Responsável por traduzir para os moradores os gráficos, mapas e números captados por satélites, os meteorologistas são consultados praticamente todos os dias, seja por aplicativos de celular ou reportagens que antecipam como estará o clima nas próximas horas. Mas você sabe como é o trabalho desse profissional? Confira nessa reportagem, em homenagem ao Dia do Meteorologista, detalhes dessa profissão.

A equipe do Cemtec-MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima do Estado do Mato Grosso do Sul) é composta por três profissionais atualmente. A coordenadora desde junho de 2021, Valesca Fernandes, de 36 anos, e mais dois colegas. Vinícius, que é meteorologista e marido dela, e Pedro, que cuida do banco de dados.

A equipe é responsável por fazer a previsão do tempo, monitoramento mensal das secas, condições meteorológicas do mês anterior, informativos pluviométricos e incêndios florestais em parceria com o Corpo de Bombeiros.

O Cemtec mantém parceria com outras instituições como o Cemaden, ANA (Instituto Nacional das Águas), Aprosoja (Associação dos produtores de soja e milho), Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Além de monitorar, profissionais fazem manutenção em estações

O grupo também produz conteúdos audiovisuais para redes sociais e veículos de comunicação. “Eu gravo áudios sobre a previsão do tempo que são distribuídos pelo governo estadual, acredito que são para mais de 200 rádios”, afirma Valesca.

Vinicius Sperling, que é marido de Valesca, além de fazer o monitoramento na sede do Cemtec, no Parque dos Poderes, em , viaja pelo Estado para realizar a manutenção dos aparelhos das estações meteorológicas. Mato Grosso do Sul possui 45 estações, sendo 17 do Cemtec e as demais do Inmet.

“Neste ano nós implantamos a ‘discussão de consenso' para reduzir os erros da parte subjetiva, corrigir falhas da previsão. Esse é um modelo nacional usado pelo Inpe e Inmet, por exemplo”, explica Vinicius. Antes da chegada dele, Valesca trabalhou por um tempo sozinha na operação do Cemtec.

Satélite da Nasa é usado para a previsão do tempo em MS

O Cemtec faz monitoramento atualmente com satélites da Nasa. A agência aeroespacial norte-americana envia as imagens para o Inmet, que faz a divulgação no Brasil. O centro de monitoramento estadual recebe informações do Satélite GOES 16 que possui sensor de raios.

“Este é o primeiro satélite a ter imagens a cada 10 minutos. Antes, com o GOES 13, se tinha um furacão nos Estados Unidos, nós recebíamos imagens a cada três horas. Então, hoje nós sabemos onde estão as chuvas e os raios praticamente em tempo real”, relembra o meteorologista.

A equipe de três pessoas do Cemtec trabalha em uma sala da (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), rodeada de algumas telas de computadores que fazem o monitoramento do tempo, mapas e de uma televisão que mostra as imagens do GOES 16.

Dados históricos e previsões

As informações dos satélites, estações meteorológicas e de radares são as ferramentas utilizadas para fazer o diagnóstico do tempo, como observar como ficou o tempo no dia anterior, como será o dia e as previsões para os dias ou horas seguintes.

Pedro, responsável pelo banco de dados, é acadêmico do 9º semestre de agronomia. Entrou há cerca de um mês na equipe e diz que tem gostado da experiência.

“No quinto dia útil de cada mês nós atualizamos as informações sobre as condições meteorológicas do mês anterior. Agora que está chovendo, nós atualizamos as tabelas e fazemos divulgação também”, ele relata.

Como é a profissão do meteorologista

A profissão de meteorologista, comemorada neste 14 de outubro, enfrenta dificuldades desde a formação. No Centro-Oeste, não existe faculdade e nos demais estados são poucas universidades que ofertam.

No mercado de trabalho, as vagas se limitam a poucas empresas, como centros de monitoramento privados, centros de governos estaduais, e, recentemente, empresas de energia têm contratado meteorologistas para acompanhar as condições do tempo para a disponibilidade de água.

Outro caminho possível é a área da pesquisa. Nesse caso, os profissionais são bolsistas de programas de pós-graduação. O valor da bolsa varia de acordo com o nível da especialização, mas sem recolhimento de INSS e FGTS, por exemplo. O pesquisador pode passar anos em dedicação ao estudo, mas não tem direito aos benefícios previdenciários.

Esse último foi o que aconteceu com a Walesca. Graduou-se em Pelotas (RS), fez mestrado em Maceió (AL) e terminou o doutorado em São José dos Campos (SP), o mesmo caminho seguido por Vinícius.

“Sempre gostei da área de exatas. Entrei por acaso no curso, tentei o na minha cidade natal e deu certo. Acabei gostando e me apaixonei pela profissão”, ela relembra.

Valesca trabalhou por 12 anos recebendo bolsas de estudo, que incluíram mestrado e doutorado, além do tempo que passou no Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). No currículo, ela acumula experiências em centros de monitoramentos 24 horas, área operacional, monitoramento de desastres naturais e de secas.

“A área que mais gosto é a operacional, ficar olhando as tempestades, chuvas e dar alertas, cada dia é uma tempestade diferente, eu curto mais”, afirma Valesca.

Ela mudou-se de Pelotas, a cidade natal, há de dez anos em razão da profissão e conta que a saudade dos familiares é diária. “Meus pais e a minha família estão lá, se pudesse ficaria mais perto. Eles vieram em setembro para Mato Grosso do Sul, toda vez que tenho oportunidade tento ficar perto deles”, relata.