Pular para o conteúdo
Cotidiano

Remissão do câncer despertou projetos e mais vontade de viver em sul-mato-grossenses

Para prevenção e atenção à saúde da mulher, Outubro Rosa conta com programação de atendimentos
Karina Campos -
Laudicéia
Laudicéia criou rede de apoio para outras pacientes (Arquivo pessoal)

“Quando peguei o resultado da biopsia, abri e me desesperei. O nome carcinoma já dizia que não era bom o resultado. No dia seguinte levei para o médico e ele confirmou câncer de mama. Na hora a gente só pensa em morte”, o relato de Laudicéia Melgarejo se assemelha ao da maioria das mulheres que recebem o diagnóstico da doença. Apesar do choque, a remissão da doença despertou projetos e ainda mais vontade de viver em sul-mato-grossenses.

A campanha do Outubro Rosa reforça a importância de exames precoces e atenção à saúde da mulher. Conhecida como Lau, a esteticista foi diagnosticada com o tumor em 2021, quando estava com 47 anos. A vida parou naquela época, precisou deixar o trabalho para fazer sessões semanais de quimioterapia. A medicação assolava o cansaço, o desânimo e a ansiedade do pensamento: “quando isso vai passar?”

“[Quando descobri o câncer] pensei nos meus filhos. Foi horrível a sensação, até porque minha família tem muitos casos e que morreram de câncer, inclusive meu pai. Minha família, amigos e clientes foram minha rede de apoio, muitas mensagens de apoio e fé, foi meu combustível para o tratamento. Meu marido também, me acompanhou”.

Foram 16 sessões de quimioterapia, 25 de radioterapia, 17 de imunoterapia e a cirurgia. Laudicéia contabiliza o tratamento até escutar dos médicos o resultado da cura. “A senhora está curada, a frase mais bonita que ouvi na vida. Agora, dois anos depois e três anos de acompanhamento, faço exames a cada seis meses”.

Após o longo processo, a esteticista decidiu criar um grupo “Amigas do Laço Cor de Rosa”, em alusão à campanha preventiva. No início, era apenas cinco mulheres e atualmente ampliou para 40, com troca de experiência, histórias, apoio, encontros e ações.

“[Os encontros presenciais] acontecem nas últimas sessões de quimio, dentro e fora do . Fazemos rifas e o valor serve para comprar uma cesta básica, ajuda para pagar aplicativo para ir ao hospital, a comprar medicamento quando não tem na rede pública, doação de turbante, dança do ventre… Somos apoiadoras uma da outra. Hoje tenho 49 anos e sou coordenadora voluntária do projeto de automaquiagem dentro do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, que se chama De bem com Você, a beleza contra o câncer”.

‘Descobri com exame de rotina’

Karla Mesquita, de 44 anos, fez um exame de rotina em 2022 no Hospital do Amor, naquele dia fez a e o preventivo. Após 15 dias, a unidade ligou dizendo que seria necessário um exame complementar, quando fez ultrassom e atendimento médico, logo, o resultado.

“Ele disse que era uma calcificação e precisava fazer a biópsia. Marquei e diz na semana seguinte. Depois de 20 dias saiu que era um carcinoma in situ, que é um câncer precoce. No dia 28 de junho fui encaminhada para o Hospital Alfredo Abraaão, e um mês depois comecei o tratamento, não precisei de quimio, mas fiz radioterapia. Era um tumor pequeno, tanto que não era palpável. No dia 18 de outubro fiz a cirurgia com conservação da mama”.

A cura veio e atualmente realiza consultas de monitoramento, de rotina. “Passa rápido, mês que vem faz um ano da cirurgia. Quando descobri, fui com minha filha e foi muito importante, ela me acompanhou em todos os momentos”.

karla
Karla descobriu câncer em exame de rotina e está curada (Arquivo pessoal)

Tratamento há 10 anos

A história de Tânia Nieczaj é ainda mais desafiadora, já que trata a doença há 10 anos, a prova de que o câncer não é atestado de óbito e sim oportunidade incansável de lutar pela vida. Em 2012, em uma consulta ginecológica por sentir dores nas mamas, constatou um cisto no lado esquerdo e dois tumores pequenos no direito.

“O médico disse que era só tirar e estaria tudo bem, mas depois de alguns meses começou apresentar dores e o aumento de tumores na mama toda. Em 2013, por conta da minha idade, não fiz mamografia, tive que ir em [clínica] particular, a biópsia mostrava o estágio avançado. Buscando uma segunda opinião, descobri outro tumor na axila direita, já tinha saído o local original. Fiz 16 sessões de quimioterapia e 25 de radioterapia entre 2013 e 2014”, relembra.

O tratamento correu bem e ela teve a cura, precisou retirar a mama e esvaziamento da axila direita. Só em 2016 que reconstruiu a mama. Parecia um novo fôlego, de que tudo tinha passado, entretanto, em 2018 uma metástase pulmonar a fez retomar a rotina hospitalar. Apesar do cansaço, ela aconselha outras mulheres a continuar persistindo e acreditar no processo.

“A perda de cabelo era meu maior medo, mas graças a Deus não fiquei. Quando tive o diagnóstico, me perguntava: por que eu? Vou morrer. [Mas,] vejo que para quem está começando [tratamento], sou a maior esperança para muitas mulheres, de que sobrevivemos depois do diagnóstico, com câncer ou até metástase”.

“Minha família e meu marido, Nina e Nelson, foram meu alicerce, fundamentais para meu tratamento. A cada exame que recebo e vejo que estou bem, saio as sala do Dr. João Paulo, do Hospital Alfredo Abrão, com muita alegria e esperança de viver mais, planejar acontecimentos”.

tania
Tânia ao lado da família (Arquivo pessoal)

Atente aos sintomas

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando tumores. A doença pode evoluir de diferentes formas, algumas com desenvolvimento rápido, outras mais lentamente, com características próprias de cada tumor. Quanto mais cedo a doença é detectada, maiores as chances de cura. No Brasil, o Ministério da Saúde, através do SUS, fornece tratamento integral e gratuito.

De acordo como Inca (Instituto Nacional do Câncer), sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminina ocupa a primeira posição mais frequente em todas as Regiões brasileiras. No Brasil estimam-se 73.610 casos, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres. No Mato Grosso do Sul, o índice do Inca aponta 910 novos casos da doença.

Diagnóstico precoce tem 92% de chance de cura

O médico oncologista e diretor técnico do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, Gustavo Castro Ianaze, explica que o diagnóstico precoce permite 92% de cura da doença, já que há quatro estágios de gravidade.

“Todo paciente que chega com câncer quer saber a gravidade, para a gente saber fazemos o estadiamento, que classificada de um a quatro. De um a dois o câncer está localizado só na mama; no três quando está na mama ou nos linfonodos da axila, as popularmente chamadas de ínguas; no estádio quatro é a doença metastática e já foi para algum sítio, por exemplo, para o pulmão, os mais comuns”.

Com base na classificação do quadro clínico, o profissional irá indicar o tratamento adequado. “Na fase 1 ou dois, indicamos a cirurgia, na grande maioria a paciente tem chance de cura. No estágio três, vai fazer quimioterapia antes da cirurgia, às vezes, com complementação de radioterapia. No quarto estágio, a paciente fará quimioterapia para evitar que a doença progrida, mas dificilmente conseguirá a cura, não é impossível, mas é mais difícil”, detalha.  

Sinais

Há um mito sobre o câncer sempre doloroso, mas Ianaze diz que a situação é possível e também não em alguns casos. A orientação é o autoexame por apalpamento das mamas, em frente a um espelho, pelo menos uma vez ao mês.

“Olhando no espelho, verá se tem uma vermelhidão, uma descamação na pele ou na auréola, mamilo, apertar para ver se sai líquido, pois não é comum e merece investigação. Quanto mais a mulher envelhece, mais aumenta o risco de câncer de mama, após os 50 mais prevalência. O tratamento, os pacientes são regulados pela prefeitura e após chegar no hospital são encaminhados para o serviço de mama, no qual faço parte. As pacientes são atendidas, com exames necessários, o estadiamento, para determinar o tratamento”.

O pós-tratamento terá consultas e exames gradativos, de acordo com os casos e quadros clínicos, podendo ter segmento a cada seis meses, uma vez por ano ou de cinco a 10 anos, seguindo o grau da lesão.

Exames gratuitos

A partir da próxima segunda-feira (2), a Fundação Carmem Prudente de MS, Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão e a Rede Feminina de Combate iniciam atendimentos da campanha Outubro Rosa, para estimular o diagnóstico precoce.

Segundo o hospital serão multiplicados os acessos ao exame de mamografia, com apoio do programa ‘Sesc Mulher’. O atendimento acontece de 3 a 31 de outubro, de segunda a sexta-feira e exceção de feriados. A partir das 6h, serão distribuídas 80 senhas por dia para mulheres de 40 a 65 anos.

As mulheres interessadas poderão ir diretamente ao Hospital de Câncer de Campo Grande Alfredo Abrão, na Rua Marechal Rondon, 1053, a partir das 6h, pegar uma senha e fazer no mesmo dia o exame. Basta estar com os documentos pessoais, RG, CPF e cartão do SUS.

Programação UFGD

A UFGD (Universidade da Grande ) também preparou programação no audiório, a partir de segunda-feira (2):

  • 7h às 15h – Agendamento de exames da Divisão de Enfermagem (Ramal: 3028)
  • 7h30 às 17h – Realizaçãp de exames clínicos de mamas e papanicolau, com púplico alvo em servidoras do HU, mulheres ou homens trans, no ambulatório UMUL.

Terça-feira (3)

  • 8h30 – Dinâmica de grupo “Quebrando o gelo – você não está só!”;
  • 8h45 – Roda conversa – “A importância do apoio social: juntos somos mais fortes”;
  • 10h – Intervalo;
  • 10h15 – Palestra “É preciso cuidar hoje, para que haja amanhã”;
  • 13h30 – Palestra “Aspectos psicológicos na prevenção do câncer de mama”;
  • 14h – Roda de conversa “A importância das campanhas de conscientização e seu impacto na comunidade hospitalar”;
  • 15h – Intervalo
  • 15h30 – Dinâmica

De terça a quinta-feira (5)

  • 8h às 13h – Realização de triagem de ISTs (testes rápidos de HIV, VDRL e hepatites virais), no ambulatório da UMUL;

Sábado (7)

  • 7h30 – Encerramento do evento com a caminhada “Quem ama (se) cuida!”, saída da Praça . Se inscreve aqui.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Congresso derruba veto e pensão para vítimas da zika é retomada

River Plate impõe ritmo forte, domina o Urawa Reds e estreia no Mundial de Clubes com vitória

Homem tenta fugir, mas vai preso por agredir mulher em Campo Grande

Bombeiros realizam buscas por mulher que desapareceu no rio Ivinhema

Notícias mais lidas agora

Pela segunda sessão consecutiva, CNMP julga denúncias de corrupção no MPMS

Após vistoria apontar ‘cheiro intenso’, JBS insiste que adotou medidas antifedor

concessão morenão

Concessão de até 35 anos é alternativa para Morenão, aponta presidente de Comissão

Com itens a partir de R$ 2, feira de brechós acontece neste sábado no Parque Tarsila 

Últimas Notícias

Brasil

Senado adia para próxima semana votação do projeto que aumenta número de deputados

Previsão era que o Senado votasse nesta terça

Transparência

Após aditivo de R$ 251 mil, asfalto e drenagem irá custar R$ 1,41 milhão em Caarapó

Enpav Construtora LTDA é responsável pelas obras no bairro Jardim Adonai

Mundo

Israel: explosões são relatadas nos céus de Tel Aviv enquanto Irã lança nova onda de mísseis

Mísseis foram interceptados pelo sistema defensivo

Polícia

‘Segue estável’: pai atualiza estado de saúde de menina que teve a perna amputada após acidente na BR-262

A criança retornava de uma consulta médica em São Paulo