Juiz admite intenção de disputar governo

Nacionalmente conhecido por condenar chefões do narcotráfico, o juiz federal Odilon de Oliveira, 61 anos, está prestes a se aposentar. Seu próximo projeto é entrar para a política. Nas eleições de outubro ele pode figurar entre os candidatos a deputado federal, senador ou até governador de Mato Grosso do Sul. “Já prestei minha contribuição no […]

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Nacionalmente conhecido por condenar chefões do narcotráfico, o juiz federal Odilon de Oliveira, 61 anos, está prestes a se aposentar. Seu próximo projeto é entrar para a política. Nas eleições de outubro ele pode figurar entre os candidatos a deputado federal, senador ou até governador de Mato Grosso do Sul. “Já prestei minha contribuição no Judiciário. Agora quero trabalhar também na política”, informa.

Por ser magistrado, Odilon tem prazo para se filiar a algum partido político até 1º de abril, seis meses antes das eleições. Por enquanto, ele analisa convites. “Quase todos os partidos já me procuraram. Vai de PT a PSDB”, comenta.

Odilon revela que a magistratura sempre o satisfez, mas avalia que é hora de “procurar outra seara para contribuir com a comunidade”. Funcionário público há 37 anos, Odilon tem quase 30 dedicados exclusivamente à magistratura.

O juiz revela ainda que se eleito quer ser o que ele mesmo chamou de “político voluntário”. “Não estou interessado em salário”, garante.

PSDB

O presidente regional do PSDB deputado estadual Reinaldo Azambuja confirmou ter conversado com o juiz sobre a possibilidade de filiação.

Na conversa, o tucano relatou que o partido trabalha para se aliar ao governador André Puccinelli (PMDB). Se isso não ocorrer, o partido deverá lançar candidato ao governo, mas já tem um escolhido para tal disputa é a senadora Marisa Serrano.

Porém, Odilon poderia concorrer ao Senado pelo PSDB, possibilidade mencionada pelo próprio magistrado.

Já o juiz adota cautela sobre a possibilidade de se filiar ao PSDB ou a qualquer outro partido. “Antes de a aposentadoria sair não posse me posicionar sobre a filiação ou cargos em disputa”, explicou.

Segurança reforçada

Há anos, o trabalho de Odilon no combate ao narcotráfico o obriga a viver cercado por seguranças. O magistrado já sofreu dois atentados. Em 2005, um homem armado tentou invadir, em uma madrugada da segunda-feira, o hotel do Exército em Ponta Porã onde morou o magistrado, responsável por prisões e condenações de traficantes da fronteira com o Paraguai. Houve trocas de tiros entre sentinelas do Exército e o homem que tentou invadir o local.

Oliveira condenou, nos últimos dez anos, ao menos cem chefões do narcotráfico. Entre os seus inimigos – segundo investigações das polícias do Brasil e do Paraguai – empresários, políticos e chefes de quadrilhas.

Odilon foi alvo de vários planos de assassinato. O juiz confiscou 85 fazendas. São 36 mil hectares de terra, ou três vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Ele ainda apreendeu 166 imóveis, entre casas, apartamentos e terrenos, 564 veículos, 18 aviões, seis embarcações e quase R$ 15 milhões em dinheiro, um prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões aos traficantes.

Em sua passagem por Ponta Porã, ele condenou, em um ano, 114 traficantes a penas que somam quase mil anos de prisão. Os barões do tráfico passaram a oferecer dinheiro pela cabeça de Odilon. A primeira oferta, em 1998, foi de US$ 60 mil. Segundo investigações das polícias do Brasil e do Paraguai, a oferta hoje está em US$ 1 milhão.

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