Eleição presidencial deste ano terá dez candidatos nanicos
Com tempo curto de propaganda partidária no rádio e na televisão e pouca verba para campanha, candidatos nanicos estarão presentes em maior número na eleição presidencial deste ano – serão dez nomes, contra cinco no último pleito, em 2006. Não se via tantos nanicos na disputa à Presidência desde 1989, quando 14 candidatos com menor […]
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Com tempo curto de propaganda partidária no rádio e na televisão e pouca verba para campanha, candidatos nanicos estarão presentes em maior número na eleição presidencial deste ano – serão dez nomes, contra cinco no último pleito, em 2006. Não se via tantos nanicos na disputa à Presidência desde 1989, quando 14 candidatos com menor peso eleitoral estavam na corrida pelo Palácio do Planalto.
Neste ano, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Ciro Moura (PTC), Oscar Silva (PHS), Mario de Oliveira (PT do B), Ivan Pinheiro (PCB), Zé Maria (PSTU), Levy Fidelix (PRTB), Rui Costa Pimenta (PCO), Américo de Souza (PSL) e José Maria Eymael (PSDC) concorrem com Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) à Presidência da República.
Segundo o cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UNB), o aumento na participação de nanicos na disputa pode ser atribuído, em grande parte, ao fim da verticalização, que desobrigou as legendas a reproduzir nos Estados as alianças feitas em nível nacional. “Em 2002 e 2006, não valia a pena lançar candidatura própria.
Hoje, isso voltou a ser um bom negócio”, diz Fleischer, que considera nanicos todos candidatos que atingem menos de 2% dos votos válidos em uma eleição ou nas pesquisas de intenção de votos.
O especialista também acredita que muitos desses políticos utilizam a candidatura à Presidência como plataforma para promoção a um outro cargo público, em eleições futuras. Um dos exemplos foi o do médico Enéas Carneiro, fundador do Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona) e falecido em 2007. Na disputa eleitoral desde 1989, sempre com pouco tempo de TV, criou o bordão “Meu nome é Enéas” e elegeu-se deputado federal por São Paulo com mais de 1,5 milhão de votos, em 2002.
Para Marco Antonio Villa, professor de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), a maioria dos partidos pequenos não tem relevância política ou ideológica e funciona mais como legenda de aluguel. “Eles não participam do processo eleitoral. Ninguém os ouve. Muitas vezes eles só servem como motivo para virar piada no You Tube”, diz.
Na opinião de Villa, deveria haver uma mudança na legislação eleitoral para não permitir que partidos sem representação no Congresso Nacional tivessem tempo no horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Hoje, esse tempo é determinado pelo número de deputados eleitos pelo partido. No entanto, um terço do tempo para a eleição majoritária é repartido igualmente entres os candidatos.
Na corrida
Entre os pré-candidatos de siglas pequenas, o mais experiente é Plínio de Arruda Sampaio, de 80 anos, que começou a carreira política em 1958 como subchefe da Casa Civil no governo de Carvalho Pinto, em São Paulo. Ele também foi deputado federal por duas vezes, em 1962, pelo PDC, e em 1986, pelo PT. Em 2005, saiu do Partido dos Trabalhadores e filiou-se ao PSOL, legenda pela qual disputou o governo de São Paulo em 2006 e, neste ano, a Presidência pela primeira vez.
Outro candidato que também passou por Brasília foi Américo de Souza, do PSL, em 1978, quando foi deputado federal pelo Rio Grande do Norte, depois da saída de José Sarney para assumir a Presidência da República.
O único estreante em eleições é o pré-candidato do PT do B, Mario de Oliveira. Engenheiro e advogado, ele hoje atua como professor de Direitos Humanos e Direito Internacional. “Resolvi me candidatar porque não vejo nos outros candidatos propostas para levar o Brasil para o primeiro mundo”, afirma. Oliveira diz que usará apenas a internet para fazer propaganda e tentar angariar votos. “A mídia é monopolizada pelos grandes (candidatos). Na internet, temos acesso a 40 milhões de pessoas”.
O candidato Levy Fidelix, famoso pelo bordão “Nada de metrô, aerotrem”, disputou diversos cargos públicos: de vereador a deputado federal. Agora, tenta pela segunda vez a Presidência da República. Levy rejeita o rótulo de “nanico” e diz que é apenas de um partido pequeno. “Nanico não cresce. A mídia tem de acabar com essa nomenclatura”.
Para ampliar o número de eleitores, ele aposta na internet como ferramenta para divulgar suas propostas e afirma que fará questão de participar de todos os debates na televisão. “Eles (os principais candidatos) estão com medo. Vou enfrentá-los olho no olho.” Levy acredita que conseguirá atingir de 4 a 5 milhões de votos nesta eleição.
Na lista de candidatos “perseverantes”, também estão o ex-deputado federal José Maria Eymael, do PSDC, o jornalista Rui Costa Pimenta, do PCO, e o sindicalista Zé Maria, do PSTU, todos na terceira tentativa de concorrer ao Palácio do Planalto.
Já os pré-candidatos Ivan Pinheiro, do PCB, Ciro Moura, do PTC, e Oscar Silva, do PHS, concorreram a outros cargos públicos, mas tentam pela primeira vez a disputa à Presidência da República na eleição de 2010.
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