Com particulares pagando mais, prefeituras de MS têm dificuldades para ampliar equipes de UTI
Para sindicato, problema vai além do salário e também está focado em condições de trabalho
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Após 12 meses de pandemia, com aumento de casos e número de intubações nas últimas semanas, a demanda de profissionais de saúde aumentou tanto no serviço público como também na área privada e, com esse aumento, algumas prefeituras de Mato Grosso do Sul relatam dificuldade de competir com os preços ofertados por alguns hospitais particulares ou de outros estados.
Em conversa com o Jornal Midiamax, o prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo (Psol), afirma que o município enfrenta um problema de concorrência ao contratar profissionais de saúde.
“Nós pagamos R$ 14 mil por mês para um médico intensivista (que atuam em UTIs), alguns hospitais particulares da região estão oferecendo R$ 50 mil para o profissional que atua com pacientes Covid, e ainda temos a concorrência de prefeituras do interior de São Paulo”.
Para João Alfredo, essa diferença de preços é o maior obstáculo para reforçar o atendimento aos pacientes com Covid-19 no município. “No setor público você tem limitações, a gente pode pagar aquilo que a lei te dispões, isso acaba gerando essa impossibilidade de contratar mais médicos nesses municípios”, explicou.
O prefeito de Nova Andradina, José Gilberto Garcia (PL), explica que o município paga R$ 15 mil mensais médicos intensivistas, valor que, segundo o prefeito, é abaixo do que pagam algumas prefeituras do interior de São Paulo.
“O meu ‘concorrente’, digamos assim, é um hospital particular aqui da região, que não paga muito acima do que nós (prefeitura) pagamos, mas estamos próximos de São Paulo e lá as prefeituras e hospitais pagam muito mais”, disse.
Segundo o prefeito, a falta desses profissionais no mercado somado com o baixo poder econômico dos municípios impede que a prefeitura abra novos leitos de UTI. “Hoje temos oito (leitos UTI), com uma equipe sólida, queremos abrir mais dois, só que precisamos de uma segunda equipe e não achamos profissionais para montá-la”, disse.
A prefeita interina de Sidrolândia, Vanda Cristina Camilo (PP) acredita que a dificuldade em contratar médicos intensivistas vai além do valor dos salários, “os médicos não querem vir para o interior, eles calculam a gasolina, o tempo de trajeto e optam por continuar na capital”.
“Nós chegamos a realizar um concurso e convocamos 10 profissionais de saúde, mas nenhum compareceu para assumir o cargo”, comentou.
O problema não é o salário
Segundo o presidente do SinMed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Dr. Marcelo Santana Silvara, essa dificuldade encontrada pelas prefeituras do interior vai muito além do salário.
“Não existe uma verdade concreta que prefeituras do interior de São Paulo paguem mais do que as de Mato Grosso do Sul, na verdade algumas prefeituras aqui do Estado pagam mais do que o salário vizinho”, comentou.
Para Silvara, o principal motivo para o problema enfrentando é a falta de condições de trabalho adequadas que algumas prefeituras do interior de MS oferecem aos profissionais de saúde.
“Muitos locais, os médicos não possuem materiais suficientes para trabalhar, outras sempre atrasam pagamentos, isso deixa o profissional muito inseguro. As prefeituras têm a obrigação de organizar a área da saúde e garantir uma forma solida de trabalho para esses médicos”, disse.
O presidente do SinMed-MS disse que esse é o principal fator que torna a área particular mais atrativa, sem descartar os maiores salários, ele afirma que as condições de trabalho oferecidas são muito melhores do que as públicas.
“Por exemplo, é muita responsabilidade assumir um plantão em um local que o médico não terá condições trabalho. As prefeituras precisam entender que para o profissional permanecer na cidade é preciso oferecer muito além do salário, mas também equipar os hospitais”, comentou.
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