‘Destruiu minha família’, diz filha de Belquis, morta há um ano em acidente no Centro de Campo Grande
Jornalista que dirigia carro que causou acidente aguarda data para ser julgado
Mirian Machado –
Há um ano a família de Belquis de Oliveira Maidana vive o luto e vazio de diversas formas. Belquis morreu em um acidente de trânsito cruzamento da Rua Antônio Maria Coelho com a Rua Bahia em Campo Grande. Ela estava em uma motocicleta com o marido, quando foram atingidos pelo jornalista Guilherme Pimentel que dirigia carro oficial do Governo do Estado.
Filha de Belquis, Natanie Oliveira, relembrou o quanto a mãe a ajudava e a falta e sente há 365 dias. “Como eu tenho 5 filhos, tenho que ter força por eles, mas não foi fácil esse primeiro ano de muitas lembranças e saudades dela. Os meus filhos perguntam dela, é na hora que eu desabo no meu canto”, contou.
Natanie disse que estava grávida na época e que teve medo de ter depressão pós-parto, por isso teve ajuda com acompanhamento médico. “Ela era nosso apoio total”.
A avó de Natanie ainda chora muito a falta de Belquis. “Estou tentando seguir com a vida. Fico pensando que ela está bem, mas a saudade é enorme”, disse.
O marido de Belquis, padrasto de Natanie também ficou ferido no acidente. Ele pilotava a moto que levava Belquis para o trabalho extra que faria naquela manhã. “Ela estava lutando para ter tudo novo na casa nova dela, por isso estava indo naquele dia fazer hora extra”.
Marido ainda sente falta
O viúvo está morando na casa que era do casal. Segundo a enteada, ele tem recebido apoio das irmãs dele. “Ainda está muito abalado. Chora muito. Eu não consigo ir muito na casa deles, pois não consegui nem mexer nas roupas dela ainda, pois a dor é muita”, lamenta.
Ela comentou ainda que não viu o jornalista, motorista que causou o acidente. Ele trabalhava no Governo do Estado. Mas segundo a filha da vítima, nem ele, nem o Governo entrar em contato para oferecer alguma ajuda.
O que a deixa indignada é que mesmo com sinais de embriaguez constatado pela polícia e bombeiros no dia do acidente, a defesa teria conseguido descartar a embriaguez ao volante.
“Tinha várias testemunhas. Para mim a pessoa que bebe e pega o veículo sabe do seu perigo. Ainda mais furou sinais e estava em alta velocidade, ele sabia que ia dar ruim ou acho que só tinha ele pelas ruas, isso não se faz ele destruiu minha família e agora está tentado provar que não estava bebendo sendo que foi achado papéis de que passou o cartão em bares, horas antes. Infelizmente tem muito disso em Campo Grande, a lei devia ser mais rigorosa, pois pagou e saiu porque tem dinheiro e o governo também ajudou para limpar sua barra”.
Belquis trabalhava de segunda a sexta, mas estava a caminho do serviço para fazer hora extra, a pedido do patrão, por conta do fim de ano.
Revolta dos familiares
Na época a filha havia contado que foi a mãe quem comprou o enxoval do neto, que nem viu nascer, e que a mãe sempre ligava próximo das 7h, mas no dia do acidente ela não ligou. A filha então passou a enviar mensagens e fazer ligações tanto para a mãe como para o padrasto, sem retorno. Ela chegou a ver uma matéria do Midiamax, sobre o acidente, mas não sabia que era a mãe.
Então, Natanie ligou para o serviço de Belquis, que ficava a duas quadras do acidente, e informaram que a vítima ainda não havia aparecido. Por conta disso, o patrão de Belquis foi até o local do acidente e reconheceu a funcionária.
“O maior pânico dela era o trânsito de Campo Grande, desde que ela veio de Aquidauana para cá, há 15 anos. Minha maior tristeza é nem poder me despedir dela sem ver o rosto”, disse. O velório foi a caixão fechado por conta da quantidade de ferimentos.
“A gente acha que só acontece essas coisas na periferia, mas aconteceu no Centro e ainda envolvendo um funcionário público embriagado com o carro na mão. Pessoas disseram que viram ele a 100 km/h na Rua Bahia. A gente quer Justiça”.
Sobrinha de Belquis, Luana Maidana, de 27 anos, explicou que a família está revoltada, não só pelo acidente. “Até agora ninguém do Estado entrou em contato com a família, nem a família do rapaz. A gente precisa de um retorno do Estado. Ela era nosso porto seguro”, disse.
O casal havia comprado uma casa financiada a menos de um ano. “Agora ele vai ficar desamparado”, lamentou.
Acidente
O jornalista, na época nomeado na Segov (Secretaria Estadual de Governo de Mato Grosso do Sul), Guilherme Pimentel, foi preso em flagrante devido ao acidente.
Guilherme estava na casa de seu companheiro às 5h30 da manhã do dia 9 onde os dois beberam vinho e logo depois o assessor saiu dirigindo o Toyota Etios, quando acabou ocorrendo o acidente na Rua Antônio Maria Coelho quando bateu contra a motocicleta Honda Biz, de cor azul, no cruzamento com a Rua Bahia.
Foi constatado que ele estava a 73km/h, velocidade acima do limite permitido para a via, avançou o sinal vermelho e acertou a moto do casal, que chegou a ser arrastada por cerca de 25 metros, lançando as vítimas ao chão. O piloto da motocicleta foi socorrido em estado grave para a Santa Casa e passou por cirurgia.
Quando os policiais chegaram ao acidente, o jornalista apresentava olhos vermelhos, odor etílico, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Também no local, foi constatado pelos policiais que o veículo Toyota Etios é oficial do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, pertencente a Agesul, o que foi confirmado por um servidor público o qual se apresentou como funcionário da secretaria de governo do MS, informando que o jornalista é lotado na secretaria e que confirmando que o veículo é oficial, ficando responsável pelo mesmo e pelos pertences que estavam dentro do veículo.
Guilherme foi ouvido e alegou que no final da noite de sexta-feira (8) e no início da madrugada de sábado (9), teria bebido vinho com seu companheiro, pernoitando na residência de seu companheiro até por volta das 05h30, quando teria saído com o veículo oficial, alegando que teria escala de plantão na Segov. Ele foi preso em flagrante.
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