Família de militar morto após treinamento irá processar Exército por negligência
Edilsio Morais da Silva Filho morreu aos 18 após passar mal durante treinamento para oficias
Arquivo –
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A família de Edilsio Morais da Silva Filho irá procurar a Justiça para responsabilizar o Exército Brasileiro pela morte do militar, após passar mal durante um treinamento no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, em Aquidauana, a 176 quilômetros de Campo Grande.
Segundo o tio, Jean Ricardo Brites de Assunção, a família está em luto e recuperando forças para abrir processos e sindicâncias sobre a morte do sobrinho. “Estive falando com minha cunhada mãe da vítima, ela disse que pretende abrir um processo contra o Exército e outro contra os militares responsáveis”.
Para os familiares, a equipe de preparação arriscou a vida do rapaz por expor o militar a rotina exaustiva e punições. Após o dia de treino, Edilsio teve que escrever uma redação de 50 linhas durante a madrugada, por ser punido ao usar uma meia costurada e atraso para entrar em formação.
Conforme dados do boletim de ocorrência registrado a partir de depoimento de um militar do Exército, os candidatos do curso de formação para o quadro de oficiais temporários se apresentaram no dia 14. Naquele dia 16, o treinamento teria iniciado às 6 horas e, após o café da manhã, aconteceu o treino físico com término às 8h21, num total de 41 minutos de treino.
Em seguida, a turma foi liberada para banho e troca de roupa para instrução teórica em sala. Foi neste momento que o militar foi informado de que Edilsio deixava o alojamento em direção à guarda do Batalhão, vestindo apenas cueca. “Apresentava-se eufórico e ao mesmo tempo certo estado de confusão”, consta no registro.
O militar foi abordado por um sargento, que conseguiu auxílio para que ele fosse encaminhado até o ambulatório. De lá, foi transferido ao hospital municipal, onde deu entrada às 10 horas. Ele acabou falecendo às 21 horas.
Punições
Por meio de mensagens e ligações para a mãe, o militar Edilsio Morais da Silva Filho, de 18 anos, contava a rotina exaustiva do Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva do 9º Batalhão de Engenharia de Combate. O rapaz levou punição até mesmo por meia costurada e conseguia dormir apenas 1h por dia.
O rapaz seguiu para permanecer em regime de internato no Núcleo de Preparação na última segunda-feira (14). Desde então, como de costume, falava com a mãe para contar como foi o dia e manter o contato. Logo de início, ela ressaltava a preocupação. Por conta do longo tempo do treinamento, ele dizia que só conseguiria falar com ela a partir das 22h.
“Oi, mamãe. Acabei de tomar banho e lavar a roupa. Hoje foi ‘doido’, teve um momento em que me deram 30 segundos para ir no alongamento (corretor do celular da vítima alterou a palavra que seria alojamento) e voltar para formação. Atrasei um segundo e me mandaram fazer uma redação de 50 linhas”, disse o rapaz em mensagem.
Às 2h20 da madrugada de terça-feira (15) ele diz que precisa dormir para acordar às 3h30 e fazer a faxina no batalhão. “Volto 10 horas novamente. Beijos, te amo”.
A mãe se preocupou com o descanso dele e questionou: “Você pode dormir agora?”. Mas ele responde: “Não, tenho que fazer outra redação agora de 50 linhas. Uma das meias que a senhora bordou estava rasgada, eles viram e tomei punição”. Ela em seguida ordena: “Faz logo e vai dormir”.
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