Após ajustes, clubes formulam novo plano de renegociação salarial para a pandemia

Os clubes brasileiros aguardam a resposta da segunda rodada de negociações salariais para definir como ficará o acerto com os atletas durante a paralisação do calendário pela pandemia do novo coronavírus. Nesta segunda-feira, os jogadores e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) solicitaram ajustes na primeira proposta feita pela Comissão Nacional de…

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Torcida do Operário presente no Morenão (Foto: Henrique Arakaki)
Torcida do Operário presente no Morenão (Foto: Henrique Arakaki)

Os clubes brasileiros aguardam a resposta da segunda rodada de negociações salariais para definir como ficará o acerto com os atletas durante a paralisação do calendário pela pandemia do novo coronavírus. Nesta segunda-feira, os jogadores e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) solicitaram ajustes na primeira proposta feita pela Comissão Nacional de Clubes (CNC) e agora terão mais dois dias de prazo para dizerem se aceitam a nova oferta.

A CNC, que representa times das Séries A até a D do futebol nacional, pretende implementar mudanças para diminuir os impactos financeiros causados pela falta de jogos. Após a entidade ter uma primeira reunião na sexta-feira, nesta segunda houve um videoconferência com representantes de 46 times para reformular uma nova proposta aos jogadores e à Fenapaf após a primeira ter sido recusada.

As novas diretrizes foram obtidas pelo Estado e trazem como principais pontos as férias coletivas de 20 dias em vez de 30, como proposto anteriormente pelo clubes, e a manutenção de 10 dias de férias na virada para o ano de 2021. A principal novidade da última proposta está na redução salarial. Em vez de as equipes pagarem 50% a menos caso a suspensão do calendário durar mais de um mês, agora foi oferecido aos jogadores uma diminuição de 25% (inclui direitos de imagem e contrato CLT).

Porta-voz da Comissão Nacional de Clubes, o presidente do Fluminense, Mario Bittencourt, afirmou que as medidas são necessárias para evitar problemas financeiros. “O Fluminense já está sofrendo as consequências, como outros clubes. Tivemos patrocinadores cancelando contratos, estamos sem as receitas, obviamente, de bilheteria, venda de camisas, atrasamos o lançamento da nova camisa que seria hoje (segunda-feira) até. Estamos reduzindo muitas receitas, não tem como vender atletas”, disse ao canal SporTV.

Além do Fluminense, representam a Série A nesta comissão o Palmeiras, o Bahia e o Atlético-MG. Presidente do time alvinegro, Sérgio Sette Câmara disse em transmissão ao vivo no YouTube nesta segunda-feira que os clubes estão unidos para renegociar os salários dos jogadores. “Nós todos sabemos que a maioria esmagadora dos clubes no Brasil passa por dificuldades financeiras. Deixar de ter receita e continuando a ter a despesa que é gerada todo mês acaba de inviabilizar tudo. Temos que nos unir para tentar salvar o futebol brasileiro, que corre risco”, afirmou.

No comunicado enviado à Fenapaf, a CNC afirma que não se houver resposta dentro do prazo de dois dias, todos os jogadores terão o início das férias coletivas declarada, como autorizado nesta segunda-feira por Medida Provisória (MP) do governo federal.

Desde a última semana, todos os times da Série A dispensaram os jogadores dos treinos para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Outra medida formulada pelos clubes para diminuir os gastos nesse período de quarentena foi de acionar o Ministério da Economia para pedir a interrupção do pagamento das parcelas do Profut, programa de refinanciamento de dívidas fiscais do futebol.

POUCO EFETIVO – Para o presidente do Sindicato de Atletas se São Paulo (Sapesp), Rinaldo Martorelli, a negociação é precoce pois se deve considerar que não há uma estimativa concreta para quando o calendário das competições será restabelecido nem como poderá ser resolvido o problema nos Estaduais, torneios em que boa parte dos jogadores disputam sob contratos temporários e de curta duração. “Não se pode discutir as Séries A e B antes de resolver os Estaduais”, disse.

Na opinião dele, criar um pacote nacional de medidas é complexo. “Dentro do clube, um mesmo tipo de negociação talvez você consiga estender para dois ou três jogadores. Nem no próprio elenco você consegue fazer uma negociação única, porque as condições são heterogênias. Agora, no cenário brasileiro é ainda mais difícil”, comentou.

Confira as propostas:

SOBRE FÉRIAS

Primeira versão: Conceder imediatamente a todos os atletas o gozo de 30 (trinta) dias de férias coletivas com início em 23/03 e término em 21/04, antecipando qualquer período de férias proporcionais que os atletas venham a adquirir durante o restante de 2020, em qualquer clube que venha a jogar ainda em 2020. Todavia apesar de antecipar para agora os 30 dias de gozo, o pagamento das férias seria diferido, sendo 50% do valor agora, a ser pago pelo atual empregador e os outros 50%, com o 1/3 integral, a ser pago até 31/12/2020.

Segunda versão: Férias Coletivas de 20 dias a todos os atletas, no período compreendido entre os dias 1 de abril e 20 de abril de 2020, com pagamento integral no quinto dia útil do mês subsequente ao gozo das férias e o 1/3 constitucional a ser pago no mês de dezembro de 2020, de modo que os clubes – e somente eles – arcarão integralmente com a manutenção das atividades futebolísticas durante tal período.

SOBRE FIM DE ANO

Primeira versão: Férias de final de ano de 24/12 a 02/01/2021.

Segunda versão: Garantia aos atletas do período de 10 dias restantes de férias no final do ano de 2020 ou no início de 2021, adequadas ao calendário que se desenhará após o retorno da paralisação.

SOBRE REDUÇÃO SALARIAL

Primeira versão: Após férias coletivas não sendo possível volta campeonatos, redução da remuneração (CLT e imagem) em 50% por 30 dias, com treinamento em casa.

Segunda versão: Redução da remuneração dos atletas em 25% durante o período da paralisação, como preceitua o artigo 503 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em casos extremos e de força maior.

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