Com fim do auxílio e em um ano de pandemia, comércio nos bairros de Campo Grande amarga queda
Há exatos 56 dias, contando todo o ano de 2021 até o momento, o auxilio emergencial deixou de ser pago aos brasileiros, o benefício que auxiliou a população durante a pandemia chegou ao fim. Apesar de pouco tempo sem os pagamentos, o fim do benefício já reflete no comércio de Campo Grande, mesmo comércio que, […]
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Há exatos 56 dias, contando todo o ano de 2021 até o momento, o auxilio emergencial deixou de ser pago aos brasileiros, o benefício que auxiliou a população durante a pandemia chegou ao fim. Apesar de pouco tempo sem os pagamentos, o fim do benefício já reflete no comércio de Campo Grande, mesmo comércio que, há poucos meses, via uma ‘luz no fim do túnel’ com o pagamento do auxílio e a maior procura nos bairros.
Com a diminuição do poder de compra, a população precisou ‘apertar o cinto’, afetando do vendedor do bairro ao lojista do centro. Foi o caso do Valdomiro Passos, proprietário de uma loja de matérias de construção no bairro Moreninhas, que estava animado com as vendas há poucos meses.
Em entrevista ao Jornal Midiamax, realizada em julho de 2020, Valdomiro se mostrava contente com as vendas. Ciente de que o momento passado era de sensibilidade e sem esquecer do sofrimento causada à muitos pela pandemia, ele dizia que seus lucros até mesmo aumentaram com o “fique em casa” e o auxílio emergencial.
Para ele, era um misto de fatores, as pessoas com medo de se exporem procuraram fazer suas compras no bairro, e com a renda segura do auxílio, acabaram por comprar. “O morador passava na Caixa, sacava o auxílio e já ia direto no mercado fazer uma comprinha, passava aqui comprar uma torneira, um chuveiro, porque eles sabiam que no próximo mês iriam receber novamente, mas agora…”, comentou relembrado os meses de alta.
Valdomiro conta que, apesar de não ter números concretos, estima uma queda de 50% nas suas vendas. “O nosso produto já não é algo essencial, como comida e remédio, então a pessoa que ganha pouco não vai comprar aqui e ainda com o fim do auxílio, muita gente ficou sem renda, isso não prejudica só o cara que parou de receber, mas todos ao reder, o vendedor, o dono do comércio, todos”, comentou.
Opinião que Valdomiro não carrega sozinho, isso porque Luana de Oliveira, vendedora em uma loja de sapatos, também notou a diferença nas vendas no local onde trabalha.
Também em julho do ano anterior, explicou que as vendas caíram com a chegada da pandemia, mas o auxílio era um dos fatores que fizeram com que o impacto não fosse tão grande, mas após os 56 dias sem o benefício, já está sentindo a diferença.
“Geralmente em janeiro as vendas são menores, mas ainda não melhorou como esperávamos, no ano passado nós tivemos uma queda, mas o auxílio ajudou com que o fluxo desse uma normalizada, mas agora está muito parado, as vendas caíram lá embaixo”, comentou.
“Sapato já é uma coisa que não compramos todos os dias né, ainda mais sem dinheiro, vai lá embaixo na lista de prioridades”, finalizou Luana.
E para quem imagina que as quedas ocorreram somente em produtos não essenciais, está um pouco enganado, é o que diz Edigar Martins, proprietário em uma loja de vendas e reparos de celular, e “hoje em dia podemos dizer que celular é algo praticamente essencial”, disse ele.
“Aqui a queda dos lucros caiu muito, já dá para colocar em uns 50% nesse mês, ninguém quer fazer reparo, que está nos salvando é a venda de assessórios, que são baratos, você compra um fone ou carregador por R$ 15 ou R$ 20, agora o reparo de uma tela vai sair no mínimo R$ 150, celular novos são cerca de R$ 400”, explica Edigar.
Pagando o aluguel do estabelecimento, o proprietário conta que não está no vermelho, mas o lucro é mínimo. “Tomara que o auxílio volte, talvez assim os lucros voltem a crescer, agora está bem complicado”, finalizou.
Poucos metros à frente, uma pequena loja de roupas infantis, colorida e bem arrumada, alguns jeans adultos destoam da decoração no local. “Ah essas roupas eu coloquei para ver se tem saída né, ver se dá uma melhorada nas vendas”, comentou Camila Silva, proprietário do local.
Sentando em seu estabelecimento, na espera por um cliente, é possível notar um certo descontentamento, quando aqueles que entram querem fazer perguntas e não compras, mas educada e receptiva ela comenta como o fim do benefício federal prejudicou o começo de ano, que já é difícil.
“Ano passado estava vendendo bem, aí chegou janeiro, que já um mês de baixa, mas pessoas gastam no fim de ano, aí chega os impostos, roupa de bebe fica em segundo plano, sem o auxílio ainda, aí que as vendas caem de vez”, explica.
Sem certezas do futuro, Camila conta que não está no vermelho, as ainda fomenta a esperança da volta do benefício para que a loja “volte aos trilhos”.
Nem o centro escapa
De acordo com a CDL/CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), o término do auxílio emergencial impactou negativamente no varejo, com quedas nas vendas.
“Consumidores como as donas de casa, que assumiam pequenas parcelas e estavam constantemente fazendo a aquisição de produtos, sumiram das lojas. Eram consumidores que possuíam uma certa regularidade e agora estão evitando comprar, como faziam antes”, comentou o presidente da CDL CG, Adelaido Vila.
Adelaido ainda ressaltou que com o fim da do auxílio emergencial outras consequências ocorreram. “Muitos consumidores não conseguiram pagar suas contas e com isso houve um aumento na inadimplência”.
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