Diferente dos lojistas do varejo de roupas e eletros, por exemplo, o mercado da construção civil vê as vendas despencarem no fim de ano e, neste em especial, a situação é ainda pior em razão da Copa do Mundo. Em Campo Grande, vendedores e especialistas avaliam que apenas pequenas reformas rápidas dão fôlego ao faturamento dos lojistas.

Natalia Almeida, vendedora de uma loja de construção na Vila Paulista, reforça que o fim do ano é complicado para empresas da área, pois a maioria dos construtores deixa de comprar grande estoque e faz um caixa maior para pagar os funcionários. As pequenas reformas movimentam os departamentos de utensílios e utilidades, como decoração, mas não é suficiente para aquecer o setor.

“No fim do ano a loja fica um pouco mais quieta. Estamos vendendo bem pouco. O 13º salário não interfere muito no movimento, são para pequenos reparos, isso não interfere grande coisa para o faturamento”, explica.

A queda no movimento, segundo ela, é natural já que o mercado aquece no início e meio de todo ano. O movimento cai gradativamente com a proximidade do fim de ano. “Tem [compra] para pequenas reformas rápidas, mas isso é mais para pessoa física”.

Queda em geração de empregos

A Copa do Mundo não é um atrativo para o ramo, de acordo com o presidente da Acomasul (Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul), Diego Canzi, nos dias de jogos a maioria das empresas fecha e o movimento cai.

“Seguimento hoje teve um crescimento acumulado do ano acima da média nacional, porém encontra-se preocupante e estagnado, não está um fim de ano animador. O mercado da construção civil não desacelerou durante a pandemia, pelo contrário, cresceu e bateu recordes de venda, o problema durante a pandemia está no fornecimento de produtos, não nas vendas”, pontua.

Consequentemente, sem faturamento não há contratações previstas. Outro ponto ressaltado por Canzi é a instabilidade em ano eleitoral, o que atrapalha novos investimentos no setor. “A situação política, retrai o mercado, gera insegurança, isso não é bom”.

Mercado pequeno

Os pequenos empreendedores lucram com a situação, já que reformas rápidas são mais comuns nesse período. O pedreiro Valmir Condes da Silva, de 42 anos, está na área há mais de 10, para ele a explicação do movimento é em ajustar para festas do fim de ano.

“Não tem gente que faz uma grande reforça, não quer ‘quebra-quebra’ até o Natal, porque dá trabalho, mas um cantinho para reunir a família”.

Para ele, a renda cresce consideravelmente nesse período. “Por exemplo, tem bastante gente que pede reforma de fiação elétrica, uma coisa ou outra que está estragada. A procura aumenta de 5 a 6 clientes a mais. Não trabalho fixo, recebo por serviço feito, então aumenta e varia do tipo de serviço”.