Obama enfrenta eleição crucial hoje
Os EUA vão às urnas nesta terça-feira (2) para renovar a Câmara dos Representantes e parte do Senado, em uma votação que deve ter impacto na segunda metade do governo do democrata Barack Obama, eleito em 2008. Os primeiros colégios eleitorais da Costa Leste abriram a votação às 8h do horário brasileiro de verão. Os […]
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Os EUA vão às urnas nesta terça-feira (2) para renovar a Câmara dos Representantes e parte do Senado, em uma votação que deve ter impacto na segunda metade do governo do democrata Barack Obama, eleito em 2008.
Os primeiros colégios eleitorais da Costa Leste abriram a votação às 8h do horário brasileiro de verão. Os últimos colégios, dos estados de Alasca e Havaí, devem encerrar a votação às 2 da quarta-feira.
Segundo as últimas pesquisas divulgadas nesta segunda, o oposicionista Partido Republicano é o grande favorito das eleições legislativas.
O presidente Obama foi a campo nos últimos dias pedir voto para os candidatos democratas e, nesta segunda, disse que uma eventual vitória republicana pode comprometer o combate à crise econômica no país.
Mas a última pesquisa do instituto Gallup realizada entre quinta-feira e domingo com 1.539 prováveis eleitores coloca os republicanos na dianteira com 55% das intenções de voto, contra 40% dos democratas.
Outro levantamento conjunto do “The Wall Street Journal” e do canal de televisão “NBC” também prevê um grande avanço dos republicanos diante do que descrevem como “frustração” com Obama, sua política econômica e o Congresso de maioria democrata
Na consulta, os republicanos aparecem com uma vantagem de seis pontos e atingem 49% do apoio popular, contra 43% obtidos pelos democratas.
Quase a metade dos eleitores que se inclinam por um Congresso de maioria republicana assegura que se trata de um “voto de protesto” contra os democratas.
Apesar de haver consenso de que a direita parte com vantagem na votação, não há acordo entre pesquisas e analistas sobre o tamanho da provável vitória.
Analistas falam em um cenário em que os democratas perderiam a Câmara de Representantes (câmara baixa), mas manteriam por pequena margem o controle do Senado. Mas já há a possibilidade de vitória republicana também na câmara alta.
Os distintos resultados das pesquisas do “The Wall Street Journal” e do Gallup são um exemplo, mas outras consultas diferem também no grau de apoio: o canal “Fox News”, por exemplo, coloca os conservadores 13 pontos à frente; para a “CNN”, são dez; e o “The New York Times” prevê vantagem de seis pontos dos republicanos.
Nate Silver, autor do blog “FiveThirtyEight” -que antecipou corretamente os resultados em todos os estados do país durante as eleições presidenciais de 2008-, afirma que dadas as diferentes conclusões das pesquisas, “é difícil prever o tamanho da onda conservadora”.
Os republicanos precisam de 39 cadeiras para se tornar a maioria na Câmara de Representantes, e 10 para prevalecerem no Senado.
Segundo o modelo de simulação do “FiveThirtyEight”, os conservadores conquistarão cerca de 53 cadeiras na Câmara de Representantes, enquanto no Senado devem ganhar sete, o que não atingiria a maioria.
Se as previsões estiverem certas, será a primeira vez nos últimos 80 anos que o Senado dos EUA não muda de liderança ao mesmo tempo que a Câmara de Representantes.
A mudança de forças prevista no Congresso promete complicar a agenda do governo dos democratas e alterar o rumo da Presidência de Obama.
O próprio assessor político do presidente, David Axelrod, lembrou na segunda que alguns dos grandes temas pendentes da agenda política, como a reforma migratória, não poderão ser tratados sem o apoio dos republicanos.
Os democratas não conseguiram levar essa reforma adiante nos últimos anos, apesar de terem a maioria em ambas as casas. Agora, com uma margem de representação reduzida, cumprir essa e outras promessas eleitorais pode se tornar ainda mais complicado.
Durante a disputada campanha para as eleições legislativas, os democratas insistiram que assumiram a liderança do país em meio à pior crise dos últimos 70 anos, criada na Presidência do republicano George W. Bush, e pediram mais tempo para tocar as reformas.
No entanto, a julgar pelas pesquisas, o eleitorado, descontente com uma taxa de desemprego de quase 10% e com uma recuperação econômica ainda lenta, não parece disposto a dar outra oportunidade ao atual governo.
Analistas como Bruce Gronbeck, da Universidade de Iowa, e Erwin Hargrove, da Universidade Vanderbilt (Tennessee), atribuem grande parte da atual situação ao êxito da propaganda dos republicanos, que apresentaram os democratas como maus gerentes econômicos e responsáveis por um déficit que não para de crescer.
Obama pede votos
Obama afirmou nesta segunda que os Estados Unidos se arriscam a enfrentar uma situação econômica “muito, muito difícil” no caso de vitória dos republicanos.
“Poderemos enfrentar uma situação muito, mas muito difícil”, disse em entrevista à rádio WDAS-FM da Filadélfia, na vespera de uma eleição que terá “consequências durante as décadas futuras”, disse o presidente.
“Vamos precisar de uma boa participação” a favor dos candidatos democratas porque “se os outros (republicanos) forem adiante, poderemos ter problemas para fazer este país progredir”, advertiu o presidente sobre a possibilidade de uma vitória republicana.
“É uma eleição difícil, porque viemos de um período muito difícil durante estes dois últimos anos”, disse Obama.
Balanço
Hoje, os democratas têm 255 representantes contra 178, com duas vagas em aberto, e controlam o Senado por 59 a 41.
Analistas apostam em um Congresso dividido -com os republicanos conseguindo os 218 assentos necessários para ganhar a maioria- e os democratas mantendo o controle do Senado, ainda que com margem menos.
Isso significa que os republicanos na Câmara de Representantes poderiam aprovar legislação sem apoio dos democratas. Mas a agende republicana seria barrada no Senado, o que criaria um impasse, ou obrigaria os dois partidos a chegarem a um acordo.
Caso ocorra o impasse, só seriam aprovadas as leis absolutamente necessárias para manter o governo funcionando e as medidas que contassem com o apoio dos dois partidos -como a prorrogação dos cortes de impostos implementados ainda durante o governo de George W. Bush.
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