Integração da América Latina depende de parceria, diz pesquisa

A integração regional na América Latina só será possível se houver uma parceria entre os governos, a sociedades, as entidades civis organizadas e os empresários, a conclusão é de uma pesquisa preliminar organizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Por dois meses, os pesquisadores de várias áreas viajaram de carro por nove países da região. […]

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A integração regional na América Latina só será possível se houver uma parceria entre os governos, a sociedades, as entidades civis organizadas e os empresários, a conclusão é de uma pesquisa preliminar organizada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Por dois meses, os pesquisadores de várias áreas viajaram de carro por nove países da região. Para eles, o intercâmbio deve ser econômico, físico e intelectual. A Agência Brasil teve acesso às informações da pesquisa.

As conclusões iniciais da pesquisa intitulada Labmundo (Laboratório do Mundo), uma parceria dos departamentos de Sociologia, Ciência Política, Medicina, Engenharia e de História da UFBA, serão entregues amanhã (29) para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, em reunião no Itamaraty.

“A integração regional não é tema só de Estado ou governo. Mas da sociedade, das universidades, dos empresários e das organizações não governamentais”, afirmou à Agência Brasil o coordenador da pesquisa, Felippe Ramos, professor de Relações Internacionais do Departamento de Sociologia da UFBA.

Do começo de janeiro até a primeira semana deste mês, os pesquisadores viajaram pela Colômbia, o Paraguai, a Argentina, Bolívia, Venezuela, o Uruguai, Chile, Peru e Equador, além do Brasil. No grupo havia representantes de várias áreas para que os setores considerados essenciais – educação, saúde, relações internacionais e transportes – fossem observados.

Para os pesquisadores, é fundamental estimular o intercâmbio de pesquisas entre as universidades latino-americanas de tal forma que seja possível criar estratégias para parcerias, como por exemplo na área de biodiesel.

“Hoje importamos o ‘pensamento’ da Europa. Temos de mudar isso e passar a exportar. Um dos caminhos é a integração regional”, afirmou Ramos. Segundo o professor, pelo sistema atual, os pesquisadores latino-americanos são meros executores de decisões definidas na Europa e nos Estados Unidos.

“Infelizmente o que se vê na maioria dos casos é que decidem lá fora e aqui nos tratam como se fôssemos meros técnicos. Na prática acaba funcionando desta forma. Por isso é preciso haver uma integração de verdade”, disse Ramos.

Também é necessário que seja estabelecido um canal de informações que permita fluir o que está em desenvolvimento em cada área. Para a coordenação da pesquisa, nos dois casos é essencial que o Estado atue diretamente.

Os pesquisadores defendem ainda o estímulo para o financiamento de obras produzidas na região, de preferência, em edições bilíngues – português e espanhol. Os brasileiros reclamam que a produção nacional é praticamente desconhecida nos países vizinhos.

Por fim, os pesquisadores afirmam que a diferença na qualidade das rodovias surpreende negativamente e indica a inexistência de integração e harmonia na região. De acordo com as observações dos dois meses de viagens, as estradas têm qualidade na Argentina, no Chile, Uruguai, Equador, na Colômbia e Venezuela. Mas apresentam graves problemas no Paraguai e Peru, além de determinadas áreas do Brasil.

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