Mais de 40% dos bebês de até um ano estão com vacinas atrasadas em Campo Grande
Cenário é preocupante, já que a cobertura de todas as vacinas está abaixo da meta
Lethycia Anjos –
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Fundamental para proteger os bebês contra uma série de enfermidades graves, a vacinação infantil segue como uma das trincheiras das autoridades de saúde. Isso porque a baixa cobertura, sobretudo nos últimos anos, fez com que essa população voltasse a ficar vulnerável até mesmo a doenças erradicadas.
Em Campo Grande, onde o número estimado de crianças com até um ano é de 12.470, segundo o Ministério da Saúde, a meta é cobertura vacinal de 100%. No entanto, a cidade tem 40% desse público com vacinas em atraso, deixando-a na contramão do ideal.
Superintendente Estadual do Ministério da Saúde, o médico Ronaldo de Souza destaca que a cobertura de todas as vacinas está abaixo da meta. “Nenhuma das nossas vacinas está com cobertura adequada. Vacinas que antes tinham cobertura de 96%, hoje caíram para 45%, como a poliomielite. Em um período de 10 a 15 anos a cobertura diminuiu muito”, ressalta.
Dados do sistema Mais Saúde da SES (Secretaria de Estado de Saúde) confirmam que a maioria das vacinas segue com uma cobertura abaixo do estimado, com percentuais entre 58% e 63% do público imunizado. Confira a seguir os destaques.
BCG
O maior percentual de bebês imunizados é referente à vacina BCG, com 65% do público-alvo atingido, o que corresponde a 8.343 vacinados. Já o número de crianças com a dose em atraso é de 4.397.
A vacina BCG é de dose única e protege contra a tuberculose, doença contagiosa provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. A doença não afeta apenas os pulmões, mas também ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro).
Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) complementam um cenário potencialmente caótico: foram notificados 439 casos de tuberculose e 37 óbitos em 2021. Já em 2022, o número subiu para 532 registros e 38 mortes pela doença.
Meningococo C
A vacina meningococo C protege contra a doença meningocócica, um tipo de meningite causada pelo sorogrupo C. Em Campo Grande, o número de crianças imunizadas é de 7.791, ou seja, 61%. Enquanto isso, 4.949 bebês seguem com a dose em atraso.
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. No Brasil, a doença é considerada endêmica, sendo a modalidade bacteriana mais comum no outono e no inverno. Já as virais, na primavera e no verão.
De janeiro a setembro deste ano, 82 casos de meningite foram confirmados em Mato Grosso do Sul. Se comparado aos últimos três anos, crianças de 1 a 9 anos são as principais vítimas da doença.
O esquema vacinal é dividido com 1ª dose aos 3 meses, 2ª dose aos 5 meses e reforço aos 12 meses.
Pentavalente
Combinação de cinco vacinas individuais em uma, a pentavalente protege contra múltiplas doenças. Na Capital, a cobertura vacinal é de 58%, o que corresponde a 7.419 crianças imunizadas – 5.321 seguem com a dose atrasada.
A vacina protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenza – sorotipo B, contra meningite e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B.
Desde 2012, o PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde, oferta a vacina pentavalente na rotina do Calendário Nacional de Vacinação. O esquema vacinal é dividido da seguinte forma: 1ª dose aos 2 meses; 2ª dose aos 4 meses; e 3ª dose aos 6 meses.
Em agosto, a Bolívia, país vizinho a Corumbá, registrou um surto de coqueluche, uma doença infecciosa aguda causada por bactérias. Com o surto no país vizinho, a doença chegou a Mato Grosso do Sul, com três casos confirmados.
Poliomielite
Outra vacina que segue com baixa cobertura e gera preocupação é a da poliomielite, que protege contra a paralisia infantil. O percentual de bebês vacinados em Campo Grande é de 58%, o que corresponde a 7.443 crianças. Já o número de crianças com a dose atrasada é de 5.297.
Em abril deste ano, um bebê indígena da cidade de Loreto, no Peru, foi diagnosticado com poliomielite. O caso gerou grande preocupação nas autoridades de saúde brasileiras devido à proximidade da fronteira do país com os estados do Amazonas e Acre.
Vale ressaltar que o último caso de poliomielite registrado no Brasil ocorreu há 34 anos. No entanto, a baixa cobertura vacinal aumenta os riscos da reintrodução da doença no país. Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável – VIP (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha).
Hepatite B
Existem dois tipos de vacina contra Hepatite B destinada a crianças com menos de um ano. A primeira deve ser aplicada nos primeiros 30 dias de vida dos bebês, na Capital, 63% do público-alvo recebeu o imunizante, 8.059 crianças. O total de bebês que não receberam a vacina é de 4.681.
As demais doses foram aplicadas em 7.419 crianças, cerca de 58% do total. Ainda restam 5.321 crianças aptas a se vacinarem em Campo Grande.
A vacina protege contra infecção do fígado (hepatite) causada pelo vírus da hepatite B, além disso, quando aplicada nas primeiras 12-24 horas após o nascimento ela é eficaz na prevenção da hepatite crônica.
O esquema vacinal se constitui de três doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a segunda dose; e 180 dias da primeira para a terceira dose, sendo aplicada, portanto, aos 2, 4 e 6 meses de vida.
Tríplice Viral
A vacina tríplice viral protege o paciente contra três infecções causadas por vírus: sarampo, caxumba e rubéola, disponível para crianças a partir de 12 meses de vida. Em Campo Grande, a cobertura vacinal em crianças até um ano é de 63%, cerca de 7.978 vacinados. Ou seja: 4.762 crianças estão com a dose em atraso.
É considerado protegido todo indivíduo que recebeu duas doses das vacinas na vida, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses.
Onde encontrar as vacinas?
Durante a semana, mais de 50 pontos espalhados pelas sete regiões da cidade disponibilizam as vacinas de rotina para bebês e crianças. Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), para se imunizar basta levar a caderneta de vacinação e documento pessoal com foto.
Centro
UBS 26 de Agosto
USF Vila Carvalho
USF Vila Corumbá
Lagoa
USF Bonança
USF Antártica
USF São Conrado
C.F. Portal Caiobá
USF Vila Fernanda
USF Tarumã
UBS Buriti
USF Oliveira
USF Batistão
USF Coophavila
UBS Caiçara
Segredo
USF Seminário
USF Vila Cox
USF Vida Nova
C.F. Nova Lima
UBS Estela do Sul
UBS São Benedito
USF José Abrão
USF José Tavares
UBS Coronel Antonino
USF São Francisco
USF Vila Nasser
USF Jardim Paradiso
USF Azaleia
Imbirussu
UBS Silvia Regina
UBS Popular
USF Indubrasil
USF Zé Pereira
USF Ana Maria do Couto
USF Aero Itália
USF Albino Coimbra
USF Serradinho
USF Lar do Trabalhador
Bandeira
USF Arnaldo Figueiredo
USF Cristo Redentor
USF Cidade Morena
UBS Carlota
UBS Universitário
USF Itamaracá
USF Mape
USF Três Barras
USF Moreninhas
USF Tiradentes
Prosa
USF Noroeste
USF Estrela Dalva
USF Nova Bahia
USF Marabá
USF Mara do Jacinto
Anhanduizinho
USF Mário Covas
USF Dom Antônio
USF Aero Rancho IV
USF Aero Rancho Granja
UBS Pioneira
UBS Jockey Club
USF Cohab
USF Nova Esperança
USF Anhanduí
UBS Dona Neta
USF Botafogo
C.F. Iracy Coelho
USF Parque do Sol
UBS Aero Rancho
USF Macaúbas
USF Paulo Coelho
USF Los Angeles
USF Alves Pereira
Para encontrar a unidade de saúde mais perto da sua casa basta acessar o site: https://campograndems.labinovaapsfiocruz.com.br/osa/.
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