Dólar sobe mais de 3% e atinge o maior nível em 12 anos
Por volta das 12h29, a moeda era cotada a R$ 3,2630 na venda, após subir em oito das últimas nove sessões
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Por volta das 12h29, a moeda era cotada a R$ 3,2630 na venda, após subir em oito das últimas nove sessões
O dólar subia mais de 3%, superava R$ 3,26 e renovava as máximas em quase doze anos, após a agência de notícias Bloomberg publicar que o governo não tentará segurar a escalada da moeda americana, citando uma fonte. Às 12h59, o dólar subia 3,21%, a R$ 3,2630 na venda, após subir em oito das últimas nove sessões e acumular alta de cerca de 10% desde o início do mês. Na máxima do dia, atingiu R$ 3,2815, maior cotação intradia desde abril de 2003.
A pressão cambial tem sido originada por investidores buscando proteção em meio à turbulência política que vem dificultando a aprovação de medidas para o reequilíbrio das contas públicas brasileiras.
O dólar também avançava nos mercados externos, antecipando-se a uma possível sinalização do Federal Reserve na semana que vem de que a alta dos juros dos EUA está próxima.
“O nosso horizonte está muito ruim e, para piorar, tem as manifestações no fim de semana”, disse o estrategista da corretora Coinvalores, Paulo Celso Nepomuceno, referindo-se aos protestos em favor do impeachment de Dilma. “O investidor estrangeiro diz: ‘vou sair por enquanto e volto quando tudo se resolver’ e isso estressa o mercado”.
A principal preocupação é que, à medida que a popularidade da presidente Dilma Roussseff cai e cresce a rebeldia na base governista no Congresso, torna-se cada vez mais custoso para o governo implementar as dolorosas medidas de ajuste e resgatar a credibilidade da política fiscal brasileira.
Essa perspectiva tem sido corroborada também pelos desdobramentos do escândalo bilionário de corrupção na Petrobras, que vem assustando investidores estrangeiros.
Os ruídos em torno do futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio completavam o quadro de apreensão doméstica. O BC vem vendendo swaps cambiais diariamente desde agosto de 2013 para oferecer proteção cambial e limitar a volatilidade, em um programa marcado para durar pelo menos até o fim deste mês.
As incertezas ganharam ainda mais força no início da tarde após a Bloomberg noticiar que o governo não vai tentar segurar a alta do dólar, apesar de considerar parte desse movimento como especulação, citando uma fonte. Segundo a fonte, o BC não vai “queimar reservas” para conter o avanço da moeda americana.
“O mercado está sensível e corre para comprar dólares quando ouve uma notícia dessas”, disse o economista-chefe do BESI, Jankiel Santos.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps pelas rações diárias, equivalentes a uma posição vendida de US$ 97,5 milhões. Foram vendidos 1.050 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 950 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 36 por cento do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.
FED
As incertezas domésticas têm garantido que o real venha se enfraquecendo mais do que seus pares emergentes em meio à onda global de compra de dólares com as expectativas de que o aguardado aperto monetário nos Estados Unidos deve ter início em breve.
“Os mercados de trabalho (americanos) continuaram a melhorar e a inflação se estabilizou, cumprindo os critérios econômicos estabelecidos pelo FED” para a alta de juros, escreveram analistas do Scotiabank em relatório.
Desde o início do ano, o dólar subiu cerca de 5% contra os pesos mexicano e chileno, 8% ante o rand sul-africano e 13% contra a lira turca mas avançou em torno de 20% em relação ao real.
Economia e manifestações
Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas do comércio varejista cresceram 0,8% em janeiro, após queda de 2,6% em dezembro do ano passado. A alta no primeiro mês do ano foi o melhor resultado para janeiro desde 2012.
Em relação à inflação, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou que aalta dos preços para a baixa renda atingiu 8,06% no acumulado de 12 meses em fevereiro. Esse patamar é superior ao registrado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do País, no mesmo período, de 7,7%.
Nesta sexta-feira, manifestações em apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff acontecem em diversas cidades do País. O movimento antecipa os protestos contra o governo marcados para domingo, que também devem ocorrer vários municípios.
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