Meninas do skate falam sobre o protagonismo da ‘Fadinha’ e a cena do esporte em MS  

As personagens foram entrevistadas durante o Campão Skate Fest no Parque das Nações Indígenas, que faz parte do festival Campão Cultural

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Campão Skate Fest acontece na tarde deste domingo no Parque das Nações Indígenas (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Os ícones de um esporte se perpetuam por décadas e são responsáveis por fomentar novas gerações de campeões. Enquanto a skatista ‘Fadinha’ garante mais um título nos EUA, seus movimentos e representatividade servem de inspiração para diversas meninas em Campo Grande, que buscam seu espaço e vitórias na pista do Campão Skate Fest, no Parque das Nações Indígenas, na tarde deste domingo (09).

Para a skatista e estudante de enfermagem Hemilly Camargo, de 23 anos, o skate era a peça que faltava para completar o quebra cabeças da sua vida. “Antes do Skate eu sentia que precisava me encaixar em alguma coisa. Na pista, eu sei que eu consigo fazer e vai me desafiar, foi onde eu comecei a gostar mais e mais do skate. É um esporte que eu amo praticar, me dei bem e consegui fazer amizades”, disse ela.  

Hemilly começou a andar de skate com 17 anos em São Gabriel do Oeste – sua cidade natal.  Desde então, fez amizades e luta para derrubar estigmas que a sociedade impõem. “Até hoje sou um pouco receosa, porque todo lugar que vou sou conhecida por ser a menina que anda de skate. Só que não é só isso: sou mulher, trabalho, estudo enfermagem, todo mundo tem um contexto. Por ser um povo mais agro, o preconceito é um pouco maior”, disse ela.  

Por fim, enquanto ajustava o truck skate, ele se lembrou do simbolismo que a Fadinha representa para as meninas skatistas. “Pra mim ela é um exemplo de persistência, resistência e objetivo”, disse ela.

Desde os 10 anos no skate

Com quase a mesma idade que a campeão olímpica Rayssa Leal (a Fadinha), a skatista Julia Mazini, de 13 anos, encontrou não só um esporte, mas uma forma de se desligar da rotina. “É um meio de extravasar, o skate também é uma arte. Sinto que quando estou no skate esqueço de todos os problemas, foco só no skate e em acertar [as manobras]. É uma conexão”, disse ela.

Skate, Skate feminino
Julia Mazini de 13 anos Parque das Nações Indígenas (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Para vencer os desafios e barreiras dentro e fora das pistas, a solução foi se unir com outros meninas que vivenciam o mesmo movimento.

“Todo mundo que que aprender qualquer coisa cai muito. Quando comecei tinha 10 anos e eu ficava com vergonha, mas pouco depois eu conheci as ‘Pantaneiras’ e elas me ajudaram bastante e comecei andar com elas. Tem homem que ainda acha que o skate é coisa de menino, mas acho que esse pensamento já evoluiu muito. Tem muitas meninas da nossa idade [praticando], e isso é muito legal”, disse ela.

Para ela, a Fadinha é uma profissional para se inspirar e ter como exemplo. “Ela é minha inspiração, já acompanhava ela antes das olimpíadas. Ela é menina e pequena igual a min, e compete a nível mundial. Me olho muito pra ela, quero ser que nem ela”, concluiu.

Quem são as Pantaneiras Skate Girls?

Ana Gorgen, de 26 anos, é cofundadora do coletivo feminino ‘Pantaneiras Skate Girs’ em Campo Grande, Capital do Mato Grosso do Sul. Entre os pilares do movimento, está o fomento ao skate feminino e incentivo para vencer preconceitos.

“Sempre rola aquela vergonha, as meninas andarem com os meninos nunca foi muita fácil. A ideia do coletivo é andar juntas, trazer mais meninas para andar juntas. Completamos três anos de coletivo. Todo mês fazemos um encontro para ter essa troca de experiência e ajudar as meninas que estão iniciando no skate. É uma união que a gente têm para quebrar essas barreiras”, explicou Ana.

Skate, Skate feminino
Ana Gorgen é cofundadora do coletivo feminino Pantaneiras Skate Girs (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

Andando de skate desde 2014, ela percebeu o peso que o grupo faz na vida das skatistas como um todo. “Eu observo que isso incentiva muito e tem uma grande influência na quebra de preconceitos. Os pais enxergam que uma menina pode andar de skate, e que tem pessoa boas do lado dela. O esporte proporciona um salto e muita coisa boa pra ela”, disse ela.

Ana também enxerga a Fadinha como um símbolo para todas as meninas que andam de skate no Mato Grosso do Sul. “Representa uma crença positiva que a gente pode alcançar. Ver ela dando show lá fora mostra que é possível chegar lá. Que não é impossível para uma menina andar em um nível de skate profissional. Ela representa a superação das crenças limitantes, uma grande conquista”, concluiu.

O evento

Com o objetivo de valorizar a cultura de rua através das experiências com o skateboard, o Campão Skate Fest – que faz parte da programação do Festival Campão Cultural – é um campeonato com diversas categorias, para todas as idades, com uma ótima estrutura e premiação em dinheiro.

Um incentivo para o protagonismo dos skatistas participantes para que possam se desenvolver e se destacarem na cena local e, quem sabe, no mundo. O campeonato que abrange todo o estado do MS, terá atrações artísticas, Dj, escolinha de skate para quem nunca andou, e o encontro com as Pantaneiras Skate Girls, coletivo que soma e incentiva mulheres a ocupar seu espaço no movimento.

O evento é realizado na pista de Skate do Parque das Nações Indígenas até as 18h deste domingo (09).

Skate, Skate feminino
Muitos aproveitam o evento para confraternizar e manter a tradição do tereré (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax)

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