremos promover a ressocialização destes homens para que eles tenham novas oportunidades de voltar à vida normal depois de sair daqui. E enquanto estão aqui dentro podem estar concentrados em um trabalho, sem tempo ocioso”, diz.

O diretor da unidade explica que há um grande trabalho de seleção para que os internos participem das atividades de trabalho. “Todo um procedimento é exigido, como tempo na unidade – mínimo de seis meses -, ter disciplina e passar por uma avaliação psicossocial”, esclarece Bosco. Dos sete internos que participam da atividade, dois já conheciam o trabalho desenvolvido. É o caso de Luiz Antônio Neto de Oliveira, que já trabalhava no setor fora da penitenciária e hoje coordena e ensina outros apenados que exercem a atividade. “É muito gratificante poder ensinar uma profissão e trabalhar aqui dentro”, afirma.

A marcenaria é outro setor da penitenciária que atualmente só atende a demanda interna, como produção e conserto de móveis que serão utilizados dentro da penitenciária. Porém, o diretor afirma que busca firmar parceria com uma empresa de paisagismo da Capital com a produção de móveis rústicos. “Estamos buscando oportunidades de trazer parceiros e ter mais trabalho que possa empregar mais presos”, diz o diretor.

Cinco internos participam das produções na marcenaria da máxima. Um dos presos, Vanderlei Antunes, diz que o trabalho vai além da confecção de belas peças, proporciona aprendizado aos apenados. “Já trabalhava com marcenaria lá fora mas nunca produzi peças rústicas como estamos fazendo agora. Artesanato também foi uma coisa que aprendi aqui. É bom estarmos buscando parceria porque vai dar oportunidade para outros virem aprender com a gente, mais pessoas poderão trabalhar se tiver mais trabalho a ser feito”, observa o interno.

 De acordo com Vanderlei, o aprendizado não fica apenas na marcenaria. “Aqui tem muita coisa boa que se pode aprender. É só querer e se interessar. Eu por exemplo aprendi trabalho de pedreiro e eletricista também”, lembra.

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