Dólar fecha em alta após Brasil perder grau de investimento

Moeda chegou a bater R$ 3,90, mas alta perdeu força após leilões do BC

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Moeda chegou a bater R$ 3,90, mas alta perdeu força após leilões do BC

O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (10), depois que a agência de risco Standard & Poor’s tirou o grau de investimento – o “selo de bom pagador” do Brasil. A cotação chegou a superar os R$ 3,90, mas perdeu parte da força depois que o BC anunciou leilões de dólares nesta quinta. A alta também foi contida, segundo a Reuters, pela percepção de que outra agência internacional de risco, a Fitch, deve manter por enquanto o grau de investimento do país.

A moeda dos EUA subiu 1,34%, a R$ 3,8504.

Na máxima da sessão, logo após a abertura, o dólar saltou 3,1% e alcançou R$ 3,9173, o maior nível intradia desde 23 de outubro de 2002 (R$ 3,92).

Em outubro de 2002, o dólar atingiu seus recordes intradia e de fechamento, de R$ 4 e R$ 3,99, respectivamente, segundo a Reuters.

 

Leilão do BC

O Banco Central anunciou dois leilões de linha (venda de moeda norte-americana com compromisso de recompra nos meses seguintes) de compra e venda conjugado, com oferta de US$ 1,5 bilhão nesta quinta-feira. A informação ajuda a conter a disparada do dólar. Os recursos retornarão ao BC, e às reservas internacionais brasileiras, em janeiro e abril de 2016. Os leilões foram realizados pela manhã.

 

Venda de títulos cancelada

O Tesouro Nacional informou que não vai realizar o leilão de venda de Letras do Tesouro Nacional – LTN (que têm remuneração pré-fixada), previsto para esta quinta-feira. O leilão de venda de Letras Financeira do Tesouro – LFT (com remuneração pós-fixada) será realizado normalmente. Os dois tipos de papéis são títulos da dívida do governo – é como o governo “pega emprestado” dinheiro no mercado.

“Conforme mencionado no Plano Anual de Financiamento 2015, o Tesouro Nacional acompanha de perto as condições de mercado, podendo alterar a estratégia de emissões de modo a minimizar a volatilidade no mercado de títulos públicos e assegurar um adequado equilíbrio entre custos e riscos para a Dívida Pública Federal.”

 

Perda do grau de investimento

Na noite de quarta-feira, o Brasil perdeu o grau de investimento na classificação de crédito da Standard and Poor’s (S&P).

A nota do país foi rebaixada de “BBB-” para “BB+”, com perspectiva negativa. O rebaixamento do rating do Brasil para a categoria “especulativa” acontece menos de 50 dias após a agência ter mudado a perspectiva para negativa.

Após o rebaixamento do Brasil, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se com ministros e pediu urgência corte de gastos, além de ressaltar a necessidade de unidade e coesão da equipe. As informações são do Blog do Camarotti.

Na tarde desta quinta, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse em entrevista coletiva em Brasília que o governo voltará a perseguir um superávit primário – economia feita para pagar juros da dívida pública – de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem. No final de agosto, o governo entregou ao Congresso um projeto de Orçamento prevendo gastos maiores que as receitas (déficit).

“Temos uma série de reformas estruturais que estamos conversando com o Congresso para botar o país pronto para receber esse novo ambiente [de crescimento]. Temos de trocar a fiação para a casa ficar bem bacana. Para isso, a gente precisa dessa ‘ponte fiscal’ que vai ser construída com corte de gastos, além dos R$ 80 bilhões neste ano e que vamos continuar fazendo no ano que vem, e eventualmente receitas [alta de tributos] que dêem solidez para a economia continuar crescendo”, declarou Levy a jornalistas.

 

Bovespa

A Bovespa fechou em baixa nesta quinta, também reagindo à perda do grau de investimento do Brasil pela S&P. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 0,33%, a 46.503 pontos.

 

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