Com empréstimos, Corinthians ficará nas mãos do BMG e da Caixa em 2020
O Corinthians começará a próxima temporada dependente de dois bancos. Para reforçar o elenco e ter um time competitivo conta com empréstimos do BMG. E para pagar a arena espera que a Caixa Econômica Federal aceite a proposta de redução do valor das parcelas do financiamento. O diretor financeiro do clube, Matias Romano Ávila, se […]
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Uma nova parceria entre Corinthians e BMG deve ser anunciada formalmente no início do ano, ampliando o acordo de janeiro. Com a Caixa, o clube enviou o pedido de refinanciamento em dezembro e o banco pediu 60 dias para analisar. A resposta deve ser dada no final de janeiro, início de fevereiro. O Corinthians tenta reduzir os valores e ampliar o prazo final, que terminaria em 2028.
Nem os bancos e nem o Corinthians dão detalhes das negociações. O Estado apurou que o patrocinador master, basicamente, passará a emprestar dinheiro ao clube para fazer contratações. Os R$ 20 milhões à vista pagos pelo atacante Luan, do Grêmio, vieram do BMG, por exemplo. A possível chegada do atacante Michael, do Goiás, também contará com dinheiro do banco especializado em crédito consignado.
O BMG, no entanto, não tem relação nem influência nas contratações. Ou seja, não receberá porcentagem de lucro em uma eventual venda. O Corinthians solicita o valor e o banco faz o empréstimo, com juros mensais de cerca de 3,5% ao mês.
O especialista em marketing esportivo, Amir Somoggi, sócio diretor da Sports Value, condena a iniciativa corintiana. “É o pior cenário possível. O Corinthians tem lastro, tem patrimônio. Mas, a cada antecipação, hipoteca o futuro do clube. É como você pedir ao seu chefe para antecipar os 12 meses de salário do próximo ano. Você fica com o dinheiro agora, mas como ficará lá na frente? A construção do estádio foi no mesmo caminho. O Corinthians quis construir, mas não tinha dinheiro para pagar”, avaliou.
No ato do primeiro contrato com o BMG, o clube recebeu R$ 30 milhões, correspondente a duas temporadas de patrocínio e outros R$ 6 milhões em adiantamento referentes a eventuais lucros com a criação do banco digital Meu Corinthians BMG. O acordo tem duração de cinco temporadas, com possibilidade de renovação por mais cinco.
O diretor executivo da Ernst&Young, Pedro Daniel, também é cauteloso com esse acordo. “A parceria com o BMG é muito mais arriscada do que o financiamento com a Caixa. O acordo expõe o problema de fluxo de caixa do clube”, afirmou.
O Corinthians teve um ano ruim financeiramente. A previsão é de fechar com déficit de R$ 144 milhões. A dívida líquida total do clube passa dos R$ 600 milhões. Esse valor é o total do passivo do clube, menos seu ativo e não inclui a dívida do estádio com a Caixa. Matias Ávila tentou tranquilizar os torcedores.
“A situação não preocupa”, comentou ao Estado. “A dívida anual está relacionada ao pagamento de salários futuro e direito de imagem. As contas estão em dia. E 70% da líquida é de longuíssimo prazo, de mais de 20 anos”, avaliou.
RELAÇÃO COM A CAIXA – O Corinthians teve um ano atribulado com a Caixa. Depois de ficar sem pagar o financiamento por seis meses, o banco acionou o clube na Justiça e cobrou o pagamento restante do financiamento de R$ 536 milhões. Com isso, a Arena foi parar no Serasa. O Corinthians negou o atraso e justificou que estava pagando de acordo com um acerto verbal feito com a antiga gestão da Caixa. Nela, o clube pagaria R$ 6 milhões mensais entre março e outubro e R$ 2,5 milhões nos quatro meses restantes, que é quando sua bilheteria diminui porque há menos jogos.
No novo acordo, o Corinthians sugere a mesma forma de pagamento, com valores mais baixos. Por consequência, o estádio não terminará de ser pago em 2028. “Enviamos a proposta e estamos aguardando a posição da Caixa. A relação é ótima, tranquila. Nós queremos pagar e eles receber. Aconteceu o que pode acontecer com qualquer um. Você fica em dificuldade para pagar seu imóvel, você vai lá no banco e renegocia. Pago menos e o prazo aumenta um pouco. Vamos pagar os juros corretos”, avisou Matias.
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