‘Isolados’ por dois anos, jovens atletas voltam ao esporte e batem recorde de participações nos campeonatos escolares
Atletas ficaram longe dos treinos e competições por conta do coronavírus
Fábio Oruê –
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Sem aulas presenciais, sem treinos e sem encontros com a ‘galera’. Assim foram os últimos dois anos dos jovens em idade escolar, que agora estão voltando à rotina normal com a carga toda. Isso porque as competições escolares estão batendo recordes de participações dos estudantes-atletas, que estão gastando toda a energia acumulada nos campeonatos.
Como é o caso dos Jogos Escolares da Juventude, que acontecem até a próxima segunda-feira (22) em Campo Grande. Nesta primeira etapa, são 1.068 jovens, de 15 a 17 anos, que disputam nas modalidades de basquete e futsal.
Esse número é 37% maior que o total de atletas — em todas as modalidades — em 2021, que foi de 774 estudantes-atletas. Em 2019, no período pré-pandêmico, foram 978 participantes nas duas modalidades desta primeira etapa. O evento, organizado pela Fundesporte (Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul) não foi realizado em 2020 por conta do coronavírus.
O mesmo acontece com a delegação brasileira que compete no Gymnasiade 2022, na França. O Brasil tem 230 jovens atletas, sendo a maior delegação do país na história da competição, que pela primeira vez tem também esportes paralímpicos. São 118 homens e 112 mulheres entre os atletas.
Dentre eles, estão três promessas do Judô de MS: Andrey Kuttert, de 17 anos, Maria Júlia Moreira e Larissa Barros, ambas de 16 anos, que já garantiram medalhas para o Brasil na competição.
Esporte e socialização
Para a psicopedagoga Glaucia Benini, o fenômeno pode ser explicado pela vontade dos estudantes de estarem juntos novamente, após o período de isolamento social, sem qualquer tipo de interação.
“A gente passa a valorizar mais o ar livre e o esporte acaba apontando, nesse período pós-pandemia, como uma ferramenta importantíssima para o desenvolvimento da autoconfiança e da socialização”, comentou ela com a Jornal Midiamax.
“Um dos legados positivos que nós temos agora é valorização desses momentos de interação, que, às vezes, antes estavam esquecidos. Então, após esse período longo de pandemia, volta com tudo essa interação, essa vontade de praticar esporte, de ressocializar, de competir mesmo e alcançar metas. Esse retorno ao esporte acaba sendo um legado muito produtivo pós-pandemia”, complementa.
Para o diretor-presidente da Fundesporte, Sílvio Lobo Filho, esse aumento no número de participantes também mostra um esforço em conjunto. “Demonstra um interesse das prefeituras, dos municípios, das escolas e especialmente dos técnicos nas renovações das suas equipes no pós-pandemia e o avanço no quantitativo. [Bater o recorde de participações] é um avanço considerável e importante no cenário do desporto escolar em Mato Grosso do Sul”, avalia.
Liberdade e novas amizades
Quem concorda com o pensamento de Glaucia é Thaila Borges, chefe da delegação de Coxim nos Jogos Escolares da Juventude, que não esconde sua animação em voltar a participar do evento em seu tamanho convencional.
“Como nos anos anteriores não tivemos os Jogos do mesmo jeito por conta da pandemia, é um prazer imenso retornar em uma edição recordista em tamanho. Temos atletas que estão saindo pela primeira vez para uma competição a nível estadual, é algo diferente da nossa realidade. O período de pandemia foi bem cruel para todos, então acho que os jovens estão sentindo liberdade novamente, voltando aos poucos à normalidade”, conclui a dirigente.
Para Juliana Teixeira, atleta da seleção feminina de basquete de Ponta Porã — que já é veterana nos Jogos Escolares — essa edição se diferencia das outras. “Participamos de Jogos menores do que esses, então é bem diferente chegar em uma edição deste tamanho, depois do tempo que passamos na pandemia”, conclui.
O aquidauanense José Eustáquio Neto, de 17 anos, é participante de primeira viagem e está aproveitando para aumentar os contatos. “Estou gostando bastante da experiência de estar aqui, estou fazendo bastantes amizades e conhecendo o pessoal”, diz o estudante-atleta.
Nem o frio espanta
A frente fria que tomou conta de Campo Grande não foi o suficiente para tirar a energia dos mais de mil estudantes-atletas participantes dos Jogos Escolares da Juventude. Mesmo com as disputas ocorrendo na Capital considerada a mais fria do Brasil nesta semana, os adolescentes não desanimaram e continuaram lutando com unhas e dentes pelos troféus da competição.
Para a treinadora de futsal masculino de Alcinópolis, Carliane Barbosa, o frio fez um contraste imenso com o clima de seu município. “O frio lá de Alcinópolis chega a no máximo 14°C. Então, foi complicado chegar aqui e nos depararmos com 6°C. Mas a animação é tanta que acaba compensando essa dificuldade”, conta a técnica.
“Tenho alguns atletas que estão no último ano de participação, então estão encerrando esse ciclo com chave de ouro em um evento deste nível proporcionado pela Fundesporte. Mesmo com o frio, todos estão bem agitados”, conclui.
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