Dólar fecha em queda de 2% e vai ao patamar de R$3,23 com exterior e ausência do BC

Recuou 2,09 por cento

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Recuou 2,09 por cento

O dólar caiu 2 por cento e fechou na casa de 3,23 reais pela primeira vez em quase um ano nesta quarta-feira, reagindo ao ambiente externo favorável e à ausência do Banco Central do mercado de câmbio mesmo diante do tombo recente da moeda norte-americana.

O dólar recuou 2,09 por cento, a 3,2370 reais na venda, menor nível de fechamento desde 22 de julho de 2015 (3,2257 reais). Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a 3,2285 reais. O dólar futuro caía cerca de 2 por cento no final da tarde.

A moeda norte-americana já havia recuado 2,61 por cento na véspera diante da recuperação dos mercados globais, acumulando queda de 4,64 por cento em duas sessões.

“O dólar engrenou em um movimento de baixa, tanto aqui quanto lá fora, e parece que o BC não tem objeções a isso”, disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

O apetite por ativos mais arriscados que varreu os mercados globais na sessão passada continuou forte nesta terça-feira, com investidores recebendo bem a perspectiva de que bancos centrais globais podem reagir a eventuais turbulências financeiras com mais estímulos após o referendo britânico.

O dólar cortou em mais da metade a alta registrada frente ao peso mexicano desde que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia na quinta-feira passada. De lá para cá, chegou a acumular alta de 7 por cento mas, nesta sessão, a valorização no período havia caído para cerca de 1,5 por cento.

A queda intensa da moeda norte-americana frente ao real pegou de surpresa muitos operadores e levou alguns analistas a reverem suas projeções, embora poucos acreditem que o dólar deva recuar muito além dos 3,20 reais.

A equipe de estratégia do banco BNP Paribas passou a estimar o dólar a 3,20 reais no terceiro trimestre deste ano e 3,25 reais no quarto trimestre, ganhando força para fechar o ano que vem a 3,60 reais. Até então, as projeções eram de 3,75 reais, 3,80 reais e 4,00 reais, respectivamente.

Operadores citaram ainda a percepção de que o BC brasileiro sob a batuta de Ilan Goldfajn deve ser menos propenso a intervir no mercado cambial, apesar de possíveis impactos negativos sobre as exportações do dólar mais fraco.

“Parece que o BC não quer gerar ruídos no mercado e isso ajuda a queda do dólar. Por sua vez, um dólar mais fraco facilita a ancoragem das expectativas de inflação”, explicou o operador de um importante banco nacional.

O BC não faz leilão de swap reverso, que equivale a compra futura de dólares, desde 18 de maio. Este era o instrumento que o BC, quando era comandado por Alexandre Tombini, estava usando para segurar maiores quedas do dólar.

Na véspera, Ilan repetiu que a autoridade monetária pode reduzir sua exposição cambial quando e se for possível e que poderá usar todas as ferramentas com parcimônia no câmbio.

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