‘Não está sendo fácil’: consumidor adapta lista e muda de mercado para economizar
Poucos mantêm hábitos de compra intactos
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Poucos mantêm hábitos de compra intactos
Feijão, leite e seus derivados foram alguns dos itens da lista de compra dos brasileiros que mais sofreram alta em 2016. Com a crise e subida generalizada de preços, a maioria dos consumidores se obrigaram a fazer algumas adequações ao realizarem suas compras, optando por marcas mais baratas, cortando supérfluos e mudando de lugar para economizar.
Conforme informações divulgadas pelo Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais) a inflação acumulada em Campo Grande em 2016 foi de 6,82%, porém a alta de alguns produtos foi bem maior. O leite longa vida sofreu variação de 48% para mais no período, contribuindo para o aumento do preço dos derivados. O feijão também foi um dos vilões, com alta acumulada de 46,10% e até 89,97%, dependendo da marca.
Entre consumidores entrevistados pela reportagem do Jornal Midiamax, a alteração mais comum foi a troca de marcas, em busca de produtos mais baratos e o corte dos supérfluos. Foi o caso da auxiliar administrativa Alessandra Martins Rojas de 23 anos, que trocou marcas de produtos de limpeza, além de ter diminuído o consumo de feijão.
Da mesma forma procedeu a farmacêutica Márcia Andrade, de 49 anos, que além de mudar as marcas de produtos de limpeza diminuiu a compra de queijos, requeijão e ricota. A cozinheira Marli Fávero, de 42 anos, fez a adequação em toda a lista de compras. “Escolho sempre o mais barato e o que está em promoção”, diz.
A estudante Sara Cristaldo, de 27 anos também substituiu marcas. “Antigamente sempre comprava as marcas conhecidas, hoje vou no mais barato. Já os produtos de limpeza não tem jeito, tem marca que limpa melhor. Acabei diminuindo a compra de frutas e deixei de comprar suco de caixinha. Passamos a comprar refrigerante que sai mais em conta”, observa.
Poucas mudanças foram feitas na lista de compras da confeiteira Rosângela Alcebíades, de 42 anos. “Higiene e limpeza não dá pra mudar as marcas. E alimentação, cada um tem um gosto, se mudar a marca a família reclama. Mas tento fazer algumas adequações e comprar menos. Ensino a secretária como usar melhor os produtos e assim economizar. Diminuí também a compra de supérfluos”, relata.
Leite condensado
Supérfluos, leite e derivados foram citados por vários consumidores e o leite condensado é um dos produtos da lista dos desnecessários feitos a partir do leite que todo brasileiro adora. E ele não escapou da alta dos preços.
Já até apareceu no mercado um substituto para o produto, com sabor leite condensado, que não agradou a confeiteira Rosângela Alcebíades. “Acabei comprando duas latas e acabei nem usando. Confeiteiras de um grupo que eu participo disseram que o produto não dá ponto para fazer doces e fica com sabor salgado”, conta ela.
Rosângela, que tem uma loja de bolos há um ano e meio, diz que acompanhou a alta do preço do produto. “Não compro do mais caro. Compro uma marca mediana que atende minhas necessidades. Em julho de 2015 o preço era R$ 1,80 e agora está R$ 3,40. Tentei marcas mais baratas, mas não compensa. A qualidade cai muito”, explica.
Mas para o consumidor comum, que não abre mão do queridinho leite condensado, as marcas com os preços mais baixos acabam atraindo. “Deixo de usar ou compro só em datas especiais, mas pego sempre o mais barato”, afirma a cozinheira Marli.
Supermercados X Atacarejos
A maioria das pessoas consultadas pelo Jornal Midiamax afirma que realiza compras regularmente nos chamados ‘atacarejos’ em busca de preços mais baixos. Como o sortimento de marcas dos produtos não é tão grande, os consumidores afirmam buscar nos supermercados apenas alguns produtos diferenciados.
Conforme pesquisa encomendada pela Amas (Associação Sul-mato-grossense de Supermercados), foi verificado uma migração das marcas mais caras para as mais baratas. “Aconteceu mudança de categoria de produto. Marcas com maior valor agregado ficaram preteridas, assim com as marcas mais baratas passaram a ter vendas maiores”, afirma Edmilson Veratti, presidente da Amas. Segundo ele, a mudança de comportamento acontece principalmente com produtos de limpeza, biscoitos, massas e arroz.
Edmilson relata ainda que no último ano o varejo em Campo Grande não apresentou mesmo crescimento observado em outros anos. Ele afirma que pesquisas nacionais mostram aumento maior dos atacarejos em relação ao registrado com supermercados, porém não tem dados para afirmar se, no estado ou na capital, o consumo apenas diminuiu ou migrou para os atacadistas.
Dados enviados pelo Assaí Atacadista corroboram a informação. A rede diz que acumulou crescimento de 39,8% nas vendas no terceiro trimestre de 2016. Em comparação com o mesmo período de 2015, o aumento foi de 45,7%.
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