Suspensa pela Anvisa, pomada para cabelos ainda pode ser comprada em Campo Grande?

Produto da marca Ômegafix foi suspenso pela Anvisa após uma série de casos de queimaduras provocadas nos olhos das clientes

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(Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu, nesta quarta-feira (23), a venda, distribuição, fabricação, propaganda e uso da pomada para tranças Ômegafix, produzia pela Cape Indústria de Cosméticos após relatos de queimaduras por clientes. Em Campo Grande, o produto ainda pode ser comprado?

No Centro da Capital, a reportagem do Jornal Midiamax apurou que a pasta para finalização dos cabelos sequer chegou a ser vendida ou solicitada por clientes.

Conforme a consultora Iná Domingues Monteiro, o fato de nunca ter ouvido falar do produto chamou atenção e ela supôs que a venda para as clientes poderia acontecer diretamente de distribuidoras.

“Com sinceridade, eu não conheço. Esse produto nunca pediram. Deve ser algum produto que os cabeleireiros vendem diretamente aos clientes”, disse.

Trabalhando há 22 anos no ramo dos cosméticos, Sirlei Mariotti é gerente de uma loja no Centro e diz que nunca ouviu falar na marca. “É um produto que eu acho que nem tem em Campo Grande. São poucas coisas que a gente não tem na loja. Nunca nem trabalhamos com esse produto”, comentou.

A demanda pela pomada de cabelo da marca também nunca foi requisitada na loja onde Rosana Camargo, 32 anos, é gerente. “É um produto que a gente não comercializa, não conheço e nem tem procura”, afirma. 

A reportagem também procurou pelo Ômegafix em loja de cosméticos do Centro, mas não encontrou. Em busca na internet, é possível ver que a pomada para cabelos era vendida em plataforma de vendas, como o Mercado Livre e a Shopee. Mas os anúncios foram retirados após a suspensão da Anvisa.

Foto: Reprodução/redes sociais

Relato de queimaduras

Segundo a agência reguladora, o produto não está registrado e, por isso, “não é possível aferir a segurança de uso da pomada”.

“Nos últimos dias a Agência tomou conhecimento, pela mídia, de casos sobre problemas oculares relatados por usuários após o uso da pomada. Diante das denúncias, foi aberto dossiê de investigação referente ao caso”, explicou Anvisa.

O G1 disse em reportagem que tentou contatar por telefone a fabricante da pomada, mas não obteve resposta da empresa.

O G1 Rio noticiou na terça-feira (22) o caso da manicure Josiane Reis de Souza, de 41 anos, que está há 4 dias sem enxergar após ter usado a pomada modeladora para trançar os cabelos.

De acordo com a manicure, a pomada foi aplicada na última sexta-feira (18) e, ao mergulhar em uma piscina no dia seguinte, o produto teria entrado em contato com as suas córneas e provocado queimaduras.

“A minha visão foi ficando toda esbranquiçada, tudo nublado, parecia que eu estava dentro de uma nuvem de fumaça. Durante a madrugada, eu já não conseguia mais enxergar. Então, eu tive que ir ao hospital porque os meus olhos queimavam muito. Chegando no Hospital do Olho, o médico averiguou que a minha córnea havia sido queimada”, disse Souza.

Médicos especialistas ouvidos pelo G1 afirmaram que o contato de produtos químicos com a córnea pode causar queimaduras e até cegueira definitiva. Segundo o oftalmologista Keller Azevedo, alguns tipos de produtos podem causar a ceratite química, uma espécie de queimadura que danifica a superfície da córnea.

“Se for superficial, é um embaçamento temporário. Se for profundo, pode ser definitivo”, afirma.

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