Javier Milei venceu o das eleições argentinas, no último domingo (19), e deve comandar o país vizinho pelos próximos quatro anos. Com discurso ultraliberal, o candidato e fundador do partido “A Liberdade Avança” venceu com 55,76% dos votos e ficará a frente da Casa Rosada a partir de 10 de dezembro. 

O concorrente peronista e ministro da Economia, Sergio Massa, teve 44,23% de preferência entre os 26 milhões de argentinos que foram às urnas. O resultado surpreendeu, visto que as pesquisas apontavam vitória de Massa. 

Além do resultado inesperado, as eleições dividiram opiniões entre os argentinos que vivem em Mato Grosso do Sul. 

O argentino Ramón Prieto, de 48 anos, conta que para ele o resultado era previsível e que a crise econômica favoreceu a “necessidade de um câmbio”. Milei já afirmou que é favorável a dolarizar a economia da Argentina. 

“Atualmente, temos duas preocupações: se será possível alguém governar com ideias totalmente diferentes e se realmente essas ideias são firmes ou formam parte de um show eleitoral”, ele avalia. 

Prieto acredita que qualquer governo que combata a corrupção pode fazer com que o país cresça. “Se o novo presidente cumprir com as promessas feitas, Argentina será um país próspero”, torce. 

Argentina se diz decepcionada

Uma argentina de 63 anos, que vive em há três décadas, relata que o resultado a decepcionou. Ela nasceu e viveu até os 23 anos em Buenos Aires e diz que não teria votado nele, caso continuasse morando no país vizinho. 

“Acho o Javier Milei uma pessoa descontrolada e não faz o perfil argentino. Não teria votado nele de jeito nenhum. Teria votado no outro candidato, o ministro da economia, que se mostrou incompetente, mas votaria nele porque acho o outro candidato descompensado. Ele representa o caos generalizado e uma indiferença a tudo”, se indigna a argentina, que preferiu não se identificar. 

A mulher classifica as atitudes de Javier Milei como as de “um adolescente” e diz que ficou extremamente triste com o resultado das eleições, assim como os amigos que ainda vivem em Buenos Aires. 

Ela deposita esperanças na falta de apoio no Congresso e nas províncias para “frear” as decisões de Milei, já que poucos correligionários foram eleitos. 

“A gente está muito sem saber o que esperar. Na verdade, podemos esperar coisas incoerentes [vindas de Milei]”, ela diz. 

Viagens para Argentina podem ficar mais baratas?

A grave crise econômica e a desvalorização do peso argentino favoreceu que os brasileiros escolhessem o país vizinho como destino turístico. A inflação anual no país chegou a 142,7%.

Muitos se perguntam se o resultado das eleições irá favorecer ou não as viagens para a Argentina. Contudo, o por enquanto é de estabilidade nas agências que vendem pacotes turísticos.

“Independente da eleição é um destino bem procurado. Valores baixos de passagens, comida e hotel, mas ainda é cedo para analisar”, afirma a agente de viagens, Cristina Albuquerque. 

Em outra agência de viagens de Campo Grande, o movimento continua o mesmo, sem aumento de pedidos de reservas para o destino. “Nossos últimos passageiros embarcados foram em outubro passado”, disse uma das responsáveis. 

Quem é Javier Milei?

Entre as promessas do economista de 53 anos está dolarizar a economia, fechar o Banco Central e privatizar diversas empresas públicas. 

A Argentina enfrenta uma grave crise econômica e o ultraliberal ganhou notoriedade com o discurso “antissistema”. Além disso, durante a campanha presidencial, chegou a prometer retirar a Argentina do Mercosul (Mercado Comum do Sul) e romper as relações comerciais com a China, o maior parceiro comercial do país.

O opositor peronista Massa afirmou durante a campanha eleitoral que Milei usava estratégias de presidentes de direita que perderam o cargo e o comparou com e o Jair Bolsonaro. 

Milei chegou a questionar o processo eleitoral argentino poucos dias antes das eleições.