Juros: Exterior alivia efeito de ceticismo com arcabouço e taxas reduzem alta
Os juros futuros fecharam majoritariamente em alta, tendo reduzido o ritmo a partir de meados da tarde, acompanhando a melhora do ambiente internacional. O alívio aplacou um pouco a pressão da recomposição de prêmios que vinha puxando as taxas para cima desde a abertura, com a repercussão negativa de uma avaliação mais detalhada do arcabouço […]
Diego Alves –
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Os juros futuros fecharam majoritariamente em alta, tendo reduzido o ritmo a partir de meados da tarde, acompanhando a melhora do ambiente internacional. O alívio aplacou um pouco a pressão da recomposição de prêmios que vinha puxando as taxas para cima desde a abertura, com a repercussão negativa de uma avaliação mais detalhada do arcabouço fiscal pelos agentes. O mercado está preocupado especialmente com o peso que a proposta coloca sobre as receitas para alcançar a melhora dos resultados primários nos próximos anos, na medida em que o governo, ao mesmo tempo, insiste que não haverá elevação de impostos. Com o desempenho de hoje, a curva encerra março com todas as taxas em queda em relação ao fim de fevereiro, mas com as longas caindo mais do que as curtas.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,20%, de 13,15% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,94% para 12,03%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,10%, de 12,08% ontem no ajuste, mas a do DI para janeiro de 2029 caiu a 12,52%, de 12,54%.
A semana foi marcada por forte volatilidade, instalada inicialmente pelos ruídos que antecederam a divulgação do arcabouço fiscal e depois pela reação à proposta em si, que se estendeu de ontem para hoje. “Ainda tem muita coisa a ser explicada, tem muita ponta solta”, afirma o estrategista para juros e câmbio e sócio da Garin Investimentos, Felipe Beckel. Por ora, ele não vê possibilidade de cumprimento das metas sem aumentar imposto, na medida em que o governo deve enfrentar muita resistência no mundo político para desfazer desonerações e combater os “jabutis” que distorcem a arrecadação.
Em evento promovido pela Warren Rena, Ceron afirmou que parte do déficit decorre de uma renúncia tributária que equivale a 1,5% do PIB. Ele afirmou que o teto de gastos, que limitava o crescimento da despesa, não olhava para a receita. Com isso, era criado um incentivo para renuncia de receitas, o gerou uma pressão considerada pelo secretário insustentável para 2023. “Quem usa de manobras para pagar menos impostos, é dever do Estado para inibir esses comportamentos. As compensações tributárias cresceram mais de R$ 100 bi nos últimos três ano”, disse. Ceron voltou a afirmar que o Ministério da Fazenda anunciará na próxima semana medidas fiscais para aumentar a arrecadação de 2023 em até R$ 150 bilhões.
A partir de meados da tarde, a pressão foi suavizada pelos ventos externos vindos da fala “dovish” do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Willians. Entre outras coisas, ele disse que a perspectiva para a economia é incerta e previu aumento gradual na taxa de desemprego para 4,5% em 2024. As declarações somaram-se ao núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, em inglês) levemente abaixo do esperado para encorajar apostas de que o ciclo de alta de juros pelo Federal Reserve pode ter chegado ao fim. Com isso, as taxas dos Treasuries ampliaram a queda, com a da T-Note de dez anos marcando 3,47% no fim da tarde.
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