Segundo pesquisa, brasileiro não valoriza a democracia
Apenas 37% julga o sistema como a melhor forma de governo. Em 1996 a aprovação chegava a 50%
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Apenas 37% julga o sistema como a melhor forma de governo. Em 1996 a aprovação chegava a 50%
O Brasil é o país latino-americano com o menor índice de apoio à democracia, de acordo com pesquisa da organização chilena Corporación Latinobarómetro, realizada em 17 países da América Latina e divulgada em São Paulo. Apenas 37% dos brasileiros consideram a democracia preferível a outras formas de governo, numa queda de 13 pontos percentuais em relação a 1996.
A economista Marta Lagos, responsável pelo levantamento, considera esse dado um de seus principais enigmas: “Não consigo encontrar explicações lógicas para que o apoio à democracia no Brasil seja tão baixo”. Para o cientista político Jairo Nicolau, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), o resultado pode ser conseqüência da abstração do conceito de democracia: “É uma idéia um pouco vaga, inclusive para os estudiosos, quanto mais para a população em geral”, disse.
Ele considera que perguntas mais diretas, como “você prefere um governo eleito diretamente ou indiretamente”, trariam outro resultado. “Se 63% da população estivesse insatisfeita com a democracia, por que as taxas de votos nulos e brancos e as abstenções caíram nas últimas eleições?”, questiona.
EM CIMA DO MURO – A pesquisa mostra ainda uma tendência da população de se autodefinir como centrista no espectro ideológico. Numa escala entre zero (mais à esquerda) e 10 (mais à direita), a maioria dos países está entre cinco e sete. Honduras (7,8) é o país mais à direita, e México (4,8), o mais à esquerda.
O segundo país mais à direita, a Colômbia (6,9), vive uma guerra civil envolvendo guerrilhas de extrema-esquerda e paramilitares de extrema-direita e acaba de empossar um presidente direitista, Alvaro Uribe, eleito no primeiro turno, em maio, prometendo pulso firme contra esses grupos.
DIREITA VOLVER? – Apesar de os dados da pesquisa indicarem uma pequena variação à direita em 11 dos 17 países pesquisados, Marta considera equivocada a visão de que a região está se “direitizando”. “Os dados mostram, essencialmente, que a América Latina é de centro”, afirma. “As pessoas não querem governos de esquerda ou de direita, querem é democracia, estabilidade e prosperidade econômica”, disse.
Para ela, isso indica que seria muito difícil a eleição de alguém da extrema-direita ou da extrema-esquerda. “Todo extremo tem um alto grau de rejeição. Por isso, os políticos de esquerda ou de direita se afastam da sua origem para avançar em direção ao centro”, afirmou, tomando como exemplo o discurso do candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que avançou da esquerda ao centro entre as eleições de 1989 e a deste ano.
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