86% dos pequenos negócios que buscaram crédito ainda não conseguiram, aponta pesquisa
A 3ª Pesquisa do Impacto do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae, com parceria da Fundação Getúlio Vargas, traz que 86% dos empreendedores que buscaram empréstimos tiveram propostas negadas ou ainda têm seus pedidos em análise. Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, decorrente da pandemia do novo coronavírus, apenas 14% daqueles […]
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A 3ª Pesquisa do Impacto do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae, com parceria da Fundação Getúlio Vargas, traz que 86% dos empreendedores que buscaram empréstimos tiveram propostas negadas ou ainda têm seus pedidos em análise. Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, decorrente da pandemia do novo coronavírus, apenas 14% daqueles que solicitaram crédito tiveram sucesso.
A pesquisa foi realizada entre 30 de abril e 5 de maio, com base em respostas de 10.384 microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas de todo o país. Esta é a 3ªedição de uma série iniciada pelo Sebrae no mês de março, pouco depois do anúncio dos primeiros casos da doença no país.
Uma das tendências identificadas pelos números é que os donos de pequenos negócios têm – historicamente – uma cultura de evitar a busca de empréstimo. Mesmo com a queda acentuada no faturamento, 62% não buscaram crédito desde o começo da crise. Dos que buscaram, 88% o fizeram em instituições bancárias. Já entre os que procuraram em fontes alternativas, parentes e amigos (43%) são a fonte de empréstimos mais citada, seguidos de instituições de microcrédito (23%) e negociação de dívidas com fornecedores (16%).
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, esse comportamento pode ter diversas razões, entre elas: as elevadas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, o excesso de burocracia ou a falta de garantias por parte das pequenas empresas. Assim, o Sebrae quer atuar pela ampliação do volume de instituições parceiras para a operação do Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas).
“Já contamos com 12 organizações, entre bancos públicos e privados, cooperativas de crédito e agências de fomento. Queremos estender esse apoio a um número maior de empresários”, comenta Melles. Segundo o presidente do Sebrae, em apenas pouco mais de 10 dias de operação do convênio firmado com a Caixa para a concessão de crédito assistido, com recursos do Fampe, foram realizadas 3.104 operações e concedidos R$ 267,9 milhões em crédito para pequenos negócios.
Agentes financeiros
Analisando particularmente a procura de crédito junto aos agentes financeiros, a mostrou que os mais demandados, desde o início da crise, foram os bancos públicos (63%), seguidos dos bancos privados (57%) e cooperativas de crédito (10%). Entretanto, avaliando a taxa de sucesso desses pedidos, o estudo do Sebrae mostrou que as cooperativas de crédito lideram na concessão de empréstimos (31%) e, na sequência, aparecem os bancos privados (12%) e os bancos públicos (9%).
Impactos da pandemia
A pesquisa revelou que as medidas de isolamento recomendadas pelas autoridades de saúde atingiram a quase totalidade dos pequenos negócios. 44% interromperam a operação do negócio, pois dependem do funcionamento presencial. Outros 32% mantêm funcionamento com auxílio de ferramentas digitais e 12% mantêm funcionamento, apesar de não contar com estrutura de tecnologia digital. Apenas 11% conseguiram manter a operação sem alterações, por outras razões, entre segmentos listados como serviços essenciais.
Faturamento
Com relação ao faturamento do negócio, a maioria dos donos de pequenas empresas (89%) apontou uma queda na receita mensal. 4% não perceberam alteração de faturamento, apenas 2% conseguiram registrar aumento de receita no período e 5% não quiseram responder. Na média, o faturamento dos pequenos negócios foi 60% menor do que no período pré-crise. Apesar de preocupante, esse resultado é melhor do que o identificado nas duas pesquisas anteriores. Em março, a queda havia sido de 64%. No 2º levantamento, no início de abril, a perda média de receita havia sido ainda maior (69%).
Para tentar superar esse momento, as empresas estão lançando mão de diferentes recursos. Para 29% delas, a alternativa foi passar a realizar vendas online, com o uso das redes sociais. 12% disseram ter começado a gerenciar as contas da empresa por meio de aplicativos e 8% passaram a realizar vendas online por aplicativos de entrega.
Quanto à gestão dos recursos humanos das empresas, 12% dos entrevistados revelaram que tiveram de demitir funcionários nos últimos 30 dias, em razão da crise. 29% das empresas com empregados suspenderam o contrato de funcionários; outros 23% deram férias coletivas; 18% reduziram a jornada de trabalho com redução de salários; e 8% reduziram salários com complemento do seguro-desemprego; alternativa permitida pela MP 936.
Análise dos Segmentos
A pesquisa avaliou a perda média de faturamento semanal dos microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, de acordo com o segmento de atuação. Embora todos os setores tenham registrado perdas, elas foram mais sensíveis na atividade da Economia Criativa (eventos, produções etc) (-77%), Turismo (-75%) e Academias de Ginástica (-72%). Já os segmentos com menor perda de faturamento, de acordo com o estudo, foram Pet Shops e Serviços Veterinárias (-35%), Agronegócio (-43%) e Oficinas e Peças Automotivas (-48%).
(Com informações do Sebrae-MS)
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