Mãe de menina com meningite, em coma irreversível, acusa negligência de profissionais da saúde
Maria Esmeralda, deixou trabalho de manicura e vendedora autônoma para fazer vigília na frente do Hospital Regional. Ela cobra respostas sobre a evolução da doença da filha, a caçula dos três filhos
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Maíra Ferreira Oliveira, 9 anos, está internada no Hospital Regional Rosa Pedrossian, desde o dia 26, terça-feira, e segundo a mãe Maria Esmeralda, a equipe médica que atende a criança já revelou que o quadro de coma é irreversível. Ela completa 10 anos no dia 8 de novembro.
Maria Esmeralda diz que a morte cerebral foi diagnosticada na noite de ontem (28), depois de fazer exames na cabeça. “Minha filha está viva da cabeça para baixo, mas para cima está morta. O médico disse que a cabeça está enorme”, diz desolada.
A mãe conta que antes da filha ser atendida no HR, levou Maíra a unidade de saúde 24h do bairro Coophavila, por volta das 5 horas de terça-feira. A menina chegou com febre, dor de cabeça, vômito e recebeu como medicação soro e dipirona e teve que repousar no próprio posto.
Por volta das 7h a mãe conta que procurou uma funcionária da área de saúde do posto e disse que Maíra não tinha evoluído positivamente seu estado de saúde. Segundo Maria Esmeralda, a mulher falou para esperar mais um pouco. “Nesta hora minha filha não abria o olho, tinha muita febre e vomitava bastante”, relata.
Como a filha não melhorou, a vendedora autônoma foi até a equipe que a atendeu e pediu um encaminhamento para um local com mais recursos.
A mudança do tratamento só foi autorizada às 11h e neste momento a menina já tinha tomado quatro litros de soro. “O encaminhamento saiu, mas não tinha quem transportava, porque orientaram que deveria ser com ambulância. A médica passou e viu a gente lá e disse: esta criança ainda está aqui?”, recorda-se.
Maria Esmeralda disse que logo chegou uma unidade do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas no veículo já havia uma paciente com mais de 50 anos também sendo transportada. “A mulher nem abria o olho. Nem sei o que ela tinha. Só sei que fomos apertadas até o Hospital Regional”.
A mãe está indignada porque ao chegar ao HR ela e a filha foram levadas para um quarto isolado, sem atendimento. O quadro clínico de Maíra foi piorando e ela já não enxergava mais e se debatia muito na cama.
Neste momento, Maria Esmeralda começou a acionar parentes via celular e saiu do quarto correndo e gritando por socorro. Ela conta que só assim “apareceram” profissionais para medicar a filha, mas quando ele checaram a menina, devido a forte dor, travou tanto o queixo que arrancou um dente o engoliu e estava quase se afogando com o sangue do ferimento.
Depois disto sua filha foi encaminhada para fazer tomografia e uma médica retirou líquido da coluna para fazer o exame para verificar a possibilidade de meningite. “Na hora que ela tirou o líquido me disse que pela coloração era mesmo meningite bacteriana”, diz. Isto foi por volta das 16h de terça feira.
Depois de passar pela bateria de exames, por volta das 17h, Maíra foi encaminhada para a UTI. Maria Esmeralda afirma que tentou vê-la, mas foi impedida. No dia seguinte, no horário de visita, o médico que passou a atendê-la disse a mãe que a menina estava entubada e com a cabeça bastante inchada. Ontem (28), veio o diagnóstico de morte cerebral.
Os familiares de Maíra fazem vigília em frente a recepção central do HR. Inclusive, sua madrinha de batismo, Cleuza Ortiz Fuzaro, veio de rio Verde ontem para ver a afilhada, mas não conseguiu. “Ela já tina passado de ano. Era boa de nota, muito querida”, diz.
A mãe conta que a filha estava aguardando contato de uma agência de modelos, onde havia feito uma série de fotos e foi apontada como “menina de talento”. “Ela me dizia que queria estudar e ser policial. Ia ganhar dinheiro e me dar um carro lindo”, diz Maria Esmeralda lembrando ainda que recentemente comprou uma casa no Parque Lageado (região sul de Campo Grande) e estava montando um quarto só para a filha. “Ela nem vai ver tudo isto que estou preparado pra ela”.
Negligência
Maria Esmeralda acusa os profissionais de saúde do Coophavila de negligência, uma vez que sua filha demorou ser atendida adequadamente e quando ela chegou à unidade informou que Maíra já havia tido uma meningite viral.
“No Pam (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Regional também não recebemos atendimento adequado porque nos isolaram numa sala sem a menor assistência e medicação. Ela ficou mais de uma hora sem uma visita médica. Só correram quando ela desfaleceu”, finaliza.
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