O governo decidiu fechar um acordo com o Senado antes de bater o martelo sobre o percentual de reajuste para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo.

Apesar do líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vacarezza (PT-SP), estar negociando o índice de 7% de reajuste, os governistas querem ter a certeza que o Senado vai manter o mesmo percentual para evitar o desgaste de barrar um aumento maior em pleno ano eleitoral.

“Queremos chegar a um ponto que dê conforto para a Câmara e o Senado. A nossa responsabilidade é com o povo e com o país. Não vamos tomar posições eleitoreiras ou demagógicas, nem pressionados por um setor da sociedade”, disse Vacarezza.

O governo teme impactos do reajuste se o percentual fixado pelo Congresso for superior a 7%. O acordo sugerido por Vacarezza seria um reajuste retroativo a janeiro, por isso o líder descarta mudar a data-base da categoria a partir de junho.

Se não houver acordo com os senadores, nem com as centrais sindicais, o líder do governo disse que vai manter a votação da medida provisória que prevê o reajuste de 6,14%.

“Se não tiver acordo, vou manter a MP que já é um ganho excepcional aos aposentados. Eu desafio qualquer deputado que esteja falando em aumento maior que tenha dado o reajuste que demos aos aposentados nos últimos sete anos”, disse.

Na Câmara, várias emendas já foram apresentadas ao texto, inclusive por deputados da base aliada do governo federal, com a sugestão de reajustes maiores que os 6,14% da MP.

Uma das emendas estabelece o índice composto pela correção da inflação mais 100% da variação do PIB de 2008. Há também propostas de aumentar esse percentual para 80% do PIB.

Segundo reportagem da Folha, para não sair derrotado o governo então apresentou a proposta intermediária, dos 7%, ou a correção da inflação mais dois terços da variação do PIB.

Ontem, Vacarezza se reuniu com os ministros Guido Mantega (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Bernardo (Planejamento), Carlos Eduardo Gabas (Previdência) e Erenice Guerra (Casa Civil), que teriam aceitado o acordo.

Impactos

Segundo os deputados, o impacto extra para a Previdência com o novo reajuste será da ordem de R$ 84,6 milhões por mês ou R$ 1,1 bilhão por ano. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, diz que o ganho real para os aposentados será de 0,4% sobre a folha.

A proposta feita pelo governo prevê ainda que a definição do reajuste das aposentadorias para 2011 seja feita durante a discussão e a votação do Orçamento da União para o próximo ano, após as eleições.