Jornalista diz que apanhou antes de disparar tiros contra veículo ocupado por criança

Agnaldo Gonçalves disse que foi agredido e ameaçado de morte durante discussão de trânsito com o tio da criança, que morreu baleada na cabeça

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Agnaldo Gonçalves disse que foi agredido e ameaçado de morte durante discussão de trânsito com o tio da criança, que morreu baleada na cabeça

O jornalista Agnaldo Ferreira Gonçalves, 60, disse nesta quarta-feira em audiência judicial que atirou quatro vezes contra a caminhonete conduzida por Aldemir Pedra Neto, 22, porque antes, durante uma discussão de trânsito “apanhou e foi ameaçado de morte” pelo rapaz. Um dos tiros matou Rogério Pedra, o Rogerinho, de dois anos de idade, sobrinho de Aldemir, que sentava no banco de trás do veículo.

O crime ocorreu em novembro passado, no cruzamento da Avenida Mato Grosso com a Rua Rui Barbosa, região central de Campo Grande.

Gonçalves ficou preso por 80 dias e se mudou para o interior de São Paulo, assim que liberto. O MPE (Ministério Público Estadual) recorreu contra a liberdade do jornalista, a Justiça acatou o propósito, mas ele não foi detido. Sexta-feira passada Gonçalves se entregou e, desde então, está detido no Centro de Triagem.

A audiência de hoje, presidida pelo juiz Aluizio Pereira, durou ao menos uma hora. A mãe do garotinho, Ariana e o tio, Aldemir, acompanharam o depoimento.

Pelo apurado no inquérito policial, Gonçalves e Aldemir Neto iniciaram a discussão no cruzamento da Ernesto Geisel com a Avenida Mato Grosso. Quatro quarteirões depois, o jornalista efetuou os disparos contra a caminhonete conduzida pelo tio do menino.

Na audiência, o jornalista disse que após a primeira discussão, ele desceu do carro, um Fox, e logo teria sofrido agressão do rapaz. Ele afimrou em depoimento que o rapaz começou a agredi-lo com tapas e socos e que Aldemir Neto teria gritado “vou te matar, seu velho”.

Quando disparou contra a caminhonete, segundo o jornalista, os vidros estavam fechados e ele não viu que ali tinha uma criança. Já a reconstituição do crime, feita pela Polícia Civil três semanas após o crime, deixou a entender que dava para Gonçalves enxergar a criança, mesmo com os vidros do veículo fechados.

O jornalista disse ainda que após o crime ele e o filho sofreram ameaças de morte. “Hoje, tenho medo até minha sombra”, disse Gonçalves no depoimento.

Ariana, a mãe da criança chorou em alguns momentos da audiência. Já Aldemir, o tio, sorriu ao ouvir o jornalista narrar que havia apanhado dele.

O advogado de Gonçalves entrou com recurso pedindo a liberdade do jornalista. O juiz deve se manifestar quanto a essa questão na semana que vem. A defesa tem três dias para juntar aos autosdocumentos atestando a veracidade de que Agnaldo realmente está morando em Praia Grande (SP).

“Os documentos devem ser entregues pela defesa nos termos da lei, com firma reconhecida e só ai vamos decidir sobre o pedido de relaxamento da prisão”, informou o juiz Aluízio Pereira ao final do depoimento.  

Ao menos cem pessoas ligadas a família do garotinho estiveram no fórum. Eles pedem que o jornalista continue preso.

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