Modinha entre jovens de MS, cigarro eletrônico é mais tóxico e viciante que convencional

Vendedora, usuário e médico pneumologista apresentaram as suas perspectivas sobre o tema

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Cigarros eletrônicos
Cigarros eletrônicos

Nesta semana, o debate sobre o uso do cigarro eletrônico retornou ao noticiário Brasileiro, após um homem ter o pulmão perfurado e ficar internado. Em Campo Grande, o Jornal Midiamax foi às ruas da cidade para ouvir as diversas perspectivas sobre o vício e o produto ilegal. Foram entrevistados uma representante do setor, um usuário e um especialista em saúde.

No centro da Capital a responsável, de 28 anos, por uma tabacaria — que preferiu não se identificar — afirma que mesmo não vendendo mais o produto, a procura é grande. “A maioria é de jovens. Tem pais que vinham com adolescentes de 15 e 16 e compravam para os filhos. E também tem muitas pessoas que pararam de fumar e começaram a usar o Vaper ou POD”, disse ela.

Mesmo vivendo do ramo, ela enxerga um perigo claro no uso sem moderação do cigarro eletrônico. “Acho que os pais que vêm comprar com os filhos não têm consciência do que estão fazendo, ele engana porque é muito gostoso, no cheiro e sabor. Creio que [o uso] tem que ser moderado, é um vício novo e acho que virão novas doenças”, ressaltou.

O publicitário Iago Drumond Machado, de 25 anos, é ex-fumante do cigarro tradicional e um consumidor esporádico dos cigarros eletrônicos. Conforme a sua experiência pessoal, ele explica que o discurso sobre o Vaper e POD serem menos nocivos são incompatíveis com a realidade.

Iago Drumond Machado (Foto: Stephanie Dias / Jornal Midiamax)

 

“Faz mal ‘velho’, eu trabalhava em uma empresa de tabaco e apreendi bastante sobre. É uma fumaça que você está colocando dentro do seu pulmão, querendo ou não. São maneiras diferentes de agredir o seu pulmão, mas falam isso para aliviar a consciência. Só tem um nome bonito, mas é cigarro do mesmo jeito”, testemunhou.

Por que fumamos?

Questionado sobre o fato do cigarro eletrônico ter se tornado um produto popular entre os jovens, e muito comum nas festas e rodas de conversa, ele comentou. “Eu não posso dizer que o uso é por ostentação. Mas está na moda e é mais aceitável. O cigarro comum as pessoas já entendem que faz mal, é um vício, tem as leis que falam disso. As pessoas mais novas já o descartaram. O POD é mais atual, mais bonito, cheira bem e se tornou mais atrativo. Não tem uma propaganda do lado falando que faz mal”, explicou.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, o especialista em pneumologia, clínica médica e professor da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul), doutor Henrique Ferreira de Brito, esclareceu as consequências sobre o uso de cigarros eletrônicos.

“Qualquer tipo de dispositivo eletrônico para fumar, incluindo cigarros eletrônicos e todas as suas gerações, todos eles são nocivos e têm a capacidade de causar doenças pulmonares. Irritações de maior ou menor grau, ou inflamação muito grave nos pulmões e diferentes graus de pneumonia, além da piora de doenças alérgicas como bronquite e asma. O uso também aumenta o risco de infarto, arritmia, hipertensão, doenças vasculares e cancerígenas”, explicou.

Henrique Ferreira de Brito é médico e professor da UFMS (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Mais nicotina que o cigarro convencional

A crença de que os cigarros eletrônicos são menos ofensivos circula entre alguns usuários, mas não condiz com os fatos científicos. “Essa crença de que esses aparelhos têm uma fumaça inofensiva é um mito. É uma fumaça limpa? Não é. É um vapor com várias substâncias e entre elas a nicotina, a função dela é viciar e por isso o fabricante as coloca. Ele não vende o dispositivo, ele vende a nicotina e vicia o usuário com ela”, explicou.

A composição desses produtos também foi destrinchada pelo especialista. “Pelo fato da nicotina ser inalatória, o cigarro eletrônico vicia mais rápido. A substância vai para os pulmões, para o sangue arterial e rapidamente está no cérebro. Os níveis de nicotina são maiores do que no cigarro convencional. Sua capacidade de gerar dependência é ainda maior, ele possui aditivos que potencializam esse efeito de dependência. A Indústria faz tudo para o usuário criar uma dependência. A nicotina não tem só a função de causar vício, ela também tem o potencial de causar câncer. Para essa substância não existe nível seguro de consumo”, finalizou.

Fiscalização em Campo Grande

Questionada sobre a venda ilegal desse produto nas dependências do município, a PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande) informou que a fiscalização do comércio de cigarros eletrônicos e produtos similares deve ocorrer em parceria entre a Vigilância Sanitária e Polícia Federal, uma vez que estes são proibidos e, assim, todo e qualquer produto do gênero que está sendo comercializado no município é fruto de contrabando, não cabendo à Vigilância Sanitária fazer o recolhimento do material, uma vez que se trata de um flagrante de crime federal.

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