Morder carteiro vira piada, mas profissionais ainda sofrem com ataques de cães em MS

Em 2020, foram registrados 11 ataques; em 2022, um caso aconteceu até então

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
carteiros
Carteiros precisam redobrar atenção com acidentes (Foto: Reprodução, Agência Brasil)
Foto: Reprodução

Com certeza você já deve ter se deparado com memes na internet sobre a relação entre cachorros e os entregadores, carteiros e leituristas. Do cão que corre atrás da moto, do cachorro que está à espreita ‘só esperando’, entre outros. Mas a situação, na prática, não é brincadeira para os trabalhadores.

Apesar de muita orientação aos moradores, os profissionais ainda enfrentam ataques recorrentes durante o expediente. Há caso, inclusive, de carteiro que teve a mão dilacerada em ataque.  

Conforme o diretor do Sintect-MS (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios e Telégrafos), Wilton dos Santos Lopes, ocorrem casos diários de ataques, que variam de simples sustos a ferimentos. Wilton tem 20 anos de carreira nos Correios e, por 10 anos, esteve nas ruas realizando entregas e não escapou de ataques de cães raivosos.

“Já fui mordido duas vezes, fora a questão de ataques, em que o cão não chegou a morder. Constantemente sofremos com essa situação. Nas duas vezes, não cheguei a ficar afastado, retornei no dia seguinte, mas tem casos de carteiros que sofrem ataques mais graves e precisam de afastamento. Teve situação de carteiro que teve a mão rasgada e passou por cirurgia”, disse.

Segundo Wilton, os próprios carteiros caçoam sobre a relação com os cães. “A gente costuma brincar que o uniforme amarelo chama atenção dos cachorros. Que bastam eles verem para correr atrás”, comentou.

Para evitar os incidentes, o sindicato cobra da empresa conscientização dos moradores, para melhor posicionar as caixas de correspondência e prender animais que podem ficarem soltos nas ruas.

“Qualquer cidadão pode sofrer com isso. Aos trabalhadores há a orientação de registrar como acidente de trabalho, ir até um posto de saúde, tentar identificar o proprietário do animal, pedir a carteira de vacinação do cão, informar ao CCZ se for um animal que estiver na rua. E procurar atendimento médico para tomar uma vacina específica, dependendo do grau do ferimento”, pontua.

O sindicato diz que não tem um levantamento sobre os ataques, pois há casos que não chegam até o conhecimento da diretoria. “Em casos em que mordidas não foram graves, não relatam”, diz Wilton.

Treinamento com o Bope

Para que as contas de água e luz cheguem até as residências, é preciso que os leituristas realizem a leitura dos relógios. Assim como os carteiros, esses profissionais estão sujeitos a sofrerem ataques de animais.

Conforme o supervisor de Segurança do Trabalho da Águas Guariroba, Wodon Furtado, antes que o leiturista vá par as ruas trabalhar, ele passa por um treinamento e preparação que envolve situações de ataque de cães.

“Ele passa por um treinamento onde é orientado, recebe todas as medidas preventivas relativas a essa possibilidade. Não liberamos o leiturista sem antes que ele passe por uma capacitação”, explicou à reportagem.

CONFIRA AS DICAS: Bope dá curso sobre como evitar ataques de cães
Foto: Divulgação

Para isso, anualmente, os funcionários da concessionária participam de um treinamento com o Bope e os cães da corporação, onde aprendem como proceder em casos de ataque.

“Além do treinamento, temos um curso especializado sobre a prevenção de ataques, que acontece online. Periodicamente damos orientações de segurança antes do trabalhador ir a campo”, comenta Furtado.

Caso um funcionário passe por um ataque, ele explica que de imediato a empresa é acionada e o ferido encaminhado para atendimento médico. “Dentro da unidade de saúde já há um alinhamento, onde identificam o imóvel e posteriormente faz o acompanhamento deste animal”, disse.

De acordo com o supervisor, em 2020 tiveram 11 casos de ataque. Em 2021, 6 casos e nesse ano, até 8 de julho de 2022, apenas um caso registrado. Atualmente a empresa tem 33 leituristas.

Conteúdos relacionados