Profissão antiga, sapateiro se reinventa em Campo Grande e conquista clientes com transformações
A profissão tem as redes sociais como aliada para mostrar o poder de transformação de um item que seria descartado no lixo
Mariane Chianezi –
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Já se apegou a um calçado que quando arrebentou ou descolou, teve só de jogar fora? Ou se viu na tristeza de ter que se desfazer ao ver um dos pares ser devorado pelo cachorrinho de estimação. A ‘tragédia’ tem solução nas mãos dos sapateiros, uma das profissões mais antigas do mundo.
Em tempos de descarte fácil e que pouco se reutiliza, a profissão já foi apontada como a beira da extinção, mas se reinventou através dos anos e conquista clientes com as transformações de calçados e até bolsas e cintos.
Nas redes sociais, a Sapataria Fashion, chama atenção dos internautas pelos ‘antes e depois’ dos calçados. As sandálias, que facilmente iriam para o lixo por estarem velhas, surradas ou mordidas por cachorros, são renovadas nas mãos dos sapateiros que trabalham no estabelecimento.
Sapateiro desde os 12 anos de idade, Samuel Rocha Pereira, de 57 anos, afirma que a profissão não está nem perto de acabar e que a criatividade e reinvenção do trabalho tem atraído cada vez mais os clientes.
Ele explica que “80% dos sapateiros não se modernizaram, não usam mais material novo. Sapataria é uma produção de criação, é uma arte. Não é apenas trocar o salto ou solado de um calçado. Nós modernizamos, criamos conforme o cliente quer. E acredite, não damos conta de tanto serviço que tem”.
Samuel aprendeu as técnicas com o avô, que aprendeu com o pai, seu bisavó. Desde criança, ele já demonstrava interesse na profissão junto aos ensinamentos dos familiares. Ele explica que além da busca pela modernização na profissão, usar as redes sociais como meio de vitrine é uma ferramenta indispensável.
No Instagram da Sapataria Fashion são expostas as reformas de sandálias, tênis, cintos, malas e até capa para um boneco do Batman foi personalizada. A página conta com mais de 7,4 mil seguidores, com postagens que chegam a quase mil curtidas.
“A gente procura nem postar muito, porque é tanta demanda que às vezes não damos conta. As pessoas olham o antes e depois dos calçados e nos procuram”, relatou. Confira uma das publicações e arraste para o lado na galeria para ver o antes e depois.
Na página do Instagram, os internautas ficam admirados. “Realmente o trabalho do senhor Samuel é artístico, inclusive sou cliente da sapataria justamente por oferecerem um serviço único”, diz mulher.
Em uma das publicações, a página mostrou a transformação de uma sandália, de marca famosa no mercado, que havia sido ‘devorada’ por pet de moradora. Na publicação, um comentário pontua que se não conhecesse o trabalho do sapateiro jogaria a sandália fora.
“Usei pouquíssimas vezes e meu cachorro filhote comeu na minha ausência em casa. Procurei outro para comprar, mas não tinha mais. No mais, é uma sandália lindíssima, que fica super elegante no pé, além de confortável. Ou seja, não encontra-se por aí com tanta facilidade. Não quis jogar fora algo novo e útil ainda”, relata uma cliente nas redes sociais.
Mas o que leva os consumidores a levarem os calçados para arrumar ou até mesmo “salvar” na sapataria?
Samuel diz que muitas vezes são calçados, bolsas e cintos que os clientes têm apelo emocional, mas que também são de marcas boas e muitos não querem ter que se desfazer. “Uma grande parcela dos clientes são de classe média alta. Que têm calçados de marcas boas, que são mais duráveis, então quando acontece de ter algum defeito ou tem alguma avaria, procuram o conserto”, disse.
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