Único centro de parto normal de Mato Grosso do Sul pode fechar nos próximos dias
A unidade realizou 1.736 partos nos últimos sete anos e é referência em Mato Grosso do Sul
Priscilla Peres –
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Referência em parto normal em Mato Grosso do Sul, o CPN (Centro de Parto Normal) de Sidrolândia pode fechar as portas no fim de fevereiro. O motivo é a falta de uma equipe de retaguarda, composta por profissionais capacitados para intervir em casos de intercorrências com as gestantes ou recém-nascidos.
A equipe demandaria R$ 200 mil por mês, recurso que a unidade não dispõe. Em entrevista ao site Região News, a diretoria do CPN afirmou que a falta da equipe gerou uma ação civil com prazo final de execução terminando em 28 de fevereiro de 2023.
Desde então, grupos têm se manifestado contra o fechamento nas redes sociais, em um abaixo-assinado com petição pública e em nota de repúdio. A diretoria do CPN e do Hospital Elmíria Silvério Barbosa, em Sidrolândia, recusaram falar sobre o assunto por telefone.
A unidade de Sidrolândia realizou 1.736 partos nos últimos sete anos. É uma opção de parto não só para as mulheres do município, como para as cidades próximas, inclusive Campo Grande.
Maternidades não comportam demanda
Campo Grande tem poucas opções de maternidade, que muitas vezes não atendem à demanda do SUS. A doula Laís Camargo, afirma que desde dezembro de 2022, por várias vezes encontrou os hospitais lotados.
“A maternidade Candido Mariano não comporta a demanda, Hospital Universitário também vive cheio. O CPN era uma ajuda a atender interior e também a Capital, vamos perder muito enquanto não tivermos mais opções de maternidade”, explica a doula.
Mas o CPN não representa apenas mais uma opção de lugar para dar à luz. O espaço é referência em boas práticas em relação ao parto normal. “Tem muitas mulheres que não se sentem confortáveis com o ambiente hospitalar e o CPN é um meio-termo entre hospital e casa, além de extremamente seguro”, comenta Laís.
A defensora pública Thais Dominato, coordenadora do Nudem (Núcleo Institucional de Promoção e Defesa da Mulher), classifica o fechamento da unidade como lastimável. “É um retrocesso em termos de direito das mulheres. A gente precisa de outros centros como o CPN e não fechar ele. É uma lástima não haver um acordo para manter essa unidade”.
Mulheres se mobilizam nas redes sociais
Nesta semana o Coletivo de Mães de Bonito fez um post no Instagram sobre o tema, classificando como incalculável os danos do fechamento do CPN. Também tem mobilizado mulheres por meio de um abaixo-assinado.
“O CPN era um oásis. Um local com atendimento de excelência e números impressionantes de desfechos positivos, num Estado com altas taxas de cesarianas e partos normais recheados de intervenções desnecessárias, com atendimentos que ignoram a mulher e sua individualidade, baseados em rotinas ultrapassadas e sem evidências científicas”, diz a nota.
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